[Antes de iniciar a leitura, acesse – Arabella Stuart – Parte I]
Em janeiro de 1587, Maria Stuart recebe sua sentença de morte e algumas semanas mais tarde, a Rainha da Escócia morre no Castelo de Fotheringay – Inglaterra.
Enquanto a população de Londres dançava nas ruas em comemoração ao medonho evento, é possível que a pequena Arabella, então com com 11 anos de idade, estivesse sofrendo em memória da senhora que conhecera durante toda sua vida e que tamanha bondade experimentou. É improvável – devida a até então relação da criança com seu status pessoal – que Arabella tenha pensado na mulher morta, como apenas outra barreira que fora removida de seu caminho rumo ao trono.
James VI, Rei da Escócia, foi assumido como presuntivo herdeiro sucessório ao trono da Inglaterra, porém, Elizabeth permaneceu sem nomear seu sucessor. A alegação de Arabella era tão válida quanto a de James, mas com uma qualificação ainda melhor e mais importante: Arabella havia nascido na Inglaterra, enquanto James era de origem estrangeira e pela Lei Inglesa, este fato o impedia de suceder a rainha.
O Rei da Escócia insistiu em um documento escrito, que a rainha garantisse a sua sucessão. Mais do que isto, ele teve a altivez de solicitar que Elizabeth fizesse com que o outro requerente [Arabella], não contraísse um casamento que pudesse fortalecer a sua posição. Qualquer conversa sobre sucessão pressupunha a morte de Elizabeth, e este era um assunto que rainha – como boa filha de Henrique VIII – não podia suportar a contemplar.
Para ensinar a James uma lição por ousar presumir muito, Elizabeth prontamente e abertamente, reconheceu que havia uma outra pessoa na corrida pelo trono e Arabella foi convidada à Corte, pela primeira vez. Temporariamente sob uma nuvem de desagrado real por causa de sua disputa conjugal com Shrewsbury, Bess não pode acompanhar a criança à Corte, porém, mandou a menina sob os cuidados de seu filho, Charles Cavendish e durante o verão de 1587, Arabella ficou hospedada em Londres com Mary Talbot em Shrewsbury House. Em agosto daquele ano, com 12 anos de idade, a jovem enfim chegou a Corte, tendo o prazer de jantar com a Rainha Elizabeth em pessoa.
Na Corte, Arabella foi tratada com toda a deferência que sua estimada posição requeria e como a única princesa de sangue na Inglaterra. A partir deste momento, ela teve precedência sobre todas as outras senhoras inglesas.
Em 1588 Arabella voltou à Corte, mas este episódio é registrado como uma grande desgraça. Não sabe-se como ou porque, a jovem insistiu ser mais importante do que outros na presença da Rainha, afirmação que causou conflitos e fez com que ela fosse convidada a retirar-se da Corte pelo Mestre de Cerimônias.
Em 1590, Lorde Shrewsbury morreu e Bess recuperou todas as suas terras, tornando-se assim, a mulher mais rica na Inglaterra depois da rainha.
Em 1592, foi discuto um matrimônio entre a jovem Arabella e Raunutio Farnese, o filho do Duque de Parma. O Duque desejava ver um retrato desta importante jovem dama e duas miniaturas de Arabella – feitas por Hilliard- foram encomendadas e enviadas para Parma. Infelizmente, o Duque morrera pouco depois, deixando todos os planos de um casamento para a jovem, rompidos novamente.
Houveram muitas tentativas em restabelecer a Igreja Católica no trono, via Arabella e um boato surgiu de que Henry Percy, nono Conde de Northumberland e poderoso católico, estava interessado em desposar a jovem. Os Percys exerciam uma grande influência no Norte, onde os nobres eram conhecidos por serem simpáticos à causa de Maria, Rainha dos Escoceses.
A Rainha Elizabeth sabia que os Percys eram potenciais causadores de problemas e eles também possuíam um histórico familiar de trocar de lado quando seu favorável não inspirava confiança. Henry Percy não tinha nenhum motivo para amar a governante protestante da Inglaterra, mas Bess assegurou à rainha, que isto não iria acontecer.
No ano de 1602, Arabella não estava ficando mais jovem e ansiava por um casamento. Assim, ela começou a traçar seu próprio matrimônio com Edward Seymour, o neto mais velho do Conde de Hertford e Catherine Grey. Uma união poderosa, visto que tanto Arabella quanto Edward, eram pretendentes ao trono.
Um servo chamado Dodderage foi enviado por Arabella – em um cavalo fornecida por Henry Cavendish – com uma mensagem sobre seu casamento com Edward Seymour. Em 30 de dezembro de 1602, Dodderage foi preso quando chegava a portaria em Westminster, acusado de estar envolvido em uma conspiração contra a rainha da Inglaterra. Enquanto isto, Arabella aguardava o retorno de Dodderage e Edward Seymour – seu futuro marido.
Em 07 de janeiro de 1603, Sir Henry Bronker – enviado por Elizabeth – chegou em Hardwick. Ele deu uma carta para Bess e pediu para falar com ela em particular. Assim, Arabella decidiu escrever sua confissão em papel, implorando o perdão da Rainha [No entanto, Henry ficou insatisfeito com o que ela escreveu, de modo que ele mesmo finalmente escreveu a confissão e ela simplesmente assinou].
Bess pediu que sua neta fosse instalada em outro local, para aprender a ser mais atenciosa ou para que fosse dada em casamento, porém, a rainha desejava para ela ficasse em Hardwick – onde seus cavalheiros e damas poderiam vigiar suas ações. Bess respondeu informando à rainha, que ela não poderia garantir um bom transporte para Arabella, que recusou-se a comer até que fosse retirada de Hardwick.
CONTINUA…