Owen Tudor: O Pai de uma Dinastia [Parte II – Final]

Continuação:

Marido da Rainha:
Não existe nenhuma evidência para apoiar como exatamente Owen ap Maredudd e Catarina de Valois se conheceram, embora, como um membro de sua casa real, é possível que eles tivessem alguma interação devido ao seu papel como Mestre do Guarda-roupa.
Existem muitos relatos apócrifos que sugerem as várias maneiras sobre como eles se conheceram e se apaixonaram, embora tais relatos,

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Catarina de Valois.

geralmente são desacreditados por historiadores sérios, como mera fantasia de um período posterior mais romântico.
Um desses relatos, conta que Owen tomava banho de rio no sol do verão e Catarina, ao ver o belo e alto Owen nu, trocou de roupas com sua empregada para apresentar-se a ele sem trair seu Alto Status Real. Outra história, afirma que o humilde plebeu Owen, estava embriagado no Castelo de Windsor durante um baile e sentiu-se instável enquanto dançava, assim, ele tropeçou e caiu no colo da rainha Catarina, que estava sentada. Independente do modo como Owen conheceu sua futura esposa, nas palavras de um poeta do século XV, Robin Ddu de Anglesey, ele: caiu com um humilde e ardente afeto sobre a filha do rei da terra do vinho” e os dois se apaixonaram profundamente.
Robin Ddu era oriundo da ilha de Anglesey, Terras dos Tudor e como Owen Tudor era conhecido por lá, é muito possível que ele tenha conseguido sua informação diretamente da fonte, ou pelo menos ter estado a par com as informações de pessoas próximas ao casal.

Windsor CastlePlease credit the photographer: Peter Packer
Windsor Castle.

Escrevendo durante o reinado de seu neto, e assim, tomado com um certo grau de cinismo em torno da intenção e plausibilidade das palavras, o historiador italiano Virgílio Polidoro escreveu: “Esta mulher, após a morte de seu marido, permanecia jovem em idade, e portanto, de menor poder discricionário para julgar o que era decente para seu status, casou-se com um Owen, um senhor de Gales, adornado com maravilhosos dons do corpo e mente, que derivou sua ascendência a Cadwallader, o último rei dos Bretões”.

Mais uma vez, devido à natureza clandestina de seu relacionamento [como precisava ser, devido as consequências das restrições parlamentares sobre Catarina], a data de seu casamento não é clara, mas é geralmente aceita como tendo ocorrido por volta de 1429-1430.

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Cadwallader.

Viver longe da Corte, certamente pode ter ajudado a manter o segredo do relacionamento, juntamente com alguns funcionários leais, que haviam prometido sua devoção ao casal, acima das leis da terra. Apesar de uma existência tão secreta estar sob a ameaça de uma exposição constantemente, o jovem e ousado casal prosperou sem interferência. O casamento em si, foi mantido em segredo por necessidade, pois depois de tudo, a Rainha não só quebrou o Ato, procedendo sem o consentimento do rei, como também havia casado abaixo de sua posição privilegiada e real.
Em 1430, seu filho Edmund, nasceu na mansão do casal em Hertfordshire e foi logo seguido por Jasper, um ano depois, na casa de Hatfield, do Bispo de Ely. Os anos seguintes também trouxeram um terceiro filho chamado ou Owen (ou Thomas ou Edward), e uma filha chamada Tacinda (Ou Jacinta, em algumas fontes), que casou-se com o Barão de Wilton.

Captura de Tela 2015-12-04 às 03.58.00Ainda que pareça incrível nos dias de hoje, que uma gravidez a estes termos pudesse ser confortavelmente escondida, deve-se ressaltar que, neste período, os retiros eram completamente independentes da Corte Real e eram mantidos por servos confiáveis para aqueles no topo da hierarquia local. Além disto, a natureza das roupas folgadas do século XV, ajudava a esconder uma característica física tão importante como a gravidez e foi regularmente utilizada nos casos em que uma mulher havia concebido um filho bastardo. Segredos como este não eram necessariamente mantidos de forma desonesta e dissimulada, mas o fato de viver-se em um lugar tão distante de quem estava no poder, certamente ajudava a prolongar o status quo.

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Henrique VI.

Deve-se notar, porém, que embora o público em geral pudesse ser relativamente protegido do assunto, é provável que pelo menos alguns dos principais conselheiros, soubessem da condição de Catarina e seu casamento morganático.
Sua ausência foi particularmente notada na coroação de seu filho, Henrique VI, como rei da França, na catedral de Notre Dame em Paris, em dezembro de 1431 e por ser pouco provável que este tenha sido um evento que ela dispensaria, alguns historiadores especulam que mais provavelmente, ela foi excluída da cerimônia como punição por sua indiscrição. A Particularidade significativa em torno deste período, foi a concessão dos “direitos dos ingleses”, um status constitucional que foi conferido a Owen e que ajudou a libertá-lo das restrições penais severas impostas a todos os galeses no período pós-conquista. Na verdade, ainda era ilegal para um galês, possuir uma propriedade na Inglaterra, ou casar-se com uma inglesa.

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Catarina de Valois.

Embora esta cidadania fosse certamente mais do que a maioria de seus companheiros galeses receberam, mesmo com os serviços de alto escalão nos quais ele pôde demonstrar sua utilidade para a coroa durante o serviço militar ativo contra os franceses, ele ainda não recebeu o direito pleno. Owen ainda não podia se tornar um cidadão, bem como foi categoricamente impedido de manter um oficio pela Coroa em qualquer bairro, cidade, ou mercado na Inglaterra. Embora ele tenha recebido permissão para adquirir terras e portar armas, casar-se com uma inglesa e formar uma família conjugal, ainda era uma de suas restrições e poderiam apontar para um nível de suspeita dirigido a ele por parte das autoridades. Os galeses, e portanto Owen, claramente não eram pessoas de confiança.

Também foi por volta desta época, que Owain ap Maredudd, tornou-se Owen

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Efígie de Catarina de Valois.

Tudor, ou pelo menos não oficialmente, começou a ser referido desta forma. Sem dúvida, seu sobrenome em estilo galês, teria causado problemas na Inglaterra, para contabilistas e administradores que não estavam acostumados a utilizar este sistema de nomeação, e devido a esta confusão, ele havia sido anteriormente referido de várias maneiras, como Owen ap Meredith, Owen Meredith, Owen ap Tudur e assim por diante.
Se foi por meio de sua própria escolha ou através de uma atribuição por um escriba confuso, seu nome foi “inglesado” para Owen Tudor. O que é curioso sobre esta escolha, é que o nome “Tudur”, foi definido como seu sobrenome, ao invés de Maredudd. Tudur era o nome de seu avô e não de seu pai.

Embora talvez não seja algo que particularmente tenha causado um grande problema no momento para Owen ou seus associados, a escolha tinha uma consequência direta algumas gerações mais tarde, quando a família subiu ao trono da Inglaterra como a Casa de Tudor.
Crianças nas escolas até os dias de hoje, poderiam facilmente ter estudado em salas de aula “A história dos Maredudd” através do mundo. Mas no final, foi nome Tudur/Tudor que foi posteriormente, transferido para seus próprios filhos na tradição Inglesa de receber sobrenomes do pai.
O nome Tudur, é a variação Galesa (Tuduric) do nome germânico Theodoric, que por sua vez, significa “governante do povo”.

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Jasper Tudor.

Embora Edmund e Jasper tenham sido inicialmente criados por seus pais, parece que o terceiro irmão pode ter sido criado por monges e que ao contrário de seus irmãos, ele passou a viver servindo a Deus na Abadia de Westminster e nunca foi mencionado vivendo com seus irmãos mais velhos. Foi este terceiro filho, que recebeu favores por seu sobrinho, o rei Henrique VII, mais tarde em sua vida, quando em um caso particular em 1498, ele foi presenteado com uma razoavelmente elevada soma de dinheiro pelo filho de seu irmão, que foi registrado na Bolsa Real Privada para a posteridade, como “Owen Tudder”.
Quando o monge Owen morreu, não muito tempo depois de receber este favor, as doações também foram pagas para a Abadia de Westminster, para orar por sua alma, bem como o badalar do sino, para significar o fim da vida deste tio devoto ao rei.
Mesmo que Owen, o monge, não tenha sido uma grande figura para a consciência religiosa de Henrique Tudor como o meio-tio do rei Henrique VI foi, ele era, sem dúvidas, tratado com respeito por seu sobrinho ilustre, tanto na vida quanto morte.

Captura de Tela 2015-12-04 às 04.06.08Foi enquanto estava grávida de seu último filho, que Catarina começou a se sentir mal e posteriormente entrou Abadia de Bermondsey, ao sul do Tâmisa, onde ela deu à luz outra filha, chamada Margaret, em 01 de janeiro de 1437. É possível que Catarina estivesse ciente de que estava morrendo de uma doença fatal, pois sentia a necessidade de buscar o santuário e a ajuda das freiras da Abadia, mas também pode ter acontecido que, longe de ir voluntariamente para a Abadia, ela tenha sido na verdade, banida para ela, depois que seu casamento foi finalmente descoberto pelo Rei ou pelo Governo Regente. Como existe uma falta de documentos deste período, para estudar as circunstâncias do casamento, a questão será sempre envolta em mistérios e dúvidas – em especial sobre a questão de quando o Conselho finalmente tornou-se ciente do casamento, e se ela foi ou não banida.
Claro que também é plausível que o Conselho estivesse ciente do casamento a esta altura, e que ela apenas tenha se retirado para a Abadia, a fim de ajudar a aliviar a dor da doença que assolava seu corpo, possivelmente câncer terminal ou tumor.
Catarina de Valois, avó, mãe, irmã, esposa e filha de Reis, faleceu alguns dias depois, no dia 03 de janeiro de 1437 e sua filha recém-nascida, a seguiu não muito tempo depois.

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Túmulo de Catarina na Abadia de Westminster.

Independentemente de sua condição no momento da morte e a possibilidade de que ela havia escandalizado a corte ao se casar com um plebeu, o fato indiscutível que permaneceu, era que Catarina era mãe do rei Henrique VI, e portanto, ela recebeu um funeral real adequado e o direito de ser sepultada na Abadia de Westminster. Ela foi enterrada ao lado de seu primeiro marido, Henrique V, na Capela Chantry, um canto sagrado da histórica Abadia, que tinha alcançado uma reputação estimada como o local de descanso do reverenciado Rei guerreiro da Inglaterra.

Enquanto Catarina esteve viva, Owen estava a salvo do Conselho de Regência e todos os inimigos que poderia ter acumulado, mas assim que ela morreu, ele encontrou-se vulnerável e totalmente exposto. Seu status como um plebeu, sem quaisquer propriedades consideráveis ou valor financeiro, também provou ser uma grande desvantagem para a sua causa, afinal ele era apenas um homem de menor importância, que seria facilmente esmagado por aqueles com status superior.
Claramente consciente do destino que abateu-se sobre ele, e que deveria

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Efígie de Henrique V.

responder a uma convocação urgente para a Corte, a fim de justificar às acusações relativas à violação do ato a respeito de seu casamento sem o consentimento real necessário, Owen astutamente ignorou a promessa de salvo-conduto e buscou santuário com alguns monges em Westminster. Talvez por saber que nada de bom poderia vir de uma vida gasta se escondendo como seu primo homônimo Owain Glendower, ele enfrentou corajosamente seus nobres adversários e conseguiu se absolver de todas as acusações forjadas que enfrentou, sendo posteriormente libertado de acordo com a Lei.
Estando ansioso para escapar de qualquer hostilidade persistente e possivelmente consertar seu coração partido, Owen começou a fazer o seu caminho de volta para o País de Gales, no entanto, ele foi seguido no caminho, preso por seus perseguidores e mais uma vez se encontrou oficialmente cobrado por um Conselho ansioso para puni-lo por atos que eram claramente passíveis de punição. Todos os seus bens foram apreendidos e ele foi preso na notoriamente triste e dura prisão Newgate, na cidade de Londres, a fim de esperar por sua punição.

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Antiga prisão Newgate.

Robin Ddu novamente recorreu ao seu ofício de admoestar publicamente aqueles a quem ele sentiu que estavam injustamente punindo seu querido Owen. Ele exclamou em voz alta, que este Tudor não era “Nenhum ladrão, ele é a vítima da ira injusta. Sua única falha foi ter ganho o carinho de uma princesa da França”.

Depois de escapar brevemente da custódia junto com seu capelão e servo no início de 1438, o grupo foi devolvido à prisão em março, para continuar sua sentença antes de ser transportado para o Castelo de Windsor. Ele iria permanecer lá até que foi libertado, em julho de 1439, com um aviso para comparecer perante ao rei em 11 de novembro daquele ano, ou a qualquer momento em que ele assim solicitasse.
Em 12 de novembro ele foi inesperadamente perdoado de todas as acusações, o que sugere que ele compareceu a presença do rei, conforme foi intimado a fazer e recebeu sua absolvição regiamente sancionada. A ofensa inicial continuou a não ser mencionada, e por isto ainda continua a existir uma dúvida sobre o porquê exatamente Owen Tudor estava sendo punido, embora seja razoável acreditar que isto tinha a ver com seu casamento secreto, tamanha era a determinação do conselho em puni-lo. Owen Tudor caminhou livre da prisão, sem uma esposa para começar o segundo período de sua vida como um cavalheiro, pai obediente e leal padrasto de seu rei.

owenglendowerknight.gifO rei concedeu a Owen, o “favor especial” de uma pensão anual de seu próprio bolso e ele foi tratado favoravelmente pelo monarca. Quaisquer amarguras do passado sobre as relações de Owen com a mãe do monarca, foram certamente esquecidas pelo amável e gentil soberano. Owen vivia na periferia da vida da corte e dentro da casa do rei. Ele estava presente com muitos outros cavaleiros para o testemunho de uma carta que foi assinada em favor do proeminente Duque de Gloucester, em 1440 e ainda recebeu mais algum terreno em Surrey dois anos depois, em 1442, demonstrando a sua nova e segura posição na Corte de seu enteado. Ele também recebeu mais quatro concessões substanciais por seu generoso enteado, a primeira em outubro 1442, seguida por uma em fevereiro de 1444, julho 1444 e finalmente, setembro 1444. Além disto, um “Owen ap Maredudd” foi incluído no cortejo que viajou para a França em 1444, para trazer a jovem Margarida de Anjou, nova rainha do rei. Embora não exista nenhuma evidência firme de que eles eram o mesmo homem, a raridade de tal nome faz com que seja quase uma certeza que este obediente galês era querido do Rei e um padrasto diligente.

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Margarida de Anjou.

Ao longo da próxima década e meia, Owen parece ter desaparecido na obscuridade e seu paradeiro não foi registrado. É provável que ele esteve longe da corte, em suas propriedades, possivelmente em Gales. O que está claro, é que ele ficou com o coração partido em 1456, quando seu filho mais velho, Edmund, morreu em Carmarthen, pouco após uma batalha contra os soldados Yorkistas. Seu filho tinha apenas 26 anos quando morreu, no entanto, ele deixou para trás o primeiro neto de Owen, o jovem Henrique, Conde de Richmond.

Pai de uma Dinastia:

Com a eclosão da Guerra das Rosas, Owen esteve presente numa reunião do Conselho Lancasteriano em 1459, onde, junto com seu filho Jasper, ele ficou ao lado do rei e jurou lealdade eterna ao seu Senhor Soberano e

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Guerra das Rosas.

enteado Rei Henrique VI.
Ambos receberam novas propriedades, Jasper com um dos castelos do Duque e Owen com vários sítios nos condados ingleses. Owen também havia sido nomeado cavaleiro e era Tenente e Guardião das Florestas. Ele também recebeu uma nova anuidade de £ 100 dos cofres reais, pelos seus serviços.
O Galês que teve um renomado carisma, não havia aparentemente perdido o contato com o sexo oposto e assim, ele também foi pai de um filho ilegítimo, que foi chamado de David Owen, ou mais provavelmente Dafydd ap Owen, no estilo galês. Este meio-tio do rei Henrique VII, recebeu o favor real em 1485 e alcançou o posto de Fidalgo, principalmente devido a seu parentesco com o novo rei.

Embora inicialmente não seja mencionado como estando presente nas várias batalhas entre tropas Yorkistas e Lancasterianas durante 1460 e 1461, Owen foi uma parte integrante de uma batalha que teve lugar nas marchas galesas, em 2 de fevereiro de 1461 e esta, tornou-se sua batalha final.

mortimers_cross2Ambos os exércitos se encontraram em uma pequena aldeia chamada Cruz de Mortimer, em Herefordshire, a cerca de seis milhas ao noroeste de Leominster e no coração do território tradicional da família Mortimer, com quem os Tudor lutavam. Consciente de que a vitória estava fora de seu alcance após o início das batalhas, o exército Lancasteriano rompeu as fileiras e Owen Tudor acabou sendo capturado ao sul do campo de batalha, enquanto procurava uma rota de fuga. Sendo ele nesta altura um senhor idoso de cerca de 60 anos, a idade pode ter desempenhado um papel em sua insuficiência para escapar com os homens, sendo assim detido pelo inimigo de longa data dos Tudor, Sir Roger Vaughan, que era um parente de William Herbert.
Apesar da ocasião ter sido mais uma feliz uma vitória Yorkista, um amargo e ainda de luto Eduardo, sem dúvida achava que esta era uma oportunidade ideal para exigir uma pequena vingança pela morte de seu próprio pai e irmão em uma batalha anterior e prontamente ordenou que Owen fosse executado nas proximidades do município de Hereford.
Owen por sua parte, não acreditava que a execução aconteceria realmente, devido à sua estreita relação familiar com a realeza Lancasteriana e consequentemente, estava confiando em seu valor como refém para receber um resgate. Foi apenas quando ele foi colocado no local de sua execução em Hereford, que Owen percebeu que estava prestes a morrer.

20131118-beheading2Em vez de lamentar ou implorar por misericórdia, como muitos prisioneiros se viram reduzidos a fazer no momento da sua morte, Owen Tudor foi elogiado por aceitar sua sentença humilde e  ao mesmo tempo obedientemente. Sem dúvidas, ele preferiu manter-se de acordo com o código de cavalaria, que tinha sempre se esforçado para honrar.
Infelizmente para o idoso e galante Owen, a cavalaria estava tornando-se rapidamente apenas um remanescente de uma época passada, particularmente durante a época em que se encontrava, na qual ele mesmo acabou se tornado a mais recente vítima de uma disputa sangrenta, repleta de traição e luto.

Owen HerefordÉ contado que Owen fez uma menção a sua falecida esposa pouco antes do machado cair sobre seu pescoço, quando ele proclamou: “que a cabeça deve situar-se sobre o cepo, da mesma forma que estava acostumada a descansar no colo da rainha Catarina”.
Após a execução ser concluída, foi dito que uma louca local recuperou a cabeça e passou um longo período de tempo calmamente escovando seu cabelo e lavando o sangue carmesim que cobria todo seu rosto, enquanto estava o tempo todo cercada por velas tremeluzentes, em uma cena quase ritualística.
O grande aventureiro e espadachim que havia revigorado e ressuscitado sua antiga família galesa, não existia mais. Foi um triste fim de uma vida, mas ele certamente a viveu com todo o seu potencial. Owen foi de suas origens obscuras, como filho de uma antiga família do Norte de Gales, para o marido de uma rainha.
Talvez intencionalmente devido ao lugar de descanso final de seu filho Edmund, Owen também foi sepultado em uma igreja franciscana em Greyfriars, fora da fronteira da cidade na qual ele foi condenado à morte. Infelizmente nada existe hoje de seu lugar de descanso final, pois o mosteiro foi fechado com a dissolução dos monastérios em 1538, e caiu em um declínio acentuado logo em seguida. Ao contrário de seu filho Edmund, parece que o túmulo deste bravo e corajoso patriarca da família não foi considerado importante o suficiente para ser preservado por seu bisneto, Henrique VIII, e seus restos mortais foram perdidos.

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Henrique VII.

Owen Tudor viveu sua vida como um soldado da fortuna, tendo sido um homem que nasceu em uma família que havia perdido tudo e não tinha mais perspectivas. Por meio de sua própria inteligência e caráter, ele conseguiu erguer-se deste início humilde, tornou-se o marido da Rainha e por isto, modificando todo o destino de sua família.
As aventuras de Owen das colinas de Snowdonia para os Palácios Reais de Londres, são frequentemente lembradas para contar o início da Casa dos Tudor, que se tornaria uma casa real, com a ascensão de seu neto Henrique Tudor ao trono de Inglaterra, em 1485.
Em menos de um século, esta família conseguiu sair da margem da sociedade nas partes mais escuras do País de Gales e chegou ao trono do Reino da Inglaterra, um salto incrível e certamente inigualável, em que Owen Tudor foi grandemente responsável.

Como um soldado ele era duro, corajoso e acreditava no comportamento cavalheiresco. Como um homem ele era bonito, romântico e cortês. Ele era um galês orgulhoso, descendente de uma prestigiada família de grandes líderes de sua pequena nação. Owen Tudor foi o filho de um fora-da-lei e Patriarca de Reis, e por esse motivo, seu nome permanece imortal.

Fontes:

Henry Tudor History: AQUI.
Tudor Place: AQUI.

 

 

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