Palácio de Hampton Court (Parte I) – História

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Todos já devem conhecer o Palácio de Hampton Court, um dos pontos mais citados da história Tudor, local onde muitos eventos ocorreram e palco, para muitas histórias e lendas, sobre Henrique VIII e suas seis esposas…
Neste artigo, vamos contar, não apenas sobre a história do Palácio, como também sobre seu terreno…Vamos conferir!?

Antes do Palácio Tudor:

Antes do suntuoso palácio Tudor ser erguido, aquele terreno já possuía muita história para contar. O terreno onde hoje é Hampton Court, pertencia aos Knights Hospitallers of St John of Jerusalem, uma ordem religiosa, fundada no século XI. Eles adquiriram o terrenos em 1236, usando-o como um centro de suas atividades agrícolas e local onde armazenavam produtos.

Knight Hospitallers.
Knight Hospitallers.

Escavações e documentos preliminares, sugerem que a ordem religiosa tinha um grande celeiro ou salão e uma grande câmara de pedra, que eles usavam como um escritório imobiliário. Houve naquela época, provavelmente pouco, ou nenhum alojamento residencial no local. Por volta do século XIV, devido a construções de Palácios Reais nas redondezas, como Byfleet, o terreno da ordem religiosa, tornou-se uma parada perfeita para os visitantes Reais, mas isto não iria durar muito. No início de 1400, Byfleet foi destruído, consequentemente fazendo com que a importância do terreno de Hampton caísse, mas é provável que na época, o terreno estivesse alugado, já que a ordem religiosa dos Knight Hospitallars, havia alugado muitas de suas propriedades…

O primeiro inquilino no qual se tem registro, era o cortesão Giles Daubeney, que obteve um contrato de arrendamento sobre o imóvel em 1494. Daubeney, estava subindo na vida (ele tornou-se Lord Chamberlain do Rei Henrique VII no ano seguinte), e precisava de uma casa perto de Londres.

Consequentemente, a área de Hampton foi tornando-se mais popular com a família Real, e Henrique VII, começou a reconstruir alojamentos reais nas redondezas, como o Palácio de Richmond.

A escolha de Daubeney pelo terreno de Hampton, foi recompensada por uma série de visitas da família real. Henrique VII e sua Rainha Elizabeth de York, hospedaram-se no local em várias ocasiões e parecem ter gostado particularmente, da residência de Daubeney, pois era um retiro tranquilo, longe de suas casas em Londres, como Westminster e a Torre de Londres.

Pouco sabe-se sobre o terreno de Hampton na época de Daubeney, o que podemos dizer, é que o valor da propriedade, aumentou consideravelmente durante sua curta estadia (ele morreu em 1508). Mas as melhorias feitas por Daubeney, foram rapidamente eclipsadas pelas ambições de seu próximo ocupante….

…Thomas Wolsey:

thomaswolseyi1514 foi uma data muito importante na história de Hampton Court, este foi o ano em que a propriedade foi dada, pela ordem religiosa dos Knight Hostpitallers, a Thomas Wolsey, o Arcebispo de York.

Wolsey era um homem em rápida ascensão, ao equivalente da escala corporativa Tudor. Ele estava prestes a tornar-se um Cardeal e Lord Chanceller da Inglaterra, além de já ter ocupado, uma série de outros cargos importantes. Ele também era um amigo próximo, do novo Rei Henrique VIII e iria servi-lo como seu ministro-chefe, por mais de uma década.

Quanto ao terreno, Wolsey construiu, um complexo e vasto palácio conhecido como Hampton Court, transformando o antes simples terreno, em um incomensuravelmente grande Palácio Bispal. Wolsey acrescentou suntuosos aposentos privados para uso próprio, assim como três suítes, para a nova família real: uma para Henrique VIII, outra para sua consorte Catarina de Aragão e por fim, uma para a princesa Maria, fruto desta união. Uma grande rota de procissão, levava todos estes luxuosos apartamentos, rumo a uma imponente capela.

Uma das melhores partes sobreviventes ao período de Wolsey em Hampton Court, provavelmente é a Base Court, um vasto pátio exterior que ele construiu para abrigar seus convidados. O pátio era originalmente pavimentado e com uma portaria maior, mas as principais características dos edifícios, permanecem: 40 alojamentos de hóspedes, cada um com uma sala exterior e interior – e todos com lavatórios.

Wolsey também possuía York Place em Londres, a residência oficial na capital do Arcebispo de York. No entanto, ele precisava de Hampton Court, como uma adequada e esplêndida, casa de campo para entreter e hospedar, importantes visitas diplomáticas de Estado.

”…-Por que você não vem à Corte?
-Em qual Corte, a Corte do rei, ou de Hampton Court?
-Não, a corte do rei!
-A Corte do rei deve ter a excelência, mas Hampton Court tem a preeminência!…”

*Poema escrito por John Skelton, contemporâneo de Wolsey e tutor de Henrique VIII.

Wolsey foi muito criticado por seu extravagante estilo de vida, simbolizado por seu ostensivo Palácio em Hampton Court. Mas não foi este motivo, que acarretou a sua queda.

No final de 1520, Henrique estava desesperado para obter o divórcio de sua primeira esposa. Catarina de Aragão, segundo ele,  apesar de suas inúmeras gestações, havia falhado em fornecer um herdeiro do sexo masculino.

No ano de 1525, Catarina já não era a jovem dama que Henrique VIII conheceu a tempos atrás e agora, quem ocupava seus pensamentos, era a douce dame jolie, Ana Bolena. Em 1528, depois de anos de discussões e  manobras políticas, o Papa, não concedeu o divórcio e Wolsey perdeu tanto Hampton Court, quanto York Place para o Rei.

O Palácio Tudor de Henrique VIII:

Henrique VIII e Cardeal Wolsey.

Muitos conhecem Henrique VIII, apenas pelo seu grande número de casamentos, mas o que poucos sabem, é que ele também foi um construtor, igualmente grande de Palácios.

Em apenas 10 anos, Henrique VIII gastou mais de £ 62.000 na reconstrução e extensão de Hampton Court. Esta grande soma, hoje em dia, equivale a £ 18.000.000.

Por volta de 1540, momento em que Henrique VIII terminou seus trabalhos de reconstrução em Hampton Court, ele tornou-se um dos mais modernos, sofisticados e magníficos Palácios da Inglaterra.

Quando morreu, em 1547, o Rei possuía mais de 60 casas, mas; na segunda metade do seu reinado, nenhuma era mais importante para ele, nem mais suntuosamente decorada, que o Palácio de Hampton Court.

Todas as 6 esposas de Henrique, frequentaram o Palácio (embora Catarina, como visitante, afinal, o Palácio ainda era de Wolsey), e a maioria, possuiu alojamentos novos e de luxo. O Rei reconstruiu seus próprios quartos, pelo menos meia dúzia de vezes. O Palácio, também forneceu acomodação para cada um dos filhos do rei e para um grande número de cortesãos, visitantes e funcionários.

Quando Henrique morreu, ele deixou três filhos; o Príncipe Eduardo, com 9 anos de idade, e suas irmãs mais velhas Maria e  Elizabeth. Todos eles, governariam a Inglaterra e Hampton Court, continuaria a desempenhar um importante papel na vida dos monarcas Tudor.

Os filhos de Henrique VIII em Hampton Court:

Retrato de Henrique VIII e seus três filhos: Eduardo, Maria e Elizabeth.
Retrato de Henrique VIII e seus três filhos: Eduardo, Maria e Elizabeth.

Todos os filhos de Henrique VIII, hospedaram-se em Hampton Court. Na realidade, Eduardo havia sido batizado na Capela Real do Palácio, em 1537, e Maria passou sua lua de mel lá em 1554.

Todos utilizaram Hampton Court, como um refúgio dentro do país, longe da política e do mundo, cada vez mais confinado e claustrofóbico dos Palácios Reais centrais de Londres, como Whitehall (antigo York Place de Thomas Wolsey) e St James.

Nem Eduardo nem Maria, acrescentariam muito para os edifícios em Hampton Court, ou mesmo para qualquer outro lugar. Seu pai, havia deixado tantas casas de boa qualidade, que eles pouca coisa podiam fazer para deixá-las em pé, quem dirá construir outras…

A Rainha Elizabeth I, visitava frequentemente Hampton Court , mas também construiu ou alterou pouca coisa no palácio e os traços do trabalho realizado durante seu reinado, praticamente não permaneceram. O que pode ser listado por exemplo, é a cozinha oriental – cozinha privada ou particular da rainha – que tornou-se o Café e Cozinha Privada. Havia também, uma janela de sacada relatada em 1568, que ainda pode ser vista de um dos Jardins (Pond Gardens).

Mesmo sem mudanças significativas, meio século após Henrique VIII reconstruir e reformar Hampton Court Palace, ele ainda era um dos mais impressionantes Palácios da Europa.

O duque de Württemberg, que visitou o palácio em 1592 chamou-o de “o edifício Real mais esplêndido e mais magnífico a ser encontrado na Inglaterra, ou em outros países”.

Ainda durante o Reinado de Elizabeth I, Hampton Palace continuou a receber delegações estrangeiras. Também manteve-se um palco para entretenimento e em particular, para performances dramáticas de máscaras da Corte.

Mas patrocínio cultural, relativamente parcimonioso de Elizabeth, logo seria eclipsado por seu sucessor, James I, que trouxe com ele da Escócia (onde ele havia governado como James VI), um novo grupo de cortesãos e um novo estilo de cultura e entretenimento…

Os Stuarts em Hampton Court:

King-James-IQuando o Rei James VI da Escócia, foi para Inglaterra para tornar-se James I da Inglaterra, a importância de manter Hampton Court na vida da realeza, foi assegurada.

A Corte inglesa de James, ia para Hampton Court para o Natal e Ano Novo.

O palácio serviu de palco para peças de teatro, danças, banquetes e bailes de máscaras (entre os convidados estava um tal de William Shakespeare, que foi chamado para ser um dos “Homens do Rei”, para produzir suas peças na frente do público da realeza).

A Corte Stuart, era conhecida por seus cada vez mais luxuosos, espetáculos teatrais, que  inebriavam e ocasionalmente, intoxicavam a realeza.

Sob o reinado de James I, Hampton Court beneficiou-se de um nível baixo, porém constante de despesas de manutenção. A reparação de peças do palácio, precedia visitas outonais da Corte Real, incluindo a esposa e filhos de James. A Rainha de James, Ana, estava em Hampton Court, quando morreu no ano de 1619.

Hampton Court, também serviu como Palácio e prisão para o filho de James, Charles I.
No início  de seu reinado, ele visitava frequentemente o palácio.

Apesar da residência principal do rei ser em Whitehall, no centro de Londres, Charles renovou e reconstruiu frequentemente partes do Palácio a fim de garantir sua contínua popularidade, como um palácio de temporada de férias, de prazer e um local adequado para entreter dignitários visitantes.

Ele construiu uma nova quadra de tênis e também cavou o Rio Longford, que ainda traz a água de 11 quilômetros de distância ao poder das fontes de jardins de Hampton Court. Charles também era um apreciador e colecionador de artes e revolucionou a coleção real de pinturas e esculturas com grandes aquisições da Europa.

Sua adição mais marcante para a coleção de Hampton Court, foi Triunfos Mantegna de César, comprado da empobrecida família Gonzaga em Mântua, que chegou ao palácio em 1630 e tem estado lá, desde então.

No entanto, em 1647, durante a Guerra Civil, quando foi deposto pelo Parlamento, Charles foi levado para Hampton Court, como prisioneiro. Ele chegou a escapar mais tarde, porém foi executado em 1649.

Continua em – O palácio de Hampton Court (Parte II) – História

Fontes:
Hampton Court Palace website- History

Um dos portões de Hampton Court Palace- Fonte da imagem: Google
Um dos portões de Hampton Court Palace- Fonte da imagem: Google

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