Catarina não sabia a identidade de seu futuro marido. Tudo o que ela sabia, era que estava casando-se por ordem da Rainha…
A Rainha (uma outra Catarina) Catarina de Médici, teve uma ideia que mudaria o rumo da vida de duas pessoas.
Ela arranjou o casamento de Petrus Gonsalvus, que em 1547, havia sido trazido à Corte do Rei francês. O menino era gentil, mas coberto por uma grossa camada de pelos. O rei queria ver se esta criatura poderia ser educada como um cavalheiro. O marido de Catarina, o rei Henrique II – assim como outras pessoas em seu século -, não sabia da real condição de Petrus e que pessoas como ele, eram muito humanas. Ele possuía uma condição conhecida atualmente como hipertricose, na qual uma vasta quantidade de pelos, cresce sob a face e corpo. Apesar de ter crescido para tornar-se um inteligente homem, pessoas como a rainha, gostariam de saber se Petrus poderia casar-se e de algum modo, ter filhos. Sua noiva prometida, teria de ser linda e assim, despertar a natureza ”animal” de Petrus.
A questão era: Poderia uma mulher, ser bela o suficiente, para ver a real natureza de quem as pessoas consideravam ser uma criatura selvagem?


A jovem escolhida da rainha para desposar Petrus, foi Catarina, a filha de um funcionário da Corte e a mais bela dama de seu séquito real.
Quais teriam sido os pensamentos iniciais da jovem? Dizem que no momento em que ela descobriu que Petrus seria seu marido, desmaiou em sua presença.
As noivas muitas vezes ficam nervosas nas mais normais circunstâncias, mas Catarina iria casar-se com um estranho, um homem que alguns consideravam ser um monstro. Será que isto fez dela, a noiva mais aterrorizada de 1573?
Pode ser. Porém, as coisas correram muito melhor do que ela provavelmente esperava. O homem e a mulher, teriam de acostumar-se um com o outro, mas não houve nenhum comportamento animal – de ambos os lados – no casamento de Catarina.
Ela e Petrus, tiveram sete filhos. Quatro tinham hipertricose e foram exibidos e presenteados como animais de estimação para aristocratas, quando a família viajou para a Corte Real. Será que Catarina e Petrus tentaram impedir isto? É difícil saber. Embora eu acredite, que ambos amavam muito todos os seus filhos. Talvez um dia, saibamos melhor estas questões. No entanto, os registros mostram que Petrus estava presente no batismo de seu neto, em 1617.
Passado-se alguns anos, o casal retirou-se para a Itália, mais precisamente em Capodimonte, no Lago Bolsena. Acredita-se que em meados de 1618, Catarina tenha ficado viúva. Será que o casal se amava? Teria ela amado o homem, que havia sido seu companheiro por mais de quarenta anos?
O biógrafo Roberto Zapperi, respondeu a esta questão, quando usou o exemplo de uma pintura flamenga, do artista Joris Hoefnagel, para obter pistas sobre seu relacionamento. Na pintura, Catarina aparece com a mão sob o ombro de Petrus. Zapperi diz que este é um detalhe significativo e “um sinal de afeto”. Catarina e Petrus, mais provavelmente, cuidavam um do outro.
Catarina faleceu em 1623 e muitas perguntas foram deixadas para trás. Será que ela e Petrus encontraram o seu: felizes para sempre? E por que a história encarregou-se de esquecer deles?
Em seu período, eles viveram em circunstâncias estranhas e tornaram-se um interessante casal. Quando suas vidas chegaram ao fim, no entanto, eles passaram a ser menos interessantes. Eles eram no final das contas, uma família normal. Isto mostra que, a aparência física e atributos externos, pouco significado tem no final.
Catarina e seu marido, desapareceram quase totalmente da história. Porém, graças à Gabrielle-Suzanne Barbot (a quem tal história serviu de inspiração), eles foram imortalizados para sempre no imaginário popular. Enquanto existiram mitos e lendas antigas de seres humanos que casavam-se com com animais, o conto do século XVIII de Villeneuve, La Belle et la Bête ou A Bela e a Fera, mostrou uma das mais universais histórias, sobre a procura da bondade dentro de uma pessoa.
FONTES:
Petrus Gonsalvus: O Homem por detrás da Fera – A Vida de Petrus Gonsalvus.
Não sabia da existência deles, muitas vezes vi seu retrato, mas pensei ser a retratação de uma besta ou um demônio… me sinto envergonhada agora, espero profundamente que tenham sido felizes.
Eu também espero Cintia, pois eles merecem. Não devia ter sido fácil viver sobre tal estigma e ainda ter seus filhos arrancados de você e entregues a outras pessoas…
Fiquei feliz em saber que essa história maravilhosa que me encantou na minha infância e hoje encanta minha filha é verdadeira. Adorei sua materia, muito obrigada!
Ahhh que bom que gostou Lidia. Fico muito feliz! ❤
Nós que agradecemos o carinho!
Eu não fazia ideia disso! Muito interessante, bonito e triste. Pobres das crianças =(
Realmente Stephanie! 😦
Seja bem-vinda! 🙂