O Nascimento de Catarina de Aragão

Hoje na história, dia 15 de Dezembro (de 1485) – embora alguns historiadores afirmem ter sido dia 16 – , no final do outono espanhol, nascia no Palácio Arzobispal de Alcalá de Henares, – uma província autônoma de Madrid – a última filha dos Reis Católicos Isabel e Fernando de Aragão.

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Isabel de Castela.

Este seria o último parto da Rainha de Castela. Isabel passou a maior parte de sua gestação longe de seus filhos e Corte, em um campo de batalha, em guerra contra os mouros. Ela finalmente abriria mão do ambiente conflituoso em setembro, quando o desconforto de seu avançado estágio de gestação, a obrigaria retirar-se para enfim dar à luz.

O local escolhido, foi o Palácio do Cardenal Mendoza, que naquele momento era o Arcebispo de Toledo. Ele localizava-se à mais de 20 milhas de Madrid, sendo a sede local de Mendoza.
O complexo palaciano é datado do século XIII, decorado em rico estilo mudéjar, com elegantes filigramas brancos, azulejos e metais ornamentais em torno de seu opulento pátio. Deve ter sido um espetáculo para aquele período.

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Palácio Arzobispal de Alcalá de Henares.

Para o nascimento de Catarina – assim como de todos seus outros filhos, – conforme costume espanhol – Isabel cobriria sua face com um pano de algodão, para que os espectadores presentes no local, não pudessem ver sua grande soberana sentindo-se acuada diante das dores do parto.

O parto ocorreu sem nenhuma dificuldade para a mãe, que logo teria em seus braços, uma saudável menina ruiva, de rosto redondo, belos olhos azuis e pele de alabastro, características estas, típicas dos Tratámaras.

1381502785144Um visitante à sua Corte, mais tarde relataria: –

“Tenho sido informado pelas senhoras que servem à ela em seus aposentos, que nem em dor de doença ou durante as dores do parto… eles nunca a viram reclamar; ao invés disto, ela demonstrou uma impressionante coragem…’’

As celebrações para seu nascimento, coincidiram com as festividades natalinas. Houve justas, torneios e festas para as damas e nobres na corte. Catarina passaria seu primeiro natal, em um ambiente feliz, quentinha e aconchegada em seu fino berço de madeira.
Captura de Tela 2015-12-15 às 10.28.27.pngMuito do que conhecemos sobre a infância e primeiros anos de Catarina, deve-se a Gonzalo de Baeza, que mais que um simples cronista do período, fora quem manteve um constante olhar sobre ela durante seu crescimento.

Foi graças aos muito bem documentados registros de Baeza,
que sabemos desde os custos para sua educação, que demandava bastante dinheiro, até suas peças de roupas e pertences pessoais.

Em um destes livros de registros, descobrimos que Catarina fora batizada pelo Bispo de Palencia e que sua túnica de batismo fora feita de brocado branco, linho com veludo verde e ricamente adornada com um lado dourado.

1351773951087-300x200.jpgFora ele quem cuidou dos custos de tecidos usados em suas camisolas de dormir de fino linho holandês, além de suas almofadas e babadores.

Ela receberia 900 gramas de um fino e fresco algodão, a fim de encher o colchão de seu berço. Inicialmente, à seus serviços encontrava-se a dama Elena de Carmona, que ficara doente, tendo de ser enviada à sua casa no sul da cidade, quase que imediatamente após assumir seu posto.

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Catarina de Lancaster.

A pequenina Catarina, receberia seu nome em homenagem à sua bisavó, Catarina de Lancaster, filha de João de Gaunt e Constança de Castela, que fora uma princesa intelectual e defensora da fé cristã. Assim como sua antepassada, Catarina fora uma das mulheres mais bem educadas e instruídas de seu tempo. Ela recebeu uma ampla e estimulante educação clássica. Deste modo, assim como o resto de suas irmãs, sua educação fora extremamente requintada e cuidadosa, seguindo os preceitos humanistas e típica para mulheres da alta nobreza do século XV; estudando dança, música (manejo de instrumentos como, alaúde e cravo), história, literatura, filosofia, política, direito canônico e tradições religiosas baseadas nos clássicos, combinadas de uma profunda revisão dos textos sagrados.

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Os Reis Católicos.

Os pais de Catarina, estavam convencidos de que seus descendentes, deviam fazer honra ao fato de que o papado havia lhes dado a distinção de serem reis muito católicos, na medida que esforçavam-se para expulsar de seus territórios, judeus e mouros, após a conclusão do episódio que ficaria conhecido como a reconquista. Então, um padre dominicano, Andrés Miranda, ficou encarregado de dar à jovem, sua base do catolicismo – que Catarina levaria consigo para o resto de sua vida.

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Possível retrato de Catarina de Aragão, enquanto infanta.

Isabel de Castela, aprendeu latim apenas após adulta e com muito esforço pessoal, e não estava disposta que suas filhas passassem pelo mesmo problema. Graças a isto, Beatriz Galindo (conhecida como ”la latina”), que havia sido sua mestra, foi responsável por este aspecto da educação de Catarina e suas irmãs.

Anos mais tarde, na Corte de Inglaterra, Catarina assim como sua mãe fizera outrora, certificaria-se de que sua filha Maria, recebesse uma boa e digna educação, como uma vez tivera em Espanha. Ela ensinaria latim para sua filha enquanto jovem, depois nomeando-lhe um bom professor.
Quando Maria fora enviada ao País de Gales, ela escreveria para sua filha: –

“Quanto a sua escrita em latim, estou contente que você tenha mudado de mim para o Mestre Fetherston, pois deve aprender muito melhor por ele, a escrever bem.” 

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Palácio de Alhambra, em Granada.

Catarina fora segundo o próprio Fernando de Aragão, sua filha mais querida. Ela passaria parte de sua infância no complexo palaciano de Alhambra em Granada. Entre aquelas opulentas paredes em estilo árabe, ela e seus irmãos, especialmente Joana de Castela, pareceram nutrir um bom relacionamento – com base na visita de Joana à sua irmã, no Castelo de Windsor anos mais tarde, após problemas em seus navios.

Este então, foi o início da vida de uma mulher que viveria para fazer a diferença, sempre ligada à cultura e intelectualidade. Catarina acrescentou muito à Corte inglesa, devido sua rica educação e instrução, mostrando ser uma mulher que além de muito inteligente e instruída, possuía uma compaixão ímpar e verdadeiro interesse nos problemas de seus súditos.

FONTES:
Tudors and Other Histories – nossa página parceira: AQUI.
Catherine of Aragon: Henry’s Spanish Queen; Tremlett, Giles.
Joana de Castela – A Bela Incompreendida (Primeiros Anos): AQUI.

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