Em 23 de Março de 1534, o Parlamento inglês aprovou uma lei (”O Ato de Sucessão”), que fazia com que a sucessão recaísse nas mãos dos filhos nascidos do matrimônio entre Henrique VIII e sua segunda esposa, Ana Bolena; apesar de que o próprio Papa, outrora havia declarado que a união do soberano com sua primeira esposa, Catarina, era válida. Portanto, o decreto fazia com que a pequena princesa Elizabeth, naquele momento, fosse a herdeira do trono, relegando a primogênita Real Maria Tudor, à uma simples figura bastarda. Segundo dizia a lei, todo súdito leal à coroa, ao ser requerido por ela, deveria prestar um juramento, reconhecendo tal posição. Logicamente, tanto Catarina, quanto Maria, negaram prestar tal juramento, e o monarca sabia muito bem, que naquele momento, deveria agir com inteligência e não força, já que o Sacro Imperador Romano, Carlos V, era sobrinho de Catarina e se sua tia recebesse algum tipo de tratamento indevido, ele poderia contra-atacar, com graves represálias. Igualmente, cabe destacar a reticência de Sir Thomas More e o Bispo Fisher em prestar juramento, que por tal desobediência, foram encarcerados na Torre.
Pouco depois, em 21 de Maio, o Rei enviou à casa de Catarina, uma delegação composta por Edward Lee, Arcebispo de York e Cuthbert Tunstall, Bispo de Durham. O papel dos emissários do Monarca, seria tentar persuadi-la para que assinasse o Ato de Sucessão e se caso negar-se fazê-lo, seria acometida de traição. Desdenhosamente, ela lhes disse que ela era Rainha da Inglaterra: “Por lei, o Rei não pode ter outra esposa e deixemos que esta, seja sua resposta”, proclamou Catarina com frieza e serenidade. Ela estava disposta a enfrentar uma cruel pena por traição, que nada mais era que sua própria morte, inclusive, chegou a pedir por uma execução pública. Mesmo que Henrique houvesse desejado seu falecimento, tanto ele como seus partidários, sabiam que no momento em que ordenasse sua condenação, isto poderia ser motivo de revoltas e rebeliões em todo o reino.
Lee e Tunstall, também voltaram sua atenção aos servos de Catarina. Um a um, eles negaram a aceitar a lei. Dentro do grupo de servos, os espanhóis ainda não haviam sido entrevistados ao final do primeiro dia de visita dos emissários. Mas antes de tomarem qualquer decisão, consultaram antes sua senhora. No dia seguinte, concordaram que iam prestar o juramento, embora apenas em sua língua nativa. Lee e Tunstall não relutaram. No entanto, os experientes servos de Catarina, aproveitaram-se da semelhança que existia entre alguns sons da castelhana; que por um lado soam quase igual, mas por outro, escrevem-se de maneira muito diferente. Veja o que aconteceu… Ao invés de jurar que Henrique ”seja feito (sea hecho)”chefe supremo da igreja, ele disseram o contrário ”foi feito (se ha hecho)”, ou seja, davam a entender que o mesmo Rei, ”auto-proclamou-se chefe da igreja”. E foi assim que os espanhóis, burlaram os ingleses. Como podem ver, a lealdade dos servos de Catarina, manteve-se firme até o final.
FONTES:
Artigo escrito por Lady Caroline. Leia em espanhol: AQUI.
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