Sim, segundo afirma a pesquisadora Alison Weir em sua página no Facebook. Segundo ela, o retrato mais famoso até então atribuído à Catarina de Aragão, é na realidade de sua cunhada Maria Tudor Brandon. A pesquisa oficial, foi realizada por Paul Matthews e publicada em 2008. Segundo Weir, o Museu Kunsthistorisches, em Viena – local onde encontra-se o retrato acima – ao saber de tal informação, renomeou-o para: Maria Tudor.
Como sabemos, este retrato de uma jovem mulher cabisbaixa, de cabelos ruivos e pele alva, com rosto rechonchudo e traços semelhantes aos descritos como sendo de Catarina de Aragão, é o retrato mais famoso atribuído à primeira consorte de Henrique VIII. Este retrato, anteriormente classificado como ”retrato de uma nobre desconhecida”, data do início do século XVI e foi identificado em 1915, por Friedländer, como sendo a jovem Catarina de Aragão, em meados de 1500/1505, pintado por Michel Sittow.
Ele argumentou que Sittow, foi o retratista favorito na Corte de Isabel I de Castela, estreitando a identidade da mulher, com um membro da realeza espanhola. Segundo Matthews, que contestou tal informação, o retrato era de Maria Tudor, irmã de Henrique VIII, e foi pintado em 1514. Matthews também afirmou que o primeiro a identificar o pintor como sendo Michel Sittow, foi Gustav Glück, em 1933.
Segundo Matthews, Glück propôs que ele havia sido pintado durante uma hipotética visita de Sittow à Inglaterra. Ele acreditava que Sittow havia visitado à Corte de Henrique VII em 1505, provavelmente enviado pela comitiva Habsburgo, para arranjar o casamento entre Henrique VII e Margaret da Áustria, filha de Maximiliano I. No entanto, não há registros da estada de Sittow na Inglaterra durante este período.
Quanto a diferenças entre este e outros retratos identificados como Maria, Alison Weir explica que diferenças como tonalidades na pele, cabelo e olhos, além de estrutura faciais, podem variar da visão de um artista para o outro e utiliza como exemplo, alguns retratos de Catarina Parr, onde a sexta esposa de Henrique, muda drasticamente de aparência. Já Matthews, afirma que o único retrato seguramente pintado durante a vida de Maria, é o elaborado por Joannus Corvus, exposto atualmente no castelo de Sudeley, embora não saibamos se Maria posou para o artista durante sua realização.

Porém, a dúvida que não quer calar é: Se o principal retrato de Catarina de Aragão na realidade é de Maria Tudor, então porque a simbologia é tão fortemente ligada à primeira esposa de Henrique VIII?
As vieiras (conchas) em sua indumentária, representam o apóstolo São Tiago e foram costuradas em sua roupa, como um símbolo de que a utente havia feito uma peregrinação à Santiago de Compostela, na Espanha. Já o ”K” em seu colar, pode representar seu nome Katherine, ao contrário de um ”M”, que representaria Maria.
Alison no entanto, responde que:
O ”K” que aparece no retrato, pode significar Karolus (Charles de Castela, o Arquiduque da Áustria, que deu à Maria uma jóia com o formato de um K, guarnecida com diamantes e pérolas). As conchas, também foram vistas em um retrato atualmente perdido, conhecido à partir de cópias, de Margaret da Áustria – que foi a guardiã de Charles. Era costume que as princesas adotassem o traje nacional de seus parceiros e como prometida de Charles, Maria podia tê-lo feito.
A retratada está usando um vestido segundo à moda de Borgonha, com um capelo beguine, que nunca foi usado na Inglaterra. Se Catarina houvesse posado para um retrato, ela estaria usando a moda inglesa e não a de Borgonha. Já Maria, teria provavelmente usado este vestido após seu noivado. Henrique VIII, queria que ela tivesse um vestido de casamento da Borgonha, já Catarina de Aragão, não teria razões para usar tal vestido. Um retrato de Maria estava sob a posse de Maximiliano, bem como a existência deste retrato em Viena e a cópia em Innsbruck, sugerem que isto pode ter sido uma proveniência Habsburgo.”
Explicando melhor:
Em 27 de dezembro de 1507, o Imperador Maximiliano I, chegou a um acordo de casar Maria com seu neto de seis anos de idade, Charles de Ghent (futuro Charles ou Carlos V). Quando o pai de Maria, Henrique VII, morreu em 22 de abril de 1509, seu irmão Henrique VIII tornou-se Rei. Maria então, prometida à Charles, recebeu os títulos de Arquiduquesa da Borgonha e Princesa de Castela. Henrique estava ansioso para que o casamento de sua irmã fosse realizado o mais rapidamente possível. No entanto, o imperador Maximiliano I começou a ter dúvidas sobre a união proposta. Henrique agiu rapidamente e em agosto de 1514, ele anunciou que sua irmã iria casar-se com o Rei Luís XII da França.
Mas e o retrato de Catarina enquanto criança, na Espanha? E os outros dois identificados como ela? Eles lembram muito os retratos até então identificados como ela…

Infelizmente, Matthews não ligou este com os outros três retratos bastante semelhantes, relacionados à Catarina. O da mulher segurando um vaso, encontra-se em Detroit e data de c.1500, por isto não pode ser Maria Tudor, que teria aproximadamente quatro anos de idade na época. Já o retrato da Madonna com o bebê, pode ter sido inspirado neste primeiro por Sittow, algo bem comum no período. Ele pode ter usado esta mesma modelo.
Sobre o possível retrato de Catarina quando criança, Weir menciona que, não há nenhuma evidência que suporte a teoria de que os retratos identificados como sendo de Catarina e sua irmã Juana, sejam de fato de ambas. Isto foi apenas especulação, uma vez que ambos foram identificados como sendo de: Uma Infanta espanhola.
E ai, o que acham? É ou não é de Catarina? Eu particularmente, continuo acreditando que trata-se de um retrato de Catarina, mas acho muito interessante esta teoria, uma vez que parece bem fundamentada.
FONTES:
Postagem de Alison Weir em sua página no Facebook: AQUI.
Mydailyartdisplay: AQUI.