
Conforme escrito em “Ana Bolena Parte Dois – A Corte de Margarida da Áustria”, Ana Bolena foi enviada à corte de Margarida da Áustria nos Países Baixos em 1513, para concluir a sua educação. No entanto, ela ficou em Mechelen apenas por 15 meses, pois, em agosto de 1514, seu nome estava na lista de assistentes escolhidas para acompanhar Maria Tudor à França para seu casamento com o rei Luís XII.
Após ficar apenas 15 meses na corte de Margarida da Áustria nos Países Baixos, Ana Bolena teve seu nome colocado na lista de assistentes escolhidas para acompanhar Maria Tudor à França em seu casamento com o rei Luís XII. Rapidamente após o pedido, no dia 14 de Agosto, o pai de Ana, Thomas Bolena, enviou uma carta à Margarida, pedindo-lhe que liberasse Ana, para que ela retornasse à Inglaterra para acompanhar a rainha, segundo ele, era um pedido no qual “Eu não poderia, nem saberia como recusar.”

O que não está claro, é sobre o local onde Ana juntou-se a irmã do rei. O biográfo oficial de Ana, Eric Ives, apontou que na lista de damas pagas no período de outubro à dezembro daquele mesmo ano, constava apenas o nome de ”Marie Boulonne”, dando a entender que a irmã de Ana tenha atendido a Maria Tudor durante sua ida à França e seu casamento. É provável que Ana tenha estado com a comitiva apenas no dia de sua coroação. Podemos apenas afirmar que Ana chegou à França para atender a nova rainha.
Rapidamente após o casamento, no dia 1° de Janeiro de 1515, o Rei Luís XII morre com 52 anos de idade. Há muita especulação à respeito de sua morte, mas fontes afirmam que foram suas falhas tentativas em manter relações sexuais com a jovem princesa, que o deixaram enfermo. Como vimos na biografia de Maria Rainha da França, após a morte do Rei ela rapidamente casa-se em segredo com Charles Brandon, Duque de Suffolk, que foi enviado para levá-la de volta à Inglaterra. Na França, devido a Lei Sálica, Claude, filha de Luís XII não poderia assumir o trono de seu pai, foi então que Francis, o filho de um primo de Luís e esposo de Claude, assumiu o trono como Francisco I. Ana ao contrário de sua irmã Maria, não voltaria para a Inglaterra, ela serviria como dama de companhia à nova rainha da França. O motivo de Ana ter continuado na França é desconhecido, Eric Ives aponta, foi um período em sua vida, no qual sabemos muito pouco à respeito.
Segundo Eric Ives “ser uma dama da rainha da França, pode não ter sido muito diferente de ser uma dama nos Países Baixos e é claro que Ana continuou a mergulhar na sofisticada atmosfera ao seu redor”. Lancelot de Carles um religioso e poeta francês disse “ela sabia perfeitamente como cantar e dançar, tocar alaúde e outros instrumentos” e Nicholas Sander, famoso por deturpar a imagem de Ana disse: “Ela era bela de se admirar, com uma bela boca, divertida à seu modo, tocava bem alaúde, e era boa dançarina. Ela foi um modelo e espelho para todos na corte, pois estava sempre bem vestida e todos os dias fazia alguma mudança em suas vestes ou ornamentos”.
Ana Bolena nutriu um amor aos manuscritos ilustrados, que teve início na corte de Margarida da Áustria, que possuía uma vasta coleção deles, porém, se esse amor começou nos Países Baixos ele pode ter florescido na França, pois Claude a Rainha da França, também amava manuscritos, tendo inclusive um de 1517 sobrevivido até os dias de hoje e atualmente está exposto no The Morgan Library e Museum.
Oque podemos concluir é que a base intelectual que Ana recebeu na corte de Margarida, apenas reforçou-se na França, onde ela pode melhorar e aprimorar cada vez mais seus francês, seu amor à arte e à música. Segundo Eric Ives, no ano de 1516 Leonardo da Vinci esteve na França, mais especificamente em Cloux, cidade perto de Amboise e levanta a hipótese de que Ana possa tê-lo conhecido. Devido à falta de informações históricas neste período da vida de Ana, muitas pessoas encontram espaço para especulações à respeito de um suposto desvio de moralidade por parte de Ana na corte francesa, boato este, que é levantado por Nicholas Sander, escrivão no reinado de Elizabeth I. Devemos lembrar que a Rainha Claude era extremamente religiosa e conservadora, e que até sua morte a corte francesa não havia caído sobre os boatos de escândalos sexuais. Ela não confiaria em Ana para ser sua dama de companhia se suspeitasse que esta, envolvia-se em escândalos dentro de sua própria corte.

Ana Bolena provavelmente também participou da coroação da rainha Claude em St Denis em maio 1516 e na sua entrada triunfal em Paris e também em Cognac, em 1520. A Rainha Claude também estava presente no banquete oferecido em honra da visita dos diplomatas ingleses enviados para negociar um casamento entre o Dauphin e filha de Henrique VIII, Maria, na Bastilha em 22 de Dezembro de 1518 e também no Campo do Tecido de Ouro em junho de 1520, nos arredores de Calais. Claude foi acompanhada por suas damas em ambos os eventos e é provável que Ana teria sido útil como intérprete. Eric Ives escreve que a Rainha Claude e suas damas causaram uma boa impressão no torneio no Campo do Tecido de Ouro: –
“Ela (Claude) usava um tecido prateado sobre uma anágua dourada e subiu em sua decorada liteira de tecido prateado com nós frades em ouro, um artifício herdado de sua mãe. Suas damas andava em três carruagens igualmente envoltas em prata e sem dúvida, estavam vestidos para combinar com a rainha. ”
Ives também escreve sobre como Rainha Claude ficou como anfitriã, quando os dois reis, com a presença de senhores e senhoras das cortes francesa e Inglesa, em trajes mascarados, trocaram de lugar. Ana deve ter estado lá e visto seu futuro marido, Henrique VIII, no entanto, foi Maria Bolena e não Ana, que atraiu os olhares do Rei naquele momento.
A relação de Ana e a França:
Segundo um site francês chamado Topic Topos, a estada de Ana Bolena na França deixou marcas, nele está escrito:
”A fortaleza, cercada por fossos atravessados por pontes levadiças, com uma parede ladeada por torres, está localizada no centro de um vila igualmente fortificada. No início do século XVI, antes de seu casamento com Henrique VIII, Ana Bolena, filha de Thomas Bolena embaixador britânico na França, talvez tenha ficado no castelo de Briis, propriedade de Du Moulin, amigo de seus pais. Desde então seu nome vem sendo ligado à torre. Em 1772, Guillaume de Lamoignon, Conde Montrevault, demoliu o castelo já em ruínas, com exceção da torre. Em 1885, a torre foi restaurada e transformada em habitação…”
O historiador francês Julien Bordeaux, apoia esta versão, dizendo que: ”Ana Bolena foi educada na casa de um nobre chamado Philippe de Moulin de Brie, que era amigo de seus pais”.
Eric Ives, disse que a lenda de Ana Bolena e a torre, pode ter algum fundamento, pois a cidade estava ”bem localizada em relação aos movimentos da corte da rainha Claude, onde Ana manteve seus deveres.”
Após oito anos na França, Ana enfim retorna à seu país. O ano é 1521, e ela foi convocada para casar-se. Veremos isso no próximo artigo.
Podemos concluir que sua estadia na França, serviu para amadurecer e terminar o que Margarida da Áustria começou, fazendo com que conhecesse pessoas novas, ambientes diferentes que no futuro viriam a ser importantes para o papel que iria exercer sendo a segunda esposa de Henrique VIII.
Fontes:
Livro: The life and death of Anne Boleyn – Eric Ives.
Site Topic Topos (acima)
Wikipédia