
Hoje vamos conhecer mais a respeito do vestuário para mulheres nobres no reinado de Henrique VIII. Para iniciarmos, é importante notar como a silhueta feminina é retratada de forma cónica ou triangular, enquanto a masculina era grande e quadrada. Para os homens e mulheres da nobreza, os tecidos eram ricos e luxuosos, com as mais finas sedas e cetins e os melhores linhos e veludos.
Cada adorno usado na roupa contribuia ao conjunto completo. Para os olhos modernos, o número de camadas usadas pode parecer excessiva, porém elas todas eram necessárias para um bom conjunto final.

Vestuário Tudor:
Então, quais eram as roupas e camadas usadas pelas mulheres no período Tudor? Na verdade, o número mínimo de camadas usadas eram quatro: a bata (ou chemise), a anágua, o Kirtle(ou túnica) e o Gown (ou vestido). Dependendo do local no reinado de Henrique VIII, outras camadas, tais como o farthingale, forepart e o Partlet também eram usadas. O capelo seria o toque final.
Bata (ou chemise):

Era uma questão de honra e respeitabilidade ter roupas íntimas limpas, portanto todos buscavam ter uma quantidade suficiente para trocar durante a semana. Quanto mais alta a posição ou status de uma pessoa, mais roupas ela teria disponíveis.
A bata para os mais nobres, era feita de um linho muito fino, sendo ele o mais branco possível. Os decotes e punhos poderiam ser bordados em branco, preto ou vermelho com estilos que iam do exuberante ao simples.
No início do período Tudor, o decote era geralmente quadrado à fim de seguir a linha do corpete, porém mais tarde uma gola alta com um pequeno colarinho pregueado seria usada e reforçada durante o período elizabethano, tornando uma das marcas registradas da época. As mangas teriam conforme mostra a figura, um punho estreito, podendo as vezes conter pequenos babados ou rendas.
Anágua:
“… Uma anágua escarlate, com o colã superior de carmesim e tafetá …”
– Conta do guarda-roupa real da rainha Maria Tudor. 1554.
O termo tem origem francesa “pettitcoat” e foi usado tanto por mulheres quanto por homens. A anágua feminina era uma saia que podia ser estendida para a parte superior do corpo como um colã. Ninya Mikhaila do “The Tudor Tailor” diz que o corpete poderia ser mínimo, visto principalmente nas costas e ao lado do corpo, a parte da frente, seria uma estrutura que daria apoio a saia, permitindo o uso mínimo de tecido.
A anágua podia ser branca ou vermelha, que na época era considerada uma cor saudável, idéia esta que perduraria até o século XIX.
Kirtle/túnica:

“4,5 metros de cetim branco para um kirtle.
e 1,8 metros*(apróx.) de tecido vermelho para a base do kirtle “.
– Junho de 1533. Iventário do vestuário para a Coroação da rainha Ana Bolena.
Cartas e Documentos, estrangeiros e nacionais – Henrique VIII, Vol. 6.
O kirtle ou túnica, era uma roupa com finalidade de dar apoio ao busto, criando a famosa silhueta tudor. Ele era usado sobre a saia e à partir de 1540, sobre o farthingale. O corpete do kirtle era endurecido, geralmente com entretelas (um tipo de linho endurecido, que poderia ter um endurecimento adicional com uma espécie de goma, feita a partir de uma mistura de farinha de amido) e detalhes na parte de frente e de trás. O corpete do Kirtle não possuía nenhuma ligação com o moderno ou vitoriano, possuindo uma forma diferente para a cintura e tronco.
Gown/vestido, e mangas:

“… Um vestido de cetim vermelho, para ser forrado com tecido de ouro …”
– Coroação da rainha Ana Bolena. Inventário do Vestuário. Junho de 1533.
O gown, seria o que conhecemos hoje por vestido, era uma das poucas peças que poderia ser vista em sua totalidade por outras pessoas, enquanto a bata e a anágua ficavam escondidas, sendo classificadas como roupas íntimas. O kirtle era geralmente sobreposto pelo vestido, sendo normalmente só era visto na parte acima do decote.
Como o vestido seria a parte mais visível do vestuário Tudor, era nele que os tecidos mais suntuosos e exuberantes eram usados, tais como tapeçarias, veludos, tecidos com ouro, entre outros… Quanto mais alta sua posição, mais trabalhado e caro seria seu tecido.
As mangas no século XVI, eram mangas amplas, hoje conhecidas como ”mangas trombeta” devido ao seu formato, pois começavam justas no braço, alargando conforme sua extensão. As mangas eram uma peça à parte do vestuário tudor, elas eram colocadas após a mulher estar quase toda vestida, sendo algumas vezes amarradas por fitas, abotoadas ou fixadas nos braços, geralmente seguida pelas famosas mangas de pêlos, muito usadas pelas mulheres na França e Inglaterra.
Capelos:

Os capelos mais conhecidos pela maioria são o inglês (Gable Hood ou capelo de empena) e francês, os mais populares durante o reinado de Henrique VIII, que tiveram suas primeiras versões à partir da segunda metade do século XV. Acima vemos o Capelo francês, o famoso capelo de Ana Bolena. É um erro comum acreditar que foi Ana que introduziu este capelo à corte inglesa, sendo que conforme podemos ver na imagem acima, sua antecessora Catarina de Aragão, assim como Maria, a irmã de Henrique, já eram adeptas ao uso deste capelo (Catarina entretanto, preferia o inglês).

O capelo francês:
O capelo francês é caracterizado por sua forma arredondada, em contraste com o angular capelo “Inglês”. Ele era usado sobre uma touca, e um véu negro era conectado à parte posterior. A parte da frente era sempre visível. É semelhante ao kokoshnik russo, embora não possuam nenhuma ligação. Uma variação do capelo francês, denominado capelo francês quadrado também foi muito usada na época do reinado de Maria I, que era uma junção dos capelos inglês e francês.
O capelo Inglês:
O capelo inglês, ou Capelo de empena, foi um tipo de Capelo usado pela mulher inglesa de 1500-1550, assim denominado, pois sua forma pontiaguda lembra a empena de uma casa. O Capelo francês contemporâneo possuia um cortono geral arredondado.
Originalmente era um simples capelo pontudo, com painéis laterais decorados chamados lóbulos e um véu na parte de trás, com o tempo o capelo inglês tornou-se uma complexa construção endurecida com entretelas, com uma volta em forma de caixa e dois tubos em forma de véus pendurados em ângulos de 90 graus; os véus de suspensão e lóbulos podem ser presos em uma variedade de maneiras, para torná-los mais complexos e elaborados.



Para ter uma vestimenta Tudor completa no século XVI, isso culminaria no trabalho de inúmeros artesãos especializados e comerciantes, assim como comerciantes de seda aos têxteis, dos alfaiates às Costureiras, das bordadeiras aos chapeleiros.
Os retoques finais eram feitos por um mestre ourive. Pérolas e jóias de ouro maçiço eram usadas como pingentes ligados a colares e gargantilhas, ou broches na frente de um corpete, como em decotes, capuzes e detalhes nas mangas.
Vamos entender mais sobre o vestuário masculino em: Roupas masculinas no período Tudor.
Fontes:
Tudor Wiki: AQUI
Six Wives: AQUI
The Anne Boleyn Files AQUI
Quanto conhecimento existe em uma simples peça de roupa.
Parabéns pelo post! Uma bela pesquisa.
Obrigada, fico feliz que tenha gostado!
Seja bem-vinda!=)