Nome: Margaret Tudor ou Margarida Tudor (em português)
Nascimento: 28 de Novembro de 1489 – Palácio de Westminster
Casa Real: Tudor (por nascimento) Stuart (por casamento), Douglas (por casamento)
Casamentos:
James IV of Scotland: 1503-1513
Archibald Douglas, 6th Earl of Angus: 1514-1527
Henry Stewart, 1st Lord Methven: 1528-1552
Morte: 18 de Outubro de 1541 – Castelo de Methven
Sepultamento: Monastério Cartusiano, Escócia
Início da vida e casamento com James IV:
Margaret Tudor, era filha do Rei Henrique VII da Inglaterra e sua consorte Elizabeth de York, fazendo dela, a irmã de Henrique VIII. Ela foi batizada no dia de St. Andrew (Santo André), 30 de Novembro, dois dias após seu nascimento, e recebeu o nome de Margaret, em homenagem a sua avó Lady Margaret Beaufort. Muito pouco se sabe sobre sua infância, o que podemos dizer é que desde muito jovem, houveram negociações para seu casamento com o príncipe James IV da Escócia, como forma de acabar com o apoio do Rei escocês para que Perkin Warbeck um yorkista disputasse o trono da Inglaterra.
Por fim, em 30 de Setembro de 1497, o comissário de James IV, o espanhol Pedro de Ayala, declarou uma trégua prolongada com a Inglaterra, tornando o casamento, uma séria possibilidade para o futuro. James tinha por volta de 20 anos e não tinha um herdeiro. Isso foi motivo de consternação na Escócia, e haviam boatos, de que ele havia casado-se secretamente com Margaret Drummond, sua amante. O historiador italiano Polidoro Virgílio, disse que parte do conselho real Inglês, foi contra a união de Margaret e James, alegando que isso traria os Stuarts diretamente para a linha de sucessão inglesa, e Henrique então respondeu:
“E então!? Se algo assim ocorrer (e que Deus ajude que não ocorra), prevejo que o nosso reino não sofreria nenhum dano, desde que a Inglaterra não seja absorvida pela Escócia e sim a Escócia pela Inglaterra, sendo ela, a mais nobre cabeça de toda a ilha, uma vez que há sempre menos glória e honra em juntar-se ao que é longínquo, ou maior, assim como a Normandia, que uma vez caiu sob o domínio e poder de nossos antepassados ingleses. “

No dia 24 de Janeiro de 1502, a Escócia e a Inglaterra concluíram o ‘Tratado da paz perpétua’ (Treaty of Perpetual Peace), o primeiro acordo de paz entre os dois reinos em 170 anos. O tratado de casamento foi concluído no mesmo dia e foi visto como uma nova garantia de paz.
Antes de Margaret partir para a Escócia, sua família sofreu duas trágicas perdas. Em abril de 1502 Arthur, o irmão de Margareth e filho homem mais velho, morreu no Castelo de Ludlow, na fronteira inglesa com o País de Gales. Menos de um ano depois, a mãe de Margareth, Elizabeth de York, morreu pouco após dar à luz uma filha chamada Katherine, que morreu pouco após a mãe.
Margaret partiu rumo a Escócia no dia 2 de julho de 1503. Ela fez uma parada na casa de sua avó Margaret Beaufort em Collyweston, e depois rumou para o norte.
Richard Grafton, descreveu a viagem de Margaret rumo à Escócia, para seu casamento:
“Assim, esta bela dama foi levada com uma grande comitiva de damas, cavalheiros, cavaleiros e escudeiros até Berwick e de lá para uma aldeia chamada Lambton Kirk, na Escócia, onde o rei com a flor da Escócia estava pronto para recebê-la , a quem o conde de Northumberland de acordo com a sua comissão, entregou-lhe.”
E depois ele disse:
“Então esta dama, foi levada para a cidade de Edimburgo, e lá um dia após, o Rei James IV, na presença de toda a nobreza, casou-se com sua princesa, festejaram os cavalheiros ingleses mostrando-lhes as justas e outros passatempos, muito honrosamente, segundo a moda deste rude país. Quando todas as coisas estavam feitas e terminadas, de acordo com a sua comissão, o conde de Surrey junto com todos os cavalheiros e damas inglesas, retornou ao seu país, fazendo mais elogios à masculinidade do que a boa maneira e natureza da Escócia.”
O casamento foi concluído por procuração, no dia 25 de janeiro de 1503 no palácio de Richmond. Embora tivesse todos os luxos de uma Rainha, como muitos serventes, presentes caros, um luxuoso armário cheio de roupas e uma cama, com roupa de cama de tafetá com a rosa vermelha de Lancastre que recebeu de seu marido, Margaret não foi feliz em seus primeiros dias na Escócia, chegando até a escrever uma carta à seu pai Henrique VII ilustrando sua situação.
A primeira gravidez de Margaret ocorreu em 1506 e ela deu à luz um filho chamado James, em fevereiro 1507, que viveu cerca de um ano. Em julho de 1508 Margaret deu à luz a uma menina que sobreviveu apenas por algumas horas. Henrique VII, morreu em 1509, fazendo de seu irmão Henrique VIII, o novo Rei da Inglaterra. No início deste ano, ela novamente ficou grávida e deu à luz outro filho em outubro, um menino chamado Arthur, que morreu com apenas 9 meses.
No dia 10 de Abril de 1512 nasceu em Linlithgow o próximo filho de Margaret, que felizmente, ao contrário dos outros, chegaria a idade adulta e sucederia seu pai como James V. A Rainha ficou grávida novamente e pouco tempo depois, deu à luz a uma menina que morreria poucas horas depois. Em 30 de abril de 1514 seu último filho com James, chamado Alexander nasceu.

Viuvez, poder e casamento:
O tratado de 1502, acabou não sendo perpétuo como seu nome sugeria, morrendo quase junto com Henrique VII em 1509. Henrique VIII o jovem novo rei, tinha pouco tempo para a cautelosa diplomacia de seu pai, e foi logo em direção a uma guerra com a França, antiga aliada da Escócia. Em 1513, James invadiu a Inglaterra para honrar seu compromisso com a Aliança Auld, apenas para encontrar a morte na desastrosa Batalha de Flodden. Margaret tinha se oposto à guerra. Durante o tempo em que ficou viúva, ela foi nomeada pela realeza como regente de seu filho James V, que ainda era uma criança.
Raramente uma mulher era bem-vinda em uma posição de poder, e Margaret era irmã de um rei inimigo, o que serviu para agravar seus problemas com o parlamento. Em pouco tempo, um partido pró-francês tomou forma entre a nobreza, insistindo que ela deveria ser substituída por John Stuart, segundo duque de Albany, o mais próximo parente do jovem príncipe James, e agora o terceiro na linha de sucessão ao trono. John que havia nascido e sido criado na França, foi visto como um representante vivo da Aliança Auld, em contraste com a pró-inglesa, Margaret. Foi dito que Margaret agiu com calma e demonstrou um certo grau de habilidade política. Em julho de 1514, ela conseguiu conciliar as partes em conflito, e a Escócia – juntamente com a França – concluiu a paz com a Inglaterra no mesmo mês. Mas, em sua busca por aliados políticos entre a nobreza rebelde escocesa, ela deu um passo fatal, permitindo que o bom senso e prudência fossem anulados por sua emoção e magnetismo.

Na busca de aliados, Margaret voltou-se cada vez mais para a casa Real de Douglas. Ela encontrou-se particularmente atraída por Archibald Douglas, 6º conde de Angus, quem até seu tio, o clérigo e poeta Gavin Douglas, chamou de “jovem tolo e estúpido.” Margaret e Douglas se casaram secretamente na igreja paroquial de Kinnoull, perto de Perth, em 6 de Agosto de 1514. Isto não apenas alienou as outras casas nobres, como também, imediatamente reforçou a facção pró-francesa no conselho, liderado por James Beaton, arcebispo de Glasgow. Pelos termos do falecido Rei James IV, ela havia sacrificado sua posição, e antes do fim do mês ela foi obrigada a aceitar a nomeação de Albany. Em setembro, o Conselho Privado decidiu que ela também havia perdido seus direitos à supervisão de seus filhos e em desafio a ela e seus aliados, eles levaram os príncipes do Castelo de Stirling.
Albany chegou a Escócia em maio de 1515, e foi finalmente instalado como regente em julho. Sua primeira tarefa foi conseguir a custódia de James e Alexander, algo politicamente essencial para sua autoridade na regência. Margaret, depois de alguma resistência, rendeu-se em Stirling, em agosto. Com os príncipes nas mãos de Albany, a rainha viúva agora esperando um filho de Archibald, retirou-se para Edimburgo. Por algum tempo, seu irmão havia sugerido que ela fugisse para a Inglaterra com seus filhos, algo que ela constantemente se recusou a fazer, temendo que tal medida pudesse levar à perda de James à coroa.
Margaret obteve permissão para ir para Linlithgow, de onde ela fugiu para a fronteira. Ela foi recebida por Lord Dacre e levada para o Castelo de Harbottle em Northumberland. No início de Outubro ela deu à luz a Lady Margaret Douglas, futura Condessa de Lennox e mãe de Henry Stuart, Lorde Darnley, primo em segundo grau de Maria, Rainha dos Escoceses. Na Inglaterra, Margaret soube da morte de seu filho Alexander. Dacre deu a entender que Albany – escalado para o papel de Ricardo III – foi o responsável, embora Margaret, mesmo estando vulnerável, recusou-se a aceitar, dizendo que se ele realmente quisesse assegurar o trono para si, a morte de James teria servido melhor ao seu propósito. Foi também nessa época, que ela finalmente começou a ouvir o conselho de Archibald, retornando à Escócia para fazer as pazes com o Regente. Quando Henrique percebeu que Archibald não estaria acompanhando sua irmã a Londres, ele disse, “enganado por um escocês.” No entanto, toda a riqueza, poder e influência de Archibald estava na Escócia; abandonar o país significaria perder tudo por traição.
Margaret foi bem recebida por Henrique e para reforçar seu status, ela se estabeleceu em Scotland Yard, o antigo palácio dos reis escoceses. Em 1517, depois de passar um ano na Inglaterra, ela voltou para o norte, após um tratado de reconciliação que havia sido feito por Albany, Henrique e Cardeal Wolsey. Albany estava temporariamente ausente na França – onde renovou mais uma vez a Aliança Auld e organizou um futuro casamento para James V.
Embora Margaret e Archibald tivessem se reconciliado temporariamente, não demorou muito para que seu relacionamento entrasse em uma fase de declínio terminal. Ela descobriu que enquanto estava na Inglaterra, seu marido estava vivendo com Lady Jane Stuart, uma ex-amante. Como se já não fosse ruim o suficiente, ele ainda estava vivendo com o dinheiro dela. Em outubro de 1518, ela escreveu para seu irmão, insinuando um possível divórcio:
“Eu estou tão incomodada com o meu Senhor de Angus, desde a minha última vinda para a Escócia, e a cada dia mais e mais, e por isso não haviamos ficado juntos neste meio ano… Estou tão inclinada, que eu posso por lei de Deus e para minha honra, romper com ele, para saber bem que ele não me ama, como mostra-me diariamente. “
Esta foi uma questão difícil para Henrique VIII, até então, um homem de fé conservadora e ortodoxa, que a princípio se opunha ao divórcio – algo, eu sei, altamente irônico, considerando sua vasta lista conjugal. Tão importante quanto isso, Archibald era um aliado útil, e eficaz contra-peso para Albany e a facção pró-francesa. Irritado com a atitude dele, Margaret se aproximou a facção de Albany e se juntou a outros para chamar seu retorno da França. Albany, aparentemente não tinha pressa para voltar ao rebelde reino do norte, e sugeriu que ela mesma tomasse a regência. A disputa entre marido e mulher dominou, a política da Escócia pelos os próximos três anos, e complicou ainda mais, por uma amarga disputa entre Archibald e James Hamilton, 1º Conde de Arran, com desconcertante rapidez Margaret primeiramente ficou do lado de um e depois do outro.

Albany finalmente chegou na Escócia em novembro de 1521 e foi calorosamente recebido por Margaret. Fazendo com que surgissem rumores de que suas relações cordiais abraçavam mais do que a política. Archibald foi para o exílio, enquanto o regente – com a plena cooperação da rainha-viúva – começou a restaurar a ordem em um país dilacerado por três anos de conflito entre intensas facções. Albany foi útil para Margaret: ele era conhecido por ter influência em Roma, o que ajudaria a aliviar o seu pedido de divórcio. Archibald e seus aliados espalharam o boato de que os dois eram amantes, de modo tal que até mesmo Lord Dacre, escreveu a Wolsey, prevendo que James seria assassinado e Albany se tornaria rei e se casaria com Margaret. Mas a relação entre os dois nunca foi mais do que um calculado interesse pessoal, como provariam os futuros eventos.
Em março de 1527, Margaret finalmente conseguiu uma anulação do Papa Clemente VII para seu casamento com Archibald e em abril, ela se casou com Henry Stewart, que já havia sido seu tesoureiro. O segundo marido de Margaret, em seguida prendeu seu terceiro marido, alegando que ele se casou com a Rainha sem aprovação. A situação melhorou quando James V foi capaz de proclamar sua maioridade como rei (ele tinha 16 anos na época) e removeu Archibald e sua família do poder. James aceitou como seu novo padrasto o Lord Methven e o parlamento escocês proclamou Archibald e seus seguidores traidores. No entanto, Archibald tinha escapado para a Inglaterra e lá permaneceu até depois da morte de James V.
O relacionamento de Margaret com seu filho, era relativamente bom, embora ela tenha o incentivado a estreitar as relações com a Inglaterra, onde James preferiu uma aliança com a França.
Morte:
Margaret morreu no Castelo de Methven em Perthshire no dia 18 de Outubro de 1541 vítima de um forte derrame. Henrique Ray, informou que ela teve uma paralisia na sexta-feira e morreu na terça-feira seguinte. Como ela pensou que iria se recuperar, não se preocupou em fazer um testamento. Ela enviou uma carta para o rei James, que estava no Palácio Falkland, mas ele não veio a tempo. Perto de sua morte, ela queria que os frades que cuidaram dela procurassem fazer uma reconciliação do rei e do conde de Angus. Ela esperava que o Rei desse seus bens para sua filha, Lady Margaret Douglas. James chegou depois de sua morte, e ordenou a Oliver Sinclair e John Tennent que arrumassem seus pertences para seu uso. Ela foi enterrada no convento cartuxo de São João, em Perth (demolido durante a Reforma em 1559). A dinastia Tudor terminou com Elizabeth I, e a linha de sucessão ao trono Inglês foi passada através dos herdeiros de Margaret. Seu bisneto, James VI da Escócia, tornou-se James I da Inglaterra, unindo assim as coroas dos dois reinos e conferindo a Margaret, um triunfo póstumo.
Notas e Fontes:
Tudorhistory.org
