Hoje, dia 12 de Junho, é comemorado o Dia dos Namorados aqui no Brasil. Para homenagear tal data, resolvemos fazer algo diferente. Ao invés de abordar algo relacionado à Dinastia Tudor – como de costume – e perguntar qual esposa o monarca Henrique VIII mais amou ( correndo o risco de receber respostas baseadas na química televisiva dos atores Jonathan Rhys Meyers e Natalie Dormer), ou fazer uma lista de todos os casamentos Tudor, resolvemos inovar. Para isto, deixamos de lado a aura ”Tudor” e fomos atrás de outros casais que, amaram-se profundamente, sem que um tivesse que matar o outro (o que, infelizmente, muitos parecem confundir com amor) fosse de desgosto, fosse decepando a cabeça, ou fazendo com que a todo custo, sua consorte lhe entregasse um herdeiro varão. No entanto, isto não quer dizer que os finais vão ser dignos de contos de fada… Não. Não serão. Pois afinal, estes são contos de História! Acompanhe:
Teodora e Justiniano:
Imaginem um cenário, onde uma dançarina, atriz e artista de circo, filha de domadores de ursos, poderia chegar um dia, a tornar-se Imperatriz de Constantinopla, a “Roma do Oriente” e uma pessoa tão influente, a ponto de ajudar a criar leis que beneficiassem às mulheres. Teodora é considerada uma das primeiras protofeministas a que se tem registros, criando legislações em prol do bem-estar das mulheres.
Justiniano era sobrinho do Imperador Justino, que preparou-o como seu herdeiro desde cedo. Acontece que, o herdeiro do Império de Roma, apaixonou-se perdidamente por Teodora. Seu tio aprovara o matrimônio, pois percebera que a escolhida de seu sobrinho, além de bela e talentosa, era muito inteligente; ligada a assuntos políticos e religiosos. Quem não gostou muito da ideia, foi a tia de Justiniano, mas ela nada pôde fazer, tendo portanto, que aceitar que a filha de um domador de ursos tornaria-se Imperatriz de toda a Constantinopla.
O ápice da vida política de Teodora, foi quando ocorreu a Revolta de Nika, onde grupos políticos rivais uniram-se contra o Imperador Justiniano I, seu esposo. Tamanha foi a revolta, que em um momento de medo, Justiniano planejava uma forma de fugirem a salvo. Ao escutar isto, Teodora foi de encontro ao marido e seus apoiadores, exclamando:
”Ainda mesmo que a fuga seja a única salvação, não fugirei, pois aqueles que usam a coroa, não devem sobreviver à sua perda. Se queres fugir, César, foge; eu ficarei, pois a púrpura é uma bela mortalha.”
Em suma: melhor ficar, lutar e morrer como um Imperador, do que fugir e sobreviver. Justiniano escutou Teodora e a revolta de Nika foi repreendida. Teodora nasceu em meados de 500 depois de cristo e faleceu em 548, deixando um esposo devastado, mas firme e forte no trono até 565, data de sua morte.
Abelardo e Heloísa:
Esta história não é tão “alegre” quanto a anterior e tampouco deve passar despercebid0, que tal relacionamento iniciou-se entre um professor e sua aluna, o que é altamente problemático. Em todo modo, o amor entre ambos fora tão forte, que não só sobrevivera às atribulações que sua relação trouxe como consequência, como contou com um extenso trabalho filosófico desenvolvido a partir disso.
Heloísa era uma jovem muito inteligente e reconhecida por tal característica. Trabalhava para seu tio, um religioso chamado Fulbert, em Paris. Ela também fora aluna de Abelardo, filosofo por quem acabara apaixonando-se.
O sentimento era recíproco, o que levou ambos a um casamento secreto. Porém, não demorou muito para que as novas de tal união, chegassem aos ouvidos de seu tio e sua sociedade. De acordo com alguns registros, Fulbert, tio de Heloísa, teria ficado furioso ao saber do enlace, tendo como vingança, castrado Abelardo.
Abelardo acabou tornando-se monge, enquanto que Heloísa tornou-se abadessa. Entretanto, ambos continuaram relacionando-se através de correspondências. Heloísa direcionou 42 perguntas teológicas a Abelardo, que ficaram conhecidas como: ”Problemata Heloissae”.
Inês de Castro e Pedro de Portugal:
Esta é sem dúvidas, uma das mais famosas e trágicas historias de amor envolvendo a realeza européia. Inês de Castro, foi uma bela nobre galega de ascendência castelhana, que ingressou a serviço da Princesa de Portugal, Constança de Castela, esposa do então Príncipe Pedro, herdeiro do trono de Portugal. Entretanto, Pedro não tinha olhos para sua esposa, mas sim, para a nobre castelhana que a servia, Inês de Castro. Afonso IV, o pai do príncipe, era totalmente contra este envolvimento que, ao que tudo indicara, não havia lhe gerado apenas netos, mas também um casamento secreto.
O rei Afonso, junto de alguns leais à sua causa, executou então um plano para assassinar Inês – que ocorreu terrivelmente dentro do previsto. De acordo com a história, Inês foi morta pedindo clemência, com o filho mais jovem em seus braços. Pedro não ficou apenas devastado com o assassinato de sua adorada Inês, ele ficara cego de fúria.
O mais simbólico ato, e talvez, a maior prova de amor que Pedro deu à Inês, foi quando subiu ao trono, tornando-se Pedro I de Portugal. Ele ordenou que pegassem o corpo de sua amada, coroando-a então, como Rainha póstuma de Portugal e fazendo a cerimônia do beija-mão; ou seja, os nobres portugueses beijavam a mão da rainha morta, que outrora tanto odiaram.
Maria de Padilha e Pedro I de Castela:
Esta é uma de minhas histórias favoritas, pois é envolta de uma forte aura de misticismo. Maria de Padilha foi amante de Pedro I de Castela (não confundir com Pedro I de Portugal), também conhecido como “O cruel”. Pedro, por sua vez, iria casar-se com a princesa da França, Branca de Bourbon. Como o tórrido romance entre Maria e Pedro não era segredo a ninguém, a própria Branca tinha conhecimento do caso.
Pedro, muito apaixonado, abandona Branca, rompe a aliança com a França e casa-se secretamente com Maria de Padilha. Branca fora afastada da corte, sendo enviada à vários lugares, até que acaba falecendo. Muitos afirmam que Maria de Padilha foi quem mandou matá-la com veneno. Como sabemos que a vida dá voltas, Maria de Padilha não chegou a reinar meio ano, pois ela também veio a falecer, deixando um rei atordoado e 4 infantes.
Duas curiosidades sobre Maria Padilha: Ja ouviram falar naquela entidade da quimbanda, chamada “Maria Padilha das Almas”? Caso a resposta seja sim, existem estudos que relacionam esta entidade, com Maria de Padilha, Rainha de Castela.
Outra curiosidade é que, a dinastia Tudor, descende deste casal. Uma das filhas de Maria e Pedro, Isabel, casou-se com Edmundo Plantageneta, Duque de York. Eles por sua vez, tiveram como tataraneto, Eduardo IV da Inglaterra, que foi o avô materno de Henrique VIII (falamos disto AQUI).
Hurrem Sultana e Suleiman, o Magnifico:
Poucos conhecem este incrível casal. É uma pena, pois o Império Otomano, teve um período inteiro, em que foi politicamente liderado por mulheres, conhecido como o Sultanato das mulheres. É neste período, que encontramos Hurrem Sultana.
Hurrem chegou ao harém como uma concubina, mas logo cativou Suleiman com seu jeito alegre, chamando a atenção e comprando briga com a antiga favorita do sultão, Mahidevran. Hurrem deu à luz 5 filhos, sendo 4 deles, príncipes. Com certeza, tal fator favoreceu muito à Hurrem, mas além disto, sua tenacidade política e força, também foram marcantes.
A sultana ajudou a eliminar o filho mais velho do sultão e de Mahidevran, Mustafá, um príncipe adorado entre o exercito e a população, levando à várias revoltas.
Suleiman foi um dos homens mais importantes do século XVI, batendo de frente com Carlos V. Ambos eram, sem dúvidas, as duas grandes forças do período, e junto do sultão, estava Hurrem, que o governava. Entretanto, conforme mencionado anteriormente, tudo que vai, volta. Hurrem, que havia ajudado a eliminar Mustafá, acabou perdendo 2 filhos, para sua grande tristeza. Após sua morte, em 1558, seus dois filhos restantes acabam se matando pelo trono otomano e quem acaba vencendo é Selim II, que, ironicamente, paga uma pensão anual à Mahidevran e constrói uma grande tumba em homenagem a seu meio-irmão, Mustafá.
Karin Månsdotter e Erik da Suécia:
Karin era filha de um soldado e uma camponesa, ainda assim, suas origens humildes e plebéias, não foram o suficiente para afastá-la do rei da Suécia, que apaixonou-se perdidamente por ela. Acreditam que ela começou um relacionamento com o monarca, em 1565, sendo considerada a primeira amante real da Suécia. Karin andava juntamente do rei em cerimônias oficiais, vestia roupas finas e seus aposentos eram ligados aos do monarca. Erik, que um dia tivera diversas amantes, abandonou todas por Karin.
Em 1567, Erik decide casar-se com Karin, uma decisão tensa. No entanto, o monarca não importa-se, pois seu amor pela dama, é muito maior que acordos diplomáticos ou status. Erik era completamente dependente de sua amada, que era conhecida por ser a única que conseguia acalmá-lo quando estava mediante suas crises e rompantes de raiva.
Após o casamento e coroação, ela torna-se Rainha da Suécia. No entanto, a situação política é instável e muito complicada, e seu casamento com um rei perturbado, foi demais para o reino. O rei foi deposto, ambos foram presos em 1570 e depois separados. Karin foi exilada na Finlândia com a filha, recebendo uma pensão por respeito à sua condição de outrora Rainha da Suécia. Seu único filho com o rei, fora morto anos depois.
FONTES:
SO-RUMMET: AQUI.
History and Women: AQUI.
Inês de Castro – A Época e a Memória; Megiani,Ana Paula Torres
Teodora – A Imperatriz de Bizâncio; Francis Févre
O Sultanato das Mulheres
Republicou isso em tudors & other historiese comentado:
I love this. We think of Anne and Henry as THE couple that changed history but we clearly haven’t gotten out of our comfort zone. There was a world out there BESIDES England and I love this blog for pointing it out. These couples changed history, for the better or worse depending on your point of view. Theodora and Justinian is my favorite on this list!
Xonei pela Heloisa e Abelardo e também pelo casal Hurrem Sultana e Suleiman, o Magnifico