Eduardo I da Inglaterra, estava resoluto a impor seu domínio nas Ilhas Britânicas. Ele seguiu os passos de seu pai – Henrique III -, na tentativa de subjugar e até mesmo anexar Gales ao território inglês. Em uma série de campanhas que ocorreram em 1277 e 1282/1283, Eduardo reduziu nomeadamente as terras do Principado de Gales e finalmente, invadiu todo seu território. A maior parte destas terras, foram mantidas como um feudo real e eventualmente tornaram-se pelo costume de dote, legadas ao herdeiro do trono Inglês – que ficou conhecido como o Príncipe de Gales. Era o fim da independência para o povo de Gales e eles sabiam disto.
Eduardo então, voltou seus olhos para a Escócia. A oportunidade providencial, apresentou-se em 1287, quando Alexander III – Rei da Escócia, morreu em uma misteriosa queda de seu cavalo tarde da noite, na praia perto de Pettycur. Ele deixou como herdeiro, sua jovem neta Margaret, filha de Erik II – Rei da Noruega. Após serem concluídas as negociações, Margaret foi reconhecida como Rainha e foram feitos planos para sua viagem para a Escócia. Em um triste rumo dos acontecimentos, ela morreu na viagem, deixando vários confusos pretendentes ao trono.
Os guardiões da Escócia, perceberam que tinham uma complicada situação em suas mãos e pediram ao rei Eduardo I, adjudicar uma solução. Eduardo era internacionalmente respeitado, bem como um especialista em questões jurídicas. Ele usou sua posição como juiz para reivindicar soberania da Escócia e clamou John Balliol como rei. Ele então, começou a fazer extremas exigências ao povo da Escócia – como altos impostos e soldados para lutar suas guerras. Os escoceses como resposta, concluíram o “Auld Alliance” com a França, em 1295. Isto deixou Eduardo furioso e uma guerra contra o povo escocês teve início. Em 1296, ele atacou a cidade de Berwick e adentrou ainda mais a Escócia, onde derrotou as tropas escocesas na batalha de Dunbar.
Eduardo estava agora no controle da Escócia e exigiu o tesouro e símbolos da nação – em particular, as jóias da coroa e a Pedra da Coroação ou Pedra de Scone, que havia enviado para a Inglaterra. A Pedra da Coroação, havia desempenhado um papel crucial no empossamento de reis escoceses por séculos. A apreensão da Pedra pelos ingleses, era um claro sinal para os escoceses, que eles haviam sido derrotados e a partir de então, Eduardo e seus descendentes reinariam sobre eles.
O Trono é encomendado para guardar a Pedra da Coroação:
Eduardo contratou seu ourives, Adam, para fazer um trono de bronze, com uma espécie de caixa de troféus para guardar a pedra. O dinheiro foi gasto, mas eventualmente, Eduardo abandonou a idéia inicial de um trono de bronze, para um trono menos caro. Em 1297, Walter de Durham, o pintor do rei, foi contratado para construir e pintar de dourado um trono de madeira com decorações de vidro e escudos ao redor da grade na base. Dois leopardos que haviam sido feitos pelo ourives, foram usados como brasões para o trono de madeira. Ele foi concluído e colocado perto do santuário de St. Edward, o Confessor, na Abadia de Westminster.
Um exame do século XX do trono, revelou que ele pode ter sido decorado em duas fases distintas. O trono original, possuía um projeto simples, que consistia em um revestimento geral de tinta de chumbo branco, com desenhos coloridos e inscrição de vermelhão nos postes e pináculos. O segundo conjunto de ornamentações, era mais complexo e incluiu douramento abrangente, vidro colorido e esmaltes pintados, cobertos com vidro transparente. O douramento incluiu treliças de madeira de carvalho e vinha, folhas com pássaros, uma gárgula, um cavaleiro a cavalo e um homem verde. Parte desta decoração, ainda permanece visível. Na parte de trás do trono, foi pintada a imagem de um rei em vestes de ofício, com os pés descansando sobre um leão. Esta foi provavelmente, uma representação do Rei Eduardo, o Confessor. O exterior do encosto da cadeira, também foi altamente decorado, com oito reis em pé.
Não há nenhuma evidência de que Eduardo construiu o trono de repouso da pedra, para coroações. A primeira evidência registrada de um rei usando o trono para este propósito, foi para o Rei Henrique IV, em 1399, mas há alguma evidência circunstancial, de que ele foi usado para tal finalidade desde então. Existe uma descrição contemporânea do Rei Eduardo II, em uma cadeira que lembra o trono da coroação. E o mais antigo retrato contemporâneo de um Rei – o de Ricardo II -, que atualmente está pendurado na Abadia de Westminster, mosta-o sentado no trono, embora o registro oficial de coroações, não mencione que ele fora coroado nele.
O livro ”Illustrated History of the Coronation of King James II”, de Francis Sandford – publicado em 1687 -, tem o primeiro retrato fiel do trono. Ele aparece com quatro leões em torno de sua base. Estes podem ter sido adicionados para a coroação do Rei Henrique VIII, em 1509. O trono estava começando a mostrar sérios indícios de dilapidação, em 1727. Iniciais estavam sendo esculpidas nele, por estudantes de Westminster. Os escudos que cercavam a grade sobre a base, haviam sido reduzidos de dez, para quatro e meio. Para a coroação do rei George II, ele passou por grandes reformas. Quatro novos leões foram substituídos – os que vemos atualmente. Hastes foram adicionadas para reforçar a base.
O trono passaria por outra rodada de reparos, antes da coroação do rei George IV. Os leões e a base, foram novamente dourados e os pináculos foram serrados e substituídos. A base foi reforçada com barras de ferro para suportar a pedra. No ano seguinte, os pináculos originais foram pregados novamente. O último dos escudos da grade, desapareceu junto com todas as decorações de vidro. Uma dilapidação ainda pior, ocorreu quando sacristãos cobraram uma pequena taxa, para permitir que os visitantes sentassem no trono – mais nomes de estudantes, foram então adicionados.
Durante o reinado da Rainha Vitória, o trono foi “melhorado”, adicionando uma camada de tinta marrom e as outras áreas envidraçadas, cobertas de tinta preta. A Câmara dos Comuns, ficou alarmada com a drástica mudança na aparência do trono e relataram ao Comissário de Obras o desagrado. Estava determinado que os vernizes e tintas seriam removidos, mas isto causaria ainda mais danos ao trono e algumas partes da pintura, permaneceriam presas à madeira.
Em 1914, quando as sufragistas estavam no auge de suas manifestações políticas pelo voto para as mulheres, alguém pendurou um saco com uma pequena bomba nele, sobre o pináculo direito. A bomba foi feita de duas buzinas de bicicleta, envoltas em porcas e parafusos. A bomba explodiu, arrancando fora o pináculo e causando profundos talhos na cadeira. Durante a Segunda Guerra Mundial, o cânone de Westminster e capelão do rei George VI, Frank Russell Barry, removeu o trono da Abadia, para a cripta da Catedral de Gloucester, mantendo-o seguro contra danos futuros.
Em 2010, o trono foi removido do plinto e um sistemático e aprofundado trabalho de restauração, foi iniciado. O verniz e a cera, foram removidos. A tinta marrom Vitoriana foi retirada, revelando mais do douramento original. A integridade do trono foi testada, para ter certeza de que poderia suportar a Pedra da Coroação novamente, se necessário. Ele agora repousa na nave, pelo grande portal leste, atrás de uma caixa de vidro, onde todos os visitantes podem vê-lo.
O Trono e suas coroações:
Todos os Reis e Rainhas, de Henrique IV até Elizabeth II, foram coroados na cadeira do Rei Eduardo, com algumas exceções. Eduardo V, o jovem filho do rei Eduardo IV – que desapareceu na Torre de Londres, em 1483 – foi deposto antes da data prevista para a sua coroação, em 6 de julho de 1483. Lady Jane Grey, foi proclamada Rainha em 10 de julho de 1553, mas sua reivindicação desmoronou após nove dias e Maria Tudor, filha de Henrique VIII, foi declarada Rainha Maria I da Inglaterra. Maria sentou-se no trono por homenagem, mas foi realmente coroada em um trono diferente, em 01 de outubro de 1553.
Maria II tornou-se soberana conjunta com o marido William de Orange, após a abdicação de seu pai, o Rei James II – na Revolução Gloriosa, de 1688. Como haviam dois monarcas para serem coroados, um trono duplicado foi feito para a coroação, em 11 de abril de 1689. O Rei Eduardo VIII, abdicou ao trono em 10 de dezembro de 1936, em favor de seu irmão, para casar-se com a mulher que amava, Wallace Simpson, antes da data prevista para a sua coroação – em 12 de maio de 1937.
Quando Oliver Cromwell estabeleceu o protetorado após a execução do rei Charles I, ele representou a si, não como um rei, porém mais como o governador de Massachusetts. Houve um grande debate sobre a monarquia em 1657 e um declínio gradual em relação ao estilo monárquico, até que houvesse uma segunda posse de Cromwell, como Lorde Protetor, que levantou os aspectos de uma coroação. O Trono de Coroação, foi levado para Westminster Hall, onde ele sentou-se usando trajes púrpuras, adornados com arminho e recebeu uma espada da justiça e um cetro, mas não uma espada ou coroa.
A Pedra de Scone, foi roubada da Abadia de Westminster em um ousado assalto, no dia de Natal de 1950. O trono de Coroação foi danificado quando a pedra foi removida. Após sumir durante três meses, a pedra foi encontrada e devolvida para a Abadia. Porém, uma discussão foi iniciada sobre seu retorno permanentemente para à Escócia. Não foi até 1996, que a Pedra Scone finalmente retornou à Escócia e agora reside no Castelo de Edimburgo, juntamente com as outras jóias da coroa escocesa.
FONTES:
Este artigo foi escrito por Susan Abernethy, dona da página The Freelance History Writer. Leia em inglês: AQUI.