Seriam os Tudors descendentes de africanos mouros?

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Filipa de Hainault (24 de junho de 1314 – 15 de agosto de 1369) era a rainha-consorte de Eduardo III da Inglaterra. Ela era filha do Conde de Hainault nos Países Baixos (agora na Bélgica). Eduardo II, pai do príncipe herdeiro da Inglaterra, enviou um homem para Hainault, a fim de apresentar um relato sobre a possível noiva e quem sabe, futura rainha da Inglaterra. Seu enviado a descreveu assim: –

“A senhora que vimos, tem o cabelo entre marrom e preto azulado. Sua cabeça é bem formada; a testa alta e larga e um pouco protuberante. Seu rosto estreita entre os olhos e a parte inferior do rosto é ainda mais fina e comprida do que a testa. Seus olhos são escuros. Seu nariz é bastante suave, exceto que é um pouco largo na ponta e achatado, não é de nariz arrebitado. Suas narinas também são amplas, com a boca bastante ampla. Seus lábios um pouco cheios e especialmente, o lábio inferior… Todos os seus membros são bem definidos e nada está errado, tanto quanto um homem pode ver. Além disto, ela é marrom da pele e de todo, e muito parecida com seu pai; ela é sobretudo, bastante agradável, assim parece para nós”.

O príncipe negro. Notem a cor da pele...
O príncipe negro.

Não há imagens contemporâneas de Filipa, as que foram criadas, aparentam uma mulher de feições delicadas, caucasiana e muito normal, nada parecido com a mulher “marrom” descrita quando era viva.

Filipa foi uma das rainhas mais queridas da Inglaterra e verdadeiramente amada por seu esposo. Ela também descendia de quatro reis – da Hungria, Aragão, Nápoles e França.

Outro dado interessante que aponta para uma rainha de pele mais escura, é sua descendência. Seu filho mais velho, Eduardo príncipe de Gales, era reconhecido como “o príncipe negro”. Muitos faziam esta conexão com a armadura escura que o príncipe usava, porém Eduardo também era chamado de “Le Noir” desde a infância, que em francês significa “o negro”.
Filipa é ancestral de Henrique VIII por via materna, sendo ela, a mãe de Eduardo Lagley, o primeiro Duque de York – Casado com a infanta Isabela de Castela; um de seus descendentes é o rei Eduardo IV, avô materno de Henrique VIII.

É interessante mencionar que, Philippa não é a única rainha consorte britânica a suspeitarem ser negra. Avançando mais de quatrocentos anos, podemos mencionar Charlotte de Mecklenburg (19 de maio de 1744 – 17 de novembro de 1818), rainha da Grã-Bretanha e consorte de George III. Ela era princesa de Mecklenburg-Strelitz – um pequeno ducado dentro do Sacro Império Romano – e era descendente de Margarita de Castro – a filha de Afonso III de Portugal, e sua amante, Mourana Gil, uma africana de ascendência mourisca. Muitas vezes, são apontados diversos aspectos físicos sub-saarianos distintos nos retratos da Rainha Charlotte, características que não parecem ter sido transmitidas para sua neta, a Rainha Vitória, a partir de quem a família real inglesa atual descende.

Em um poema escrito para Charlotte no ocasião de seu matrimônio com George, ela é referida como semelhante a seus antepassados ”Vandal”- uma raça tribal africana-romana.

Descendente da raça bélica Vandal,
Ela ainda preserva este título em seu rosto.
Tu brilhastes teus triunfos sobre a planície da Numídia,
E os campos Alusian mantém teu nome;
Eles subjugaram o mundo do sul com os braços,
Ela ainda vence com seus encantos triunfantes,
Ó! nascida para governar – para cujo vitorioso semblante,
O maior monarca do norte deve-se curvar.

As pessoas na Corte de George, mencionavam o nariz largo da rainha. O médico Baron Stockmar, disse em sua autobiografia, que a Rainha possuía uma “verdadeira face mestiça”. Assim como Philippa, Charlotte não foi considerada bela para os padrões da época; quando o Rei George enviou olheiros para conhecer sua noiva, nenhum deles achou-a atraente, mas concordaram que era saudável, amável e alegre. Mesmo Charles Dickens, comentou sobre ela: Na primeira página de seu livro ”A Tale of Two Cities”, ele diz: “Havia um rei com uma grande mandíbula e uma rainha com a face plana sobre o trono da Inglaterra.”

Controvérsias:
Logo após a teoria racial de Charlotte ser amplamente divulgada no Reino Unido, muitos pesquisadores tentaram desmentir tais relações, fazendo o assunto tornar-se cada vez mais polêmico.

O primeiro argumento foi sobre a Tribo dos Vandals. Segundo alguns historiadores ingleses, os Vandals eram um povo de origem germânica, que migrou para Andaluzia e depois África, onde estabeleceram seu reino. Ou seja, em suma, segundo eles, a intenção do poema fora realçar a ancestralidade germânica de Charlotte, e não o contrário.

Em seguida, eles referem-se aos traços de Charlotte, dizendo que ela não poderia tê-los herdado de sua antepassada negra, uma vez que esta era distante, e ela possuía inúmeros antepassados brancos.

Entretanto, sabemos que isto não é impossível, uma vez que, ao possuir antepassados negros, você carrega suas características em seu DNA, podendo manifestar-se cedo ou tarde em sua árvore genealógica.
Quanto a questão dos Vandals, seu reinado no norte da África, possibilitou o contato com povos africanos, tornando-os um povo de raça mista, ou negra.

Conclusão:

Assim como a Rainha Philippa antes dela, Charlotte era um amante das artes e literatura e tentou avançar na questão dos charlotte-and-childrendireitos das mulheres. Quando seu marido foi atingido com seus periódicos acessos de “loucura”, ela competentemente governou a Grã-Bretanha em seu nome. Com quinze filhos, treze dos quais sobreviveram até a idade adulta, ela, assim como Philippa, foi vista com carinho, como a “mãe” do reino.

Tanto Philippa quanto Charlotte, tiveram qualquer potencial ascendência mourisca, removida por várias gerações; no entanto, a tendência que a realeza européia tinha de casar-se entre si, provavelmente preservou traços dominantes e fez esta piscina de genes, incomumente pequena. Não é muito difícil imaginar que, as características mais interessantes de seus contribuintes mais variados desta piscina genética, pode ter vindo à tona, em alguns dos hoi-polloi europeus, incluindo duas das mulheres destinadas a tornarem-se rainhas consortes da Inglaterra e mães das gerações posteriores reais, perpetuando o gene dos mouros. Quem sabe no futuro – se a monarquia continuar existindo – não veremos um rei negro?

FONTES:
Erin Lawless: AQUI.
The Guardian – Race Monarchy: AQUI.

3 comentários Adicione o seu

  1. Helena Gouveia disse:

    É estranho eles terem escondido que eram descendentes de africanos…E mais, como eles teriam se casado com negros? Achei que era um imenso tabu na época. Muito interessante, só faltou a fonte :/.

    Abcs.

    1. Tudor Brasil disse:

      Como a pesquisa foi fornecida por nossa colaboradora, estou esperando ela passar a fonte (por isso sequer divulguei o artigo em outros locais) – Divulgada. Esta não é uma teoria recente, e é interessante lembrar que, casamentos reais, eram acima de tudo, realizados por interesses políticos e depois, por etnias.

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