Elizabeth I – Parte XII: Pretendentes

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Elizabeth_1_midDesde o momento em que Elizabeth tornou-se rainha, uma pergunta pairava no ar – quem casará com a rainha? Supunha-se, que uma das primeiras coisas que Elizabeth iria fazer, era selecionar um marido para ajudá-la a governar o reino e o mais importante, engravidá-la. Elizabeth era a última de sua dinastia e naturalmente, acreditavam que sua principal preocupação, fosse a de fornecer um filho para perpetuar o domínio e dinastia dos Tudors. Elizabeth era jovem, ao contrário de sua irmã, que já estava em seus trinta e tantos anos quando tornou-se rainha e haviam grandes esperanças de que em breve, a Inglaterra tivesse uma família real novamente.  Sem um herdeiro, o futuro seria incerto e muitos temiam as reivindicações de parentes distantes e rivais de Henrique VII, que mergulhariam o país em uma amarga guerra civil, caso Elizabeth morresse sem um herdeiro legítimo para sucedê-la.

Durante as primeiras semanas de seu reinado, a Corte zumbia com ansiosos pretendentes para pedir a mão da jovem rainha em casamento. Embaixadores europeus, estavam ocupados tentando mostrar o interesse de seus senhores ou parentes dos senhores. Elizabeth era então, a mulher mais requisitada da Europa. Ela recebeu propostas de casamento do rei da Espanha, do príncipe Eric da Suécia – que em breve tornaria-se Rei, do arquiduque Charles (filho do Imperador Ferdinand), do filho de John Frederic, Duque da Saxônia, do Conde de Arran, do Conde de Arundel e Sir William Pickering; que estava tão confiante de que seria escolhido, que exigiu que certos privilégios fossem concedidos a ele, enquanto permanecesse na Corte. Elizabeth educadamente, rejeitou a oferta feita pelo rei Filipe, mas permitiu que os outros pretendentes, mantivessem a esperança, fazendo com que seus conselheiros considerassem as vantagens e desvantagens de cada união. No entanto, a única pessoa que parecia não ver urgência para o casamento, era a própria Elizabeth.

betuchINunca saberemos exatamente, quais eram as verdadeiras intenções de Elizabeth sobre sua vida amorosa. Certamente, ela não mostrava grande entusiasmo para o casamento e em inúmeras ocasiões, admitiu que pessoalmente, preferia a vida de solteira. No entanto, existe o risco de lermos sua história e precipitadamente assumirmos, que apenas porque Elizabeth nunca casou-se, ela nunca quis (ou viu algo de bom no) casamento. O casamento de uma rainha reinante, era um assunto complicado e poderia ser desastroso para o país, caso os súditos não aprovassem, ou o consorte mostrasse opiniões de governo adversas as implantadas. Elizabeth queria casar-se com um homem que fosse popular com seu povo. Qualquer homem que Elizabeth desposasse, esperaria poder expressar alguma opinião sobre o governo do país (como Filipe por exemplo, mesmo tendo sido príncipe consorte) e nem Elizabeth ou seus ministros, queriam abandonar qualquer poder sobre os assuntos da Inglaterra.

Por esta razão, o maior interesse do país, era que Elizabeth se casasse com um homem que independente de seu status ou posição, não representasse um poder majoritário na Europa e ficasse contente em apenas ser o consorte da rainha. Isto efetivamente, descartaria um soberano reinante, embora Eric da Suécia, tenha sido seriamente considerado pelos ministros de Elizabeth. O fato de Eric ser protestante, tornou-o popular no país e quando houveram rumores de que Elizabeth havia aceitado sua proposta, medalhas comemorativas foram feitas em Londres, com um retrato de Elizabeth e Eric. Mas Eric estava longe de ser um monarca rico e seu casamento com ele, traria poucos benefícios financeiros para a Inglaterra, tampouco um forte aliado europeu. O arquiduque Charles, também foi considerado e seu pedido permaneceu como uma possibilidade durante alguns anos. Mas assim como era necessário considerar as demandas de poder de um marido em potencial, deveria ser necessário levar em consideração sua religião, sendo ela muitas vezes, um sério impedimento para que a união eventualmente ocorresse. O arquiduque era católico e como católico, sua proposta não tornou-se popular pela parcela protestante inglesa ou pelo Conselho de Elizabeth.

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Filipe II da Espanha.

Para complicar ainda mais, parecia que Elizabeth havia apaixonado-se profundamente por um de seus próprios cortesãos, Lord Robert Dudley, seu Mestre da Cavalaria. Eles haviam sido amigos desde a infância e ele, foi um dos poucos em quem Elizabeth confiava. Seu casamento com um amigo protestante e inglês, certamente teria evitado o problema de estrangeiros controlando o país país através de um casamento com a Rainha, evitando também um confronto religioso. Mesmo assim, o casamento deu margem à vários problemas. A competição pelo poder entre a nobreza inglesa era feroz e se Elizabeth se casasse com um nobre, seus rivais no poder ficariam ofendidos e eventualmente, retirariam sua lealdade a ela e até mesmo, mergulhariam o país em uma guerra civil. Além disto, a união não forneceria a Inglaterra, um aliado estrangeiro tão necessário.

Haviam também outras considerações, que faziam com que Dudley fosse particularmente inadequado. Para começar, ele já era casado com uma jovem chamada Amy Robsart e depois, ele era o filho do muito odiado, Duque de Northumberland, que havia sido executado por traição durante o reinado de Maria I, além de ser neto de Edmund Dudley, que também havia sido morto como um traidor no início do século. O próprio Robert Dudley, foi preso na Torre em consequência dos esquemas de seu pai em colocar Lady Jane Grey no trono e era visto com desconfiança, por muitos de seus compatriotas ingleses. A fixação de Elizabeth com ele, no entanto parecia incansável e temia-se que ele pudesse conseguir uma anulação da união com sua esposa e então, se casasse com a rainha. Se Elizabeth cogitou seriamente casar-se com ele ou não, é um dos muitos mistérios de seu reinado, mas a morte repentina da esposa de Dudley em setembro de 1560, pôs fim a qualquer esperança real de casar-se com ele.

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Francis, Duque de Anjou.

O relacionamento entre a Rainha e seu mestre da cavalaria, havia sido objeto de especulação entre o povo na Europa e a fofoca maldosa, circulou a ideia de que Dudley assassinou sua esposa para que pudesse casar-se com Elizabeth. Amy foi encontrada morta no fundo de uma escadaria, com o pescoço quebrado. Muitos acreditavam que sua morte não fora apenas um infeliz acidente. Dudley logo no inicio, foi cogitado como sendo o responsável por sua morte, apesar do fato de que as investigações o declararam inocente, porém se Elizabeth mesmo assim houvesse casado-se com ele, até mesmo ela poderia ser envolvida em tais rumores. Apesar da morte de Amy ter abalado seus planos de casamento pelos próximos 10 anos, Dudley ainda era o candidato mais provável para sua mão e seus assessores, relutantemente reconheciam tal fato.

O único outro sério candidato à mão de Elizabeth, foi Francis, Duque de Alençon e mais tarde, Duque de Anjou. Ele foi filho de Catarina de Medici, Rainha mãe da França e irmão do Rei francês. A proposta não obteve séria consideração, até meados de 1570. Ele era consideravelmente mais jovem que a Rainha e as negociações, foram inteiramente baseadas na necessidade mútua entre a Inglaterra e França tornarem-se aliadas. O sistema tradicional de aliança europeia em que a Inglaterra uniu-se com a Espanha, foi deteriorando-se rapidamente e a Inglaterra, precisava do apoio da França, se esperasse proteger-se contra a Espanha.

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Eric da Suécia.

Os franceses também eram católicos, mas não pareciam hostis para o protestantismo inglês, ao contrário dos espanhóis. Alençon, também era conhecido por ter simpatia com os hugeunots (protestantes franceses), e não seria ruim se ele se casasse com uma rainha protestante. Por uma década, as negociações para a união com Alençon, desempenharam um proeminente papel na política inglesa. As negociações foram interrompidas temporariamente, após o Massacre Bartolomeu, no qual estima-se que seis mil protestantes franceses (incluindo mulheres e crianças), foram mortos. As negociações continuaram quando a necessidade de um aliado, foi novamente pressionada.

Esta foi de longe, a mais séria possibilidade de matrimônio estrangeiro de Elizabeth e parecia durante um tempo, que a rainha de fato casaria-se com ele. Francis chegou a ir para a Inglaterra encontrá-la e parece que a rainha chegou a afeiçoar-se pelo francês, que ela chamava de “sapo”, apesar do fato de que ele não era tão bonito como alguns dos seus pretendentes tinham sido (foi supostamente desfigurado por uma crise de varíola). Elizabeth anunciou diante de alguns cortesãos, que casaria-se com ele, chegando a dar-lhe um anel. Isto agradou aqueles ansiosos para o casamento, mas alarmou aqueles que não queriam a rainha casada com um católico francês. A elite política parecia estar dividida. Haviam aqueles que apoiavam o casamento, como William Cecil e Thomas Radcliffe, Conde de Sussex; e aqueles que foram fortemente contra, como Robert Dudley, Conde de Leicester. Um homem chamado John Stubbes, escreveu um panfleto alertando a Rainha contra o casamento (por este motivo, ele teve sua mão decepada) e o famoso poeta, Sir Philip Sidney, escreveu-lhe uma carta alertando-a contra ele.

0002393Mais uma vez, a política e a religião tornaram difícil um possível casamento da ranha. Elizabeth encontrava-se em uma situação complicada. Ou ela se casava e arriscava sua popularidade e apoio para seu governo com seus quarenta e tantos anos,  ou não casava-se com o Duque de Alençon e jogaria fora sua provável última chance, de ter um casamento e filho para sucedê-la ao trono. Elizabeth parece ter sentido profundamente tal questão e em uma ocasião, quando seu conselho foi debater sobre os prós e contras de um casamento, ela rompeu em prantos. A decisão final se ela casaria-se ou não, no fim permaneceu com Elizabeth, embora sem apoio do país, um casamento não fosse uma atitude sábia.

Ninguém sabe se Elizabeth realmente queria o casamento e é provável, que nem ela soubesse. O namoro (embora não fosse um, é dito como sendo a preliminar para um casamento) com Alençon, havia causado muitos problemas dentro da Corte e do país, além disto, Elizabeth soube que Dudley havia casado-se com sua prima em segundo grau, Lettice Devereux, Condessa de Essex. Embora a história de que ele manteve o casamento em segredo dela, provavelmente seja um apócrifo (Alison Weir em sua recente publicação sobre a Rainha Elizabeth, argumenta persuasivamente, que tal boato tenha tido origem de um historiador do século XVII). Finalmente, após dez anos de planos, o casamento com Alençon, foi definitivamente descartado. Os temores de Elizabeth sobre casamento, mais uma vez passaram a surgir e os problemas que ele poderia causar, o fizeram parecer impraticável.

marria1Por mais de vinte anos, Elizabeth havia sido cortejada pelos mais cobiçados homens da Europa. Os ”jogos de casamentos”, haviam começado a ser parte importante nas relações externas, sendo um recurso valioso ao país. Quando parecia que a Inglaterra estava perdendo aliados, ou em momentos em que a Inglaterra precisava deles, Elizabeth sugeria casamento para respectivos países e independentemente de casar-se ou não, a perspectiva de um casamento com a rainha inglesas, era uma isca grande demais para resistir e Elizabeth poderia ter certeza, de um previsível apoio para o futuro. Quando Elizabeth estava aproximando-se dos 50 anos e não podia mais esperar um filho, ela não poderia mais usar casamentos como armas diplomáticas. O namoro Alençon, foi seu último namoro político. Era certo agora, que Elizabeth jamais casaria-se. Seus estadistas, devem ter ficado aliviados que as negociações, muitas vezes cansativas e intermináveis, chegaram ao fim, embora os perigos da falta de um herdeiro não pudessem ser ignorados, pesando muitas vezes em suas mentes.

A mulher que no início de seu reinado, havia declarado que agradaria imensamente se em sua sepultura estivesse escrito, ”A Rainha, que viveu e reinou de tanto em tanto tempo, viveu e morreu, uma virgem”, no fim, teria seu desejo realizado, sendo para sempre conhecida, como a rainha que não casou-se, a Rainha Virgem.

Lista dos principais pretendentes de Elizabeth I:

Esta lista apresenta os nomes dos principais pretendentes à mão da rainha ao longo de sua vida. Alguns indivíduos aparecem mais de uma vez, visto que seus pedidos foram pensados e repensados. Foram dados a estes pretendentes, uma séria consideração por parte do governo da Rainha, cujo o desejo de sua mão em casamento, teve uma profunda influência sobre a vida política e pessoal dela:

PRIMEIROS ANOS (1534-1557)

1534 Duque de Angoulême (terceiro filho de Francis I)
1543 Filho do conde de Arran
1544 Príncipe Filipe (Filipe II)
1547 Sir Thomas Seymour
1552 Príncipe da Dinamarca
1553 Courtenay, Conde de Devonshire
1554 Philibert Emanuel, duque de Sabóia
1554 Príncipe da Dinamarca
1556 Príncipe Eric da Suécia
1556 Don Carlos (filho de Filipe II)

Como Rainha (1558-1584)

1559 Filipe II
1559 Príncipe Eric da Suécia
1559, filho de John Frederik, Duque da Saxônia
1559 Sir William Pickering
1559 Conde de Arran
1559 Henry Fitzalan, conde de Arundel
1559 Robert Dudley
1560 Rei Eric da Suécia
1560 Adolphus, Duque de Holstein
1560 o Rei Carlos IX
1560 Henry, duque de Anjou
1566 Robert Dudley
1568 Arquiduque Carlos
1570 Henry, Duque de Anjou
1572- 1584 Francis, duque de Alençon, mais tarde Anjou.

FONTES:
ElizabethI.org: AQUI.

 

 

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