
Como já haviamos visto os Tudors eram geralmente aceitos como tendo uma ligação com sujeiras e doenças, porém tentavam sempre manter suas casas limpas. O que não era uma tarefa fácil, considerando que a maioria das casas tinham pisos de terra, que eram de dificil manutenção e estavam sempre empoeirados. Utensílios domésticos como pratos e tigelas eram geralmente feitos de madeira, posando outro desafio para as donas de casa que precisavam mantê-los limpos, sem a ajuda dos produtos de limpeza atuais.
Se você fosse rico, provavelmente teria piso de pedra e utensílios de estanho, mas seus empregados ainda teriam de limpá-los com os mesmos materiais que qualquer Tudor, independente de sua classe social teria a sua disposição.
O trabalho de uma dona de casa Tudor era difícil. Mesmo antes de iniciar suas tarefas ela precisaria localizar um suprimento adequado de água e pelo fato da água ser pesada para o transporte, muitas tarefas diárias teriam sido realizadas fora de casa até mesmo no inverno. Isto também eliminaria os problemas associados com a eliminação da água residual. Ao contrário de hoje, não havia ralos dentro de casa na qual a água suja pudesse ser eliminada e por isso tinham de carregar a água residual para fora de casa para “sumidouro” ou um buraco no solo.
Alison Sim afirma que um dos trabalhos mais básicos que uma dona de casa Tudor tinha que fazer era lavar louças. O que teria sido um trabalho bastante demorado em vista que tudo, (desde vasilhas de leite a talheres) teria de ser lavado.
Hoje podemos usar detergentes para esta tarefa em particular, mas os Tudors normalmente usavam areia de rio afiada. Alison também descreve como uma planta conhecida como cavalinha (Equisetum telmateia) também foi usada para limpar qualquer coisa desde de madeira a armaduras. Esta planta foi um importante agente de limpeza Tudor.
Se lavar louças já parece exaustivo, imagine lavar roupas! Se você pudesse pagar, contrataria uma lavadeira, pois este era um trabalho muito mais demorado.
Como já mencionado na primeira parte deste artigo, os Tudors tomavam bastante cuidado em garantir que sua roupa estivesse sempre limpa, uma vez que isso era sinal de respeito. Todos tentavam trocar suas roupas diariamente, os mais ricos mudavam várias vezes ao dia, mas não era apenas para essa finalidade que era necessário lavar roupas. Toalhas e lençóis também necessitavam ser lavados e muitas eram limpos por um processo denominado “bucking”. Alison Sim descreve o processo em detalhes:
“Era uma grande banheira, mais parecida com um barril, que se sustentava sobre um suporte que a elevava a um pé do chão. Ela tinha uma torneira cerca de um centímetro acima do fundo. Uma banheira de madeira rasa era colocada sob a torneira. Encher a banheira era uma tarefa bastante complicada, pois a roupa tinha de ser dobrada e colocada de forma que a água derramada atravessasse toda a roupa e assim a água suja não manchasse o material. Varas eram colocadas entre o feixe das roupas, de modo que a água pudesse passar livremente.”
Uma vez que a banheira fosse cheia com roupas, ley seria derramada no barril. Esta “solução alcalina forte” era feita para fazer a água passar através de cinzas limpas de madeira ou de samambaias secas.
Uma vez que a roupa fosse deixada de molho, o ley seria dispersado através de uma torneira no fundo da banheira e em seguida, as roupas seriam viradas. Uma vez que a sujeira fosse dissolvida, a roupa era lavada em água corrente e se necessário “também branqueada ao sol e vento, colocando-a no chão ou sobre um arbusto e molhando-a repetidamente”. Este elaborado processo era executado diariamente!
O Bucking era excelente para materiais mais resistentes, mas o delicado tecido usado pelos mais ricos não poderia ser exposto a tal processo. Ao invés disso, poderia ter sido lavado com água e sabão.
O “sabão-negro”, como era conhecido, tinha consistência “gelatinosa” e era feito com gordura fervente e soda cáustica. Quando armazenado em barris parecia negro, por isso seu nome. Alison Sim afirma que o sabão gerava uma indústria de grande escala no século XVI, o que sugere que a maioria das pessoas compravam seu sabão ao invés de fazê-lo.
A lavadeira de Henrique VIII, Anne Harris, usava sabão para executar suas tarefas de lavagem reais, conforme registrado nas contas financeiras da época.
Anne Harris, a lavadeira do Rei lavava suas toalhas de mesa e toalhas e fornecia ervas para manter a roupagem perfumada. Ela recebia 10 libras por ano, o que era um bom salário, mas foi afirmado muito especificamente que ela devia fornecer seu próprio sabão. ”
Os deveres da lavadeira não terminavam por ai. No século XVI roupa limpa era um sinal de respeito, mas linho branco era um sinal de riqueza. Quanto mais branco o linho, mais rico o proprietário. Se você pudesse pagar, você compraria sua roupa já branqueada, mas se não pudesse, compraria “não-branqueada” que era uma cor creme-acinzentado e só seria transformada no cobiçado linho branco por branqueamento repetido.
Mas o que os Tudors usavam como alvejante? Eles usavam urina humana. O processo de branqueamento era semelhante ao processo bucking, só que ao invés de adicionar ley era adicionado lixívia.
A roupa secaria sendo espalhada no chão ou colocada sobre um arbusto. No inverno tal tarefa seria bastante desafiadora.
Outra tarefa igualmente desafiadora teria sido cuidar dos luxuosos tecidos encontrados nos armários dos ricos. Além de linho muito fino, tecidos como o veludo, seda e até mesmo linho de ouro necessitariam limpeza. Uma rica roupa Tudor muitas vezes tinha bordados, o que era uma dor de cabeça extra e tapeçarias finas que decoravam as paredes das casas ou a pele que era usada nas roupas no inverno.
Os itens de lã eram escovados e sacuididos semanalmente para manter as traças fora e peles que haviam endurecido eram salpicadas com vinho, deixadas para secar e em seguida, esfregadas até ficarem macias.
A Remoção de manchas de tecidos finos também era um trabalho difícil e Alison Sim acredita que existiam tantas formas alternativas de tratamento de manchas que sugere que era o caso de tentar apenas uma vez, ou seja “acertar ou errar”.
Um exemplo de uma instrução encontrada no ”O livro rentável de remédios aprovados” sugere que tanto para lavar seda quanto ouro deve-se aquecer a água, adicionar sabão permitindo que derreta e em seguida, uma vez que a água esteja quase fria, lavar as roupas. A peça deve ser então seca e estabelecida entre camadas.
Remover manchas de graxa das roupas é bastante difícil hoje em dia. Mas no passado nossos modernos removedores de manchas seriam inúteis quando se trata de remover manchas tais manchas. Então, o que os Tudors faziam? John Partridge recomendava o uso da água em que as ervilhas foram encharcadas e seu lvro sugere a aplicação do sabão de Castela com uma pena limpa.
É claro que como hoje, ao se tratar da remoção de manchas, haviam muitos conselhos para escolher. Se o conselho realmente funcionava era uma questão completamente diferente.
Ou seja de fato, a dona de casa Tudor tinha um trabalho bastante cansativo!
Próximo artigo- Higiene Tudor- Parte 3 – Higiene Pessoal.
Fonte:
Esse artigo foi escrito com base em um artigo do site The Tudor Trail.
Muito bom, obrigado!
Muito bom, obrigado! Não imaginava que eles fossem tão higiénicos! Espero que os portugueses dos descobrimentos tb. fossem! Essa da urina humana como branqueador (ácido úrico) já sabia dos romanos, mas não sabia que se continuava a usar do renascimento!