Os Tudors, como várias vezes foi dito aqui, prezavam por sua higiene, porém, devido a escassez em tecnologia (envolvendo um sentido amplo da palavra), entre outras adversidades, eles tornaram-se reféns, de problemas nos quais hoje, temos uma solução simples e barata, um exemplo é: A pasta de dente!

A primeira escova de dente, não foi inventada até 1857. Então, como as pessoas no período Tudor, conseguiam manter seus dentes limpos? Obviamente, os cuidados dentais eram bastante precários, fazendo com que muitas pessoas, desde pobres até a realeza, tivessem em algum período de sua vida, dentes extremamente amarelados ou marrons. Isso não significa que eles, não tivessem tentado como puderam, encontrar formas para manter os dentes limpos, claros e com hálito agradável.
No período medieval, as práticas de limpeza dental, eram mais óbvias; como, esfregar um pano umedecido nos dentes, para tirar a camada superficial de sujeira, bochechos com água, para eliminar resíduos de alimentos, mastigar ervas ou hortelã para refrescar o hálito, entre outros…
Foi no período Tudor, que algumas técnicas mudaram, embora outras, continuassem as mesmas.
Os Tudors, eram adeptos ao uso de pós para limpeza dos dentes, e eles variavam desde pós de ervas perfumadas queimadas, até de animais. Era comum também, esfregar sálvia em pó para branquear os dentes. Para bochechos, ao invés da água, que era insalubre e de gosto desagradável, eles usavam vinagre ou vinho. Para refrescar o hálito, confeitos adocicados eram mastigados.
Eles iam constantemente aos barbeiros para extraírem dentes, e neste período, a medicina tanto geral, quanto dental, estava em processo de evolução perante a medicina medieval, de modo que a extração de dente, por mais dolorida que fosse, não era mais tão perigosa quanto antigamente, no quesito infecções. Por mais que os barbeiros tivessem evoluído seus conhecimentos, as técnicas de extração de dentes no período, eram basicamente rústicas. Eles extraiam com aparelhos pesados de metal e na maioria das vezes, sem anestesia local nenhuma. Felizmente, após a retirada do dente, o alívio era imediato e a pessoa esquecia a dor horrível de ter que extraí-lo. Existiam também técnicas de polimento dental extremamente invasivas, como por exemplo, lixar o esmalte com um utensílio de metal e aplicar ácido nítrico. Os Tudors também palitavam seus dentes, mas os mais ricos, o faziam com palitos de ouro ou ferro, com joias preciosas.
As dentaduras também não existiam, Elizabeth I por exemplo, usava chumaços de algodão entre os buracos de seus dentes extraídos. A primeira dentadura (feita de ouro), só seria feita em meados do século XVIII.
Há muitas receitas de pós para limpar os dentes. A maioria das pessoas, usavam foligem de chaminé para esfregar nos dentes e em seguida, giz ou sal, servindo como clareador. Existem algumas receitas estranhas para pós dentais. A seguir, podemos ver, uma bem peculiar:
Pó dental de cabeça de Rato: (para limpar completamente os dentes)
Primeiro, pegue alguns ratos, depois, corte suas cabeças.
Cozinhe-as em uma panela, até que estejam bem queimadas. Deixe secar e esmague-as obtendo um pó arenoso.
Em seguida, use o pó para limpar os dentes.
Temos também, registros da época, auxiliando em uma boa limpeza dental fora das ilhas, como no caso Eramus foi para a Inglaterra, é possível que tenha levado tais costumes para a corte inglesa de Henrique:
Erasmus, em 1530, disse: “A limpeza dos dentes deve ser feita, mas o branqueamento com pós, é algo para mulheres. Esfrega-los com sal ou alumínio é prejudicial… Se não tiver nada para os dentes, não deve-se usar uma faca, unhas, ou guardanapo, mas um palito, pena, ou pequeno osso… Lavar a boca de manhã com água pura, é tanto educado e saudável; fazer muitas vezes, é tolice. “(Rickert & Naylor, p. vii)
Os antigos galeses aparentemente usaram um protótipo de escovas de dentes feitas de varetas de madeira desfiadas nas pontas, que eles esfregavam nos dentes. Banckes ‘Herbal de 1525, sugere a limpeza com cinzas de alecrim queimado envolto em um pano de linho branco. Gervase Markham de 1615, sugeriu um pó feito de sálvia, sal, e terra bem dura cozida com talco, para a limpeza dos dentes.
Alguns livros de boas maneiras do período Tudor, dizem para não efetuar a limpeza dental na mesa com faca, unhas ou pedaço de pano e sim palitando (conforme vimos acima).
Segue aqui, um trechinho do Rhodes Book of Nature:
“Limpe seus dentes, não com a tua faca nem dedo mindinho, mas com um palito ou alguma coisa limpa, então você não ofenderá ninguém com seus modos “.
Conforme os doces e açúcar processado, foram sendo mais apreciados durante o período Tudor elizabetano, era comum ver muitas pessoas de classe alta com dentes podres. Por algum momento, chegou a ser um divisor de status, afinal, o açúcar era caro e só tendo muito dinheiro para aproveitar sem descrição, de tal iguaria. Isso não significa que ter os dentes apodrecidos ou cariados fosse moda, as pessoas buscavam evitar e contornar tais problemas, mas nem sempre eram bem sucedidas.

Dependendo do forte odor de seu hálito, eles poderiam carregar uma bolsa com ervas e mastiga-las ou coloca-las perto da boca no momento que fossem falar.
Por mais que Elizabeth I, tenha sido fã de comidas açucaradas, não encontrei nenhuma fonte confiável, que indicasse que ela de fato, tenha escovado seus dentes com açúcar. Na realidade, não faz sentido escovar os dentes com algo, que eles sabiam ser a causa do apodrecimento de seus dentes. Tudo que achei relacionado a este fato, tem a ver, direta ou indiretamente com um episódio de uma série de cômica de história juvenil britânica, conhecida como Horrible Histories. É preciso ter cautela com tais informações, afinal, tratando-se de Elizabeth I, o fator mais comum sobre a monarca, são lendas sobre sua vida.
A limpeza dental era efetuada, tanto com os dedos, quanto com esponjas ou panos. Era de bom grado que uma mulher ou homem, tivessem o hálito fresco e dentes claros, e registros reais de Rainhas como, Elizabeth e Maria I, mostram a descrição de seus dentes amarelados, mais como um defeito, que como qualidade.
Para continuar lendo e entender mais o curioso aspecto dental no período Tudor, conheça também, nosso artigo sobre a higiene dental de Elizabeth I: AQUI.

FONTES:
An encyclopedia of Tudor medicine
medieval society: AQUI.
The love for history: AQUI.
Parei tudo que estava fazendo pra ler esse artigo 🙂
Ahhh fico tão feliz Rayssa, senti sua falta por aqui!rsrs…
Espero que tenha gostado!;)
Ausência= vestibular.
Adoro o site! Sou fã dessa època e sempre que leio os artigos, viajo no tempo! Muito obrigado💜🌸
Ficamos muito felizes, Amanda. Seja bem-vinda! 🙂
P.S: Ratos… eu hein…. pelo menos era uma forma de acabar com eles, mas mesmo assim…. ECA!
Entendo MUITO bem, boa sorte para você!:)
Quanto aos ratos, de fato, mas pelo menos, era eficaz em algo né!?rs…
Obrigada 🙂
É uma pena que o período Tudor quase não cai nas provas, é um pouco de Reforma Anglicana e olhe lá… 😦
É verdade, seria tão bom se caísse. Na faculdade estudei a Reforma inglesa e tive a sorte de assistir inúmeros filmes sobre o período em sala, mas mesmo tratando-se de história (meu curso), sei que é raro…:/
Texto bom, provando que a História pode ser divertida e fácil de ler sendo bem fundamentada, sem se falar de extraterrestres e outras besteiras! A falta de higiene dos instrumentos cirúrgicos dentais possivelmente também trazia outros problemas de saúde, alguns bem grandes!
Obrigada João Mendes Pinto!
Sem dúvidas a falta de higiene causou muitos problemas, não apenas nos instrumentos dentários, como nos instrumentos cirúrgicos em geral.
Devido ao fato de algumas pessoas passarem álcool para aliviar a dor no dente, isso fazia com que passasse por um processo de esterilização simultâneo.
Obrigada por comentar!:)