A Corte era onde quer que a Rainha fosse estar e era composta por todos aqueles que a cercavam, servos, conselheiros, cortesãos e etc. Uma vez por ano, a rainha seguia rumo aos condados do sul, mas na maioria das vezes, ela residia em seu grandes Palácios Reais, que eram: Whitehall, Hampton Court, Greenwich, Richmond, Westminster, St James, Castelo de Windsor, e no final de seu reinado, especialmente Nonsuch em Surrey. Todos estes palácios eram em suas diferentes formas, magníficos de se olhar, com suas altas torres e um mar de chaminés em espiral. Whitehall era considerado como um dos maiores palácios da Europa, medindo incríveis 23 hectares e foi neste palácio, mais do que em qualquer outro, que Elizabeth I viveu.

Uma corte real era geralmente composta por mais de 1000 pessoas. Portanto, quanto maior o palácio, mais fácil era para acomodar tamanho número de pessoas. Mesmo assim, não importava em qual palácio a Rainha residisse, ainda não era possível abrigar todos os cortesãos, trabalhadores, embaixadores, ou outras pessoas que desejavam ir à Corte para apresentarem-se. Todos estes Palácios, estavam localizados em Londres ou na grande Londres, de modo que encontrar alojamentos adequados, não era uma tarefa difícil. Londres foi uma das maiores cidades da Europa, começando sua notável extensão no período de Henrique VII, (avô de Elizabeth) e no período elizabetano, contava com uma população de 200.000 habitantes. A cidade crescia cada vez mais e graças a isto, oferecia tudo o que um visitante poderia desejar, desde pousadas, à lojas requintadas e centros de entretenimentos. No entanto, ser alojado na Corte era uma grande honra e o embaixador espanhol, o Conde de Feria, não estava nada satisfeito em ter que alojar-se na cidade e não na Corte, como outrora havia sido no reinado de Maria I.
No natal, a Rainha normalmente retirava-se para Whitehall e em seguida partia para outro palácio, como Richmond ou Greenwich, antes de mudar-se novamente para Windsor na páscoa e em cerimonias. Nestas cerimônias, Elizabeth teria de lavar os pés dos pobres (o equivalente de vezes à sua idade), fazer o sinal da cruz e depois beijá-los. As mulheres então, deviam presentear a Rainha com panos, sapatos, peixes, pães, vinhos e bolsas, que continham em moedas em número equivalente à idade da Rainha. O dia de São Jorge também foi comemorado em Windsor.
Era importante que a Corte se mudasse após algumas semanas, pois os palácios precisavam ”tomar ar e serem adoçados”. Instalações de esgotos eram primitivas, por isto, a menos que os palácios fossem higienizados de semana em semana, o local seria anti-higiênico e difícil de se morar. Quando a Corte não estava na residência, o palácio seria cuidado por um mantenedor, que residiria lá com sua equipe e que deveria manter tudo pronto para que a Rainha e sua Corte pudessem chegar a qualquer momento. O Castelo de Windsor, por exemplo, era o castelo mais forte e em melhor posição estratégica para oferecer a melhor defesa sobre as forças inimigas. Se estas tentassem invadir o país, era imperativo que a rainha e a Corte, pudessem recorrer ao local imediatamente.
Em sua adesão, a rainha herdou mais de sessenta residências reais. Alguns, Elizabeth ocasionalmente frequentou, mas muitos foram dilapidados. Outras caíram em ruína ao longo do reinado, já que o custo de manutenção era enorme. Uma solução, foi conferir estas residências aos mais favorecidos cortesãos. Robert Dudley em particular, foi beneficiado neste quesito, ele recebeu entre outras posses, o Castelo de Kenilworth em Warwickshire.
Os palácios eram em muitos aspectos, uma realização arquitetônica do monarca. Portanto, tinham não apenas uma aparência exterior magnífica, como um interior magnífico. Em comparação com as condições estruturais dos castelos reais medievais, os palácios eram luxuosos. Eles possuíam grandes lareiras, ricamente decoradas que forneciam calor, paredes cobertas total ou parcialmente com painéis de carvalho, que não eram apenas visualmente impressionantes, como também agiam como isoladores térmicos e sonoros. Longas e altas janelas deixavam a luz solar entrar e infiltrar-se e tetos primorosamente decorados em gesso. Pinturas e tapeçarias caras, adornavam as paredes e placas de prata ou ouro, eram exibidas a fim de impressionar os visitantes.
Todos que podiam frequentar à Corte, tinham acesso à sala de audiências. Esta foi uma grande sala, onde o monarca daria audiências e onde toda a socialização e entretenimento em geral ocorria. O acesso a outras partes do palácio, dependia de status e relações pessoais com a Rainha. A segurança era muito forte. Com tantas pessoas visitando a corte diariamente, havia sempre o perigo de um assassino a espreita, esperando o momento ideal para alvejar a Rainha. Neste quesito, Elizabeth foi bem protegida e o acesso aos seus aposentos foi rigorosamente controlado por seu Mestre Cavalheiro. A Rainha possuía dois quartos privados, a Casa Real e a Câmara da Cama (quarto de dormir ou Bedchamber), embora ela raramente ou nunca ficasse sozinha em qualquer um. Não haviam apenas suas seis damas de companhia pessoais, mas muitas outras presentes, como também as Damas do Quarto de Dormir, as Damas da Câmara Privada, assim como o Mestre Cavalheiro. A rainha também entretia funcionários do governo ou embaixadores lá.
Elizabeth tendia a gastar a maior parte do dia na Câmara Privada, mas também tinha um jardim particular, onde ela gostava de fazer caminhadas rápidas ao ar livre, acompanhada de suas damas de companhia. Os palácios também abrigavam uma grande biblioteca e Elizabeth era uma ávida leitora. Ela era fluente em latim e grego e gostava de ler e traduzir as obras de autores clássicos, sendo também muito interessada em história. O jantar (sim, o nome era este), era servido geralmente ao meio-dia e cortesãos em geral, comeriam juntos na câmara de presença, embora alguns tivessem a comida entregue a eles em particular, em seus aposentos. Elizabeth tendia a fazer suas refeições em sua câmara Privada e só comia na Câmara de presença em ocasiões especiais. Ela não apenas foi poupada de sua presença em público, como tinha privacidade, podendo comer suas refeições rapidamente e sem cerimônia, a fim de continuar seus negócios do dia. Suas damas trariam vários pratos de comida para seus aposentos privados, as refeições, sempre haviam sido minuciosamente provadas, a fim de detectar algum rastro de veneno. Após comer o que desejava, ela compartilhava sua refeição com suas damas.
A ceia era servida entre às 17 ou 18 da tarde, após isto, o entretenimento era fornecido na câmara de presença, com um jogo, um baile de máscaras, um concerto ou algo do gênero. Às vezes, a rainha assistia, outras vezes ficava em seus aposentos executando a leitura de papeis de estado e fazendo assinaturas. A maioria dos palácios, tinha um campo de caça, onde a Rainha e seus cortesãos, podiam caçar veados. Este foi um dos passatempos favoritos da Rainha. Caça com ursos e cães, também foram realizadas na Corte, junto com esportes menos violentos, como a falcoaria. O tênis foi outro passatempo bem quisto na Corte, assim como a Justa, na qual grandes torneios eram realizados. A Justa era um esporte perigoso, que resultou no ferimento quase fatal de Henrique VIII (que carregaria sequelas pelo resto da vida) e na morte de Henrique II da França; mas eles acreditavam que o perigo fazia parte da emoção e romance.
Haviam muitas cerimônias envoltas a presença da rainha. Por exemplo, enquanto locomovia-se pelo palácio, os guardas alinhavam-se a sua volta e uma fanfarra anunciava sua chegada. A altura da cabeça da Rainha, sempre tinha de ser maior em alinhamento, do que a de todos a sua volta. Como a maioria dos homens na Corte eram altos, muitos tinham de ficar quase sempre ajoelhados. Ninguém deveria virar as costas para a monarca, o que muitas vezes, significava sair andando de trás para frente e prestando mesuras até deixar o local onde estava a rainha. Também esperava-se, que todos os cortesãos presenteassem a rainha no ano novo e em troca, ela iria presenteá-los com uma placa de ouro equivalente a seus status. Mais tarde, tornou-se habitual presenteá-la em seu aniversário e dia de ascensão ao trono.
Muito esperava-se de um cortesão. Era esperado que ele fosse gracioso, cortês, bom de discurso, bem educado em obras clássicas da literatura, história, geografia, matemática, línguas; atlético, trabalhador, generoso e espirituoso.
Enquanto todos os homens que frequentavam a corte eram tecnicamente cortesãos, o papel tradicional de um cortesão, era muito diferente do papel desempenhado por um conselheiro político.
Ou seja, Elizabeth esperava várias coisas diferentes de vários homens. De cortesãos tradicionais como Robert Dudley, ela esperava certa exuberância em seu vestuário e comportamento. Ela deveria ser cortejada na tradição do amor cortês, mas em um contexto inatingível, quase platônico, de alguém que a desejava, mas nunca poderia conquistá-la. Ela esperava elogios, presentes, enaltecimentos pela música, pela dança e por palavras de devoção, amor e afeto. Era tudo parte do protocolo de um cortesão ideal e uma solução perfeita para o problema de como um homem deveria porta-se diante de um monarca do sexo feminino. Foi de muitas maneiras, uma diversão frívola e homens casados, assim como os solteiros, participavam destas cordialidades para com a rainha. o objetivo não era ser cortês a nível pessoal ou iniciar um flerte com intuito de resultar em um relacionamento real ou o romance pessoal com a Rainha. Estrangeiros hostis, por muitas vezes entendiam errado o intuito destas formalidades cordiais e foi graças a estes inocentes flertes mal compreendidos (ou deliberadamente deturpados), que muitos acreditavam que Elizabeth não era realmente a Rainha Virgem, que dizia ser. Rumores circularam, especialmente na Europa, que ela estava dormindo com Robert Dudley, Christopher Hatton e outros cortesãos e dizem que Elizabeth queixou-se: “Eu não sei como uma opinião tão ruim foi formada sobre mim. Mil olhos, vêem tudo o que faço. “

De seus conselheiros políticos, Elizabeth esperava um grau de sobriedade maior e seu relacionamento com estes homens, raramente foi tingido de romantismo, ao contrário de suas relações tradicionais com seus cortesãos. Um dos pontos fortes de seu governo, foi sua capacidade de julgar bem os homens que escolhia, tanto como cortesãos, como políticos (que ela escolhia de diferentes estirpes). Tanto William Cecil e Francis Walsingham, eram altamente religiosos, homens de família e profissionais incríveis. Frequentemente vestiam-se de preto e eram considerados modelos de sobriedade. Seus cortesãos, como Robert Dudley e Robert Devereux, Conde de Essex, eram extravagantes, com um olho para o espetáculo, além de serem homens com grande inteligência, charme e beleza, destacavam-se em eventos da Corte, como as Justas.
Apesar de seus melhores esforços, nem Robert Dudley ou Robert Devereux, conseguiram combinar com êxito, a perigosa mistura de cortesão e conselheiro político. Ambos eram melhores cortesãos do que políticos, mas a rainha precisava de homens em que pudesse confiar para serem seus conselheiros. Se sua situação pessoal houvesse sido mais favorável, as virtudes cortesãs de Dudley, poderiam tê-lo feito um bom príncipe consorte. Houve apenas um homem, Christopher Hatton, que foi bem sucedido o suficiente, para fazer a ponte entre estes dois mundos. Ele era um homem bonito, atlético, cortesão e também um político bem-sucedido, chegando a tornar-se Lorde Chanceler da Inglaterra. Como seu padrasto, Robert Devereux também tentou tornar-se um cortesão e político, mas suas tentativas, apenas terminaram e desastres políticos e pessoais.
Assim como cortesãos ambiciosos, políticos, bispos e funcionários, a Corte de Elizabeth também abrigava a sua quota de espiões. Estes espiões, pertenciam a várias potências estrangeiras que lhes plantavam na Corte, a fim de descobrirem segredos e proporcionar-lhes geralmente com informações. A rainha tinha seus próprios espiões em residências reais de outros países e eles eram considerados por alguns historiadores, os melhores espiões do período (eles de maneira divertida, os apelidavam de ”Os 007” de Elizabeth).
FONTES:
Elizabeth I.org: AQUI.
Para mais informações sobre Palácios e Castelos utilizados no período Tudor, recomendamos a leitura do livro ”Castles & Palaces of the Tudors & Stuarts: The Golden Age of Britain’s Historic & Stately Houses”.