Ana Bolena Parte X: Os preparativos Reais – O nascimento de um herdeiro

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Já temos aqui no Tudor Brasil, um artigo sobre o nascimento de Elizabeth. Este artigo mostra uma nova perspectiva dos fatos ocorridos.

Ana estava desfrutando os melhores momentos de sua vida, casou-se com Henrique VIII, foi ungida e coroada como uma legítima Rainha britânica e agora, seu tão sonhado herdeiro iria nascer. Tudo estava perfeitamente sob controle, Ana possuía seu destino em suas mãos, ou seria em seu ventre?

Os preparativos para o nascimento do primeiro filho de Henrique VIII, com sua segunda esposa e Rainha Ana Bolena, deram início nos primeiros dias de Agosto de 1533, quando decidiu-se que Ana, daria à luz no palácio de Greenwich. Naquele mesmo local, o Rei Henrique, havia nascido quarenta anos antes.

Não existia a menor margem de dúvida, de que o filho que Ana carregava em seu ventre, não seria um varão. Ninguem ousaria contestar tal afirmação. Os astrólogos previram, assim como os médicos do Rei, era um menino! Em 3 de Setembro, ambos profissionais, uniram suas forças, para mostrar ao monarca, que sua nova esposa, daria à luz ao tão ansiado herdeiro. Ana deveria estar extasiada, afinal, quem seria ela para duvidar de algo que os médicos e astrólogos tinham certeza? Ela seria a mãe do futuro Rei da Inglaterra, nada neste mundo, poderia mudar isso.

A Inglaterra estava envolta por um clima de ansiedade e alegria, haviam preparativos para o nascimento, em todos os lugares!
O Rei, planejou tudo, torneio de justas, ricos banquetes, bailes de máscaras, nada passaria despercebido. A única dúvida a assombrar Henrique, seria o nome de seu filho. Como sabemos, dentro da realeza, o nome de um príncipe herdeiro, reflete a posição que ele deve seguir ou espelha-se em monarcas anteriores, no qual o atual, deseja que seu filho siga o exemplo. No caso, Henrique tinha dúvidas entre Eduardo (nome de seu avó materno, pai de Elizabeth de York) ou Henrique (Nome dele e de seu pai, fundador da Dinastia Tudor).

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Para o nascimento do futuro Rei inglês, foi retirado da sala do tesouro Real (local onde é armazenado diversos objetos referentes à coroa, como jóias, móveis e etc), uma das mais belas camas já vistas. O móvel era oriundo da França e virou espólio como parte do resgate de um nobre conhecido como, Longueville, em meados de 1515. O móvel teria de ser colocado nos aposentos Reais da Rainha, junto ao berço com dossel em carmesim no qual ficaria o bebê. Para à Corte felicitar a Rainha pelo nascimento do herdeiro, foi providenciada também, uma cama na sala de audiência Real.

Como dizia a tradição, perto do nascimento do bebê, a Rainha teria de entrar em um período de reclusão da Corte, para o nascimento do bebê. Este costume é interpretado de várias maneiras, entre elas, como um ato de proteção tanto da mãe quanto do herdeiro, para evitar complicações no trabalho de parto. A cerimonia realizada, que antecedia o nascimento, também era de suma importância, já que havia ocorrido uma troca de Rainhas e a anterior também havia dado à luz. Todos estes preparativos e cerimônias eram óbvios aos olhos de todos, não poderia haver dúvidas de que o bebê que nascesse era legítimo e incontestável herdeiro do trono inglês, e todas as medidas possíveis, foram tomadas quanto a isto.

A data para a reclusão da Rainha, foi escolhida como sendo o dia 26 de Agosto, semanas antes do nascimento. Primeiramente, a Rainha e seu Séquito, seguiram em procissão rumo à Capela Real para à missa. Após a missa, dirigiram-se para seus aposentos, onde receberam um cálice de vinho com especiarias, frente à toda a Corte. O lord Chamberlain, rogou que todos os presentes, rezassem a Deus, para que a Rainha tivesse um parto calmo e sem contratempos. Outra procissão ocorreu, levando Ana Bolena até a porta de seus aposentos. À partir dai, os senhores da Corte foram saindo, dando lugar as damas.

Grande parte das damas de companhia de Ana Bolena, eram membros de sua própria família; sua irmã Maria Bolena, suas primas Lady Mary Howard, filha do Duque de Norfolk; Mary Shelton, filha de sua tia Anne; e sua tia Elizabeth, esposa de James Bolena. Também estavam presentes, a sobrinha do Rei, filha de Margaret da Escócia, Margaret Douglas; Elizabeth, Condessa de Worcester, e sua sucessora Jane Seymour, que também havia anteriormente, assim como Ana, servido de Dama de companhia de Catarina de Aragão, primeira esposa de Henrique. Dentre tantas personalidades, estava também, Margaret Lee, amiga de longa data de Ana e irmã do grande poeta e outrora admirador de Ana (que a chamaria de Vênus), Thomas Wyatt.

Devido ao grande número de natimortos, a quantidade de tempo de reclusão de uma Rainha era variável, muito dependia da saúde de Rainha ou do perigo que um aborto ou um herdeiro frágil representaria.

Lord Mountjoy, ajudante nos atos de reclusão de Catarina de Aragão, aconselhou Lord Cobham, chamberlain de Ana, sobre quais seriam as medidas adequadas a serem tomadas. As últimas instruções conhecidas, aconteceram no reinado de Henrique VII por Margaret Beaufort, mãe do monarca; o cerimonial em si, era antigo, remontando ao período dos Plantagenetas:

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Carta de anuncio escrita por Ana.

”Todas as janelas, com exceção de uma, deveriam ser cobertas com tapeçaria de Arras, ricamente ornamentadas.” A Rainha poderia pedir a suas damas, que abrissem a janela de vez em quando, para que possa entrar um pouco de luz e ar, mas tal comportamento, foi geralmente desencorajado. Além disso, “Nenhum homem deve entrar na câmara, apenas mulheres.” O historiador David Starkey disse: ”A câmara da Rainha, parecia com um cruzamento entre uma capela e uma cela acolchoada.”

Ana Bolena, havia com antecedência, planejado escrever uma carta, anunciando o nascimento de seu filho, para ser enviada para os condados ingleses e Cortes estrangeiras. Esta era uma tradição encarregada as Rainhas. Eis um trecho dirigido a Lord Cobhan:

“E conforme a bondade de Deus, todo poderoso, em sua infinita graça e misericórdia, enviou-nos neste momento, muito rapidamente, o trabalho de parto de um príncipe.”

Ele terminou em estilo similar: “A Deus todo poderoso, muito obrigado, glória e louvor, e rezar para uma boa saúde, prosperidade e preservação contínua do príncipe”
O documento, estava selado em nome de ”ANNE, THE QUENNE”.

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FONTES:

Artigo escrito por Lady Caroline
Leia em espanhol: AQUI.

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