Dia 07 de Janeiro, foi o aniversário de morte de três mulheres muito importantes para a realeza ibérica: Inês de Castro, Catarina de Aragão e Carlota Joaquina.
Estas três mulheres de vidas tão opostas e séculos distantes uma da outra, tem muito mais em comum que apenas a data de sua morte: O sangue.
Catarina de Aragão e Carlota Joaquina, descendem da conhecida Inês de Castro, Rainha póstuma de Portugal e amada esposa de Pedro I.
Para traçar a árvore genealógica destas mulheres, primeiramente – como de costume – irei falar um pouco sobre cada uma delas.
Quem foi Inês de Castro:
Inês de Castro nasceu em 1320/1325 em Galícia – Espanha. Ela foi filha ilegítima de Pedro Fernandes de Castro, um nobre galego, e de uma dama portuguesa, Aldonça Suárez de Valadares.
Ela viveu parte de sua infância no Castelo de Albuquerque, até tornar-se aia de D. Constança Manuel, prometida do então príncipe de Portugal, D. Pedro (futuro D. Pedro I de Portugal).
Quando chega a Évora – fazendo parte da comitiva de D. Constança -, em 1340, ela logo desperta os olhares do prometido de sua senhora. O pai de Pedro, temendo tal união pouco auspiciosa a um futuro monarca português, exila Inês, em 1344, na fronteira espanhola.
Após a morte de D. Constança, Inês retorna à Portugal, onde ao lado de seu amado, tem quatro filhos. Dia 07 de Janeiro de 1355, Pedro, mesmo após os protestos de Inês, resolve ir à uma excursão de caça. Aproveitando sua ausência, D. Afonso IV, reúne homens para executar a mãe de seus netos. Mesmo após implorar por sua vida, ela é decapitada.
A trágica morte de Inês e o amor de D. Pedro I por ela, perpetuou lendas, poesias e narrativas históricas, fazendo nascer o mito de Inês de Castro.
Foi através da infanta Beatriz de Portugal (sua filha com D. Pedro), que surgiriam seus laços com Catarina e Carlota.
Quem foi Catarina de Aragão:
Aqui na página, possuímos uma biografia completa dedicada à Catarina. No entanto, a fim de facilitar a leitura, deixaremos à seguir, um breve prefácio sobre sua vida.
Catarina foi a filha mais nova dos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela.
Outrora prometida a Arthur Tudor, Príncipe de Gales e até então, herdeiro do trono inglês, a jovem infanta deixa a Espanha a fim de desposar seu prometido.
Pouco tempo após o casamento, um surto epidêmico varreu o Castelo de Ludlow – local onde o casal encontrava-se -, deixando ambos doentes. Arthur morreria em 2 de Abril de 1502; deixando a jovem Catarina viúva.
A fim de evitar devolver o dote da jovem, Henrique VII, pai de Arthur, propôs que Catarina desposasse seu segundo filho varão sobrevivente, Henrique Duque de York – 5 anos mais jovem que ela.
Após ser concedida a dispensa papal – sete anos após a morte de Arthur -, Catarina e Henrique casam-se, no dia 11 de Junho de 1509. Ela geraria apenas uma criança que sobreviveria além do berço, a Princesa Maria (futura Maria I da Inglaterra).
Catarina era uma mulher de profundos princípios, fé e justiça, sendo muito amada pelo povo inglês, que em suma, não apreciava consortes estrangeiras. No entanto, após meados de 24 anos de casamento, ela veria-se parte do episódio que fora conhecido como ”o grande dilema do rei”.
Apaixonado por sua amante Ana Bolena e visando obter através desta, um filho varão e herdeiro legitimo do trono inglês, Henrique VIII passa a questionar a validade de seu matrimônio com Catarina.
A premissa baseava-se em uma passagem do Levítico, onde dizia: ”se um homem casar com a mulher de seu irmão, a união não gerará filhos”. O monarca depositaria suas esperanças de uma anulação, em um apelo à Santa Fé, que por sua vez, respondera considerando a união válida.
A Inglaterra enfrentava inúmeros problemas com o clero inglês, anteriores aos primórdios do reinado de Henrique VII; dentre eles –
*O monopólio de terras e credores da igreja no reino;
*A péssima relação nutrida entre ambos;
*O contexto político desfavorável ao monarca;
*Novas leituras políticas heréticas;
*A falta de um herdeiro varão, e por fim
*Sua vontade de obter uma nova esposa.
Deste modo, o reino abdicou à autoridade papal e Henrique declarou-se Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra.
Após retornar de um encontro com Francis I da França, o monarca desposou sua amante, Ana Bolena, em uma cerimônia secreta.
Desolada, Catarina fora exilada da Corte, seu casamento com Henrique e título de Rainha consorte foram anulados e ela passou a ser mencionada como Princesa Viúva de Gales – título referente ao casamento com Arthur Tudor.
Ela passou a viver primeiramente no Castelo The More, sendo depois transferida para o Castelo de Kimbolton, onde viria a falecer pouco tempo depois, no dia 07 de Janeiro de 1536. Ela nunca acatou tal decisão e morreu intitulando-se Catarina a Rainha.
Quem foi Carlota Joaquina:
Carlota Joaquina Teresa Cayetana de Borbón y Borbón, nasceu em 25 de Abril de 1775, na Espanha. Filha de Carlos IV da Espanha e sua esposa Maria Luisa de Parma.
Ela foi a filha primogênita do casal e desde muito jovem, demonstrou grande desenvoltura e inteligência, provenientes de sua educação de alta estirpe.
Foi prometida em matrimonio, tendo sua união arranjada com apenas 10 anos de idade, em 8 de Maio de 1785. Seu marido foi o então infante português D. João de Bragança e futuro Rei de Portugal. Desta união, nasceu (entre outros filhos) D. Pedro I, que foi fundador e primeiro soberano do império do Brasil.
Seu relacionamento com seu marido João, sempre fora muito conturbado. Contra sua vontade, Carlota veio para o Brasil e assim que chegou ao Rio de Janeiro, optou por habitar sempre distante do marido, em localidades campestres, como Botafogo, por exemplo. Somente em festividades públicas os dois eram vistos juntos.
Com a Espanha em poder de Napoleão, Carlota ambicionou estender seus domínios à colônias espanholas do Prata. O projeto fracassou e em 1821 a Província Cisplatina foi anexada ao Brasil.
Quando retorna a Portugal, após a Revolta do Porto, torna pública e notória sua insatisfação para com o regime constitucional que impera, o que acarreta na invalidação de seu título honorífico português. Isolada na Quinta do Ramalhão, ela maquinou para o retorno do absolutismo, e após o falecimento de D. João VI, tentou convencer o filho D. Miguel a apossar-se da coroa, mas a tentativa fora frustrada, pois esta por direito pertencia a D. Pedro I, que posteriormente a reivindicaria. D. Carlota Joaquina vem a morrer no palácio de Queluz, em Lisboa, a 07 de janeiro de 1830.
Árvore Genealógica:
Traçamos a árvore genealógica que vai de Inês de Castro, até suas duas descendentes ilustres; conforme poderão ver à seguir:
Inês de Castro – Catarina de Aragão –
Inês de Castro
I
Infanta Beatriz de Portugal
I
Eleanor de Albuquerque
I
João II de Aragão
I
Fernando II de Aragão
I
Catarina de Aragão
_________________________________________
Inês de Castro – Carlota Joaquina –
Inês de Castro
I
Infanta Beatriz de Portugal
I
Eleanor de Albuquerque
I
João II de Aragão
I
Fernando II de Aragão
I
Joana de Castela (irmã de Catarina de Aragão)
I
Carlos V
I
Filipe II de Espanha
I
Filipe III de Espanha
I
Filipe IV de Espanha
I
Maria Teresa da Áustria
I
Luís Grande Delfim da França
I
Filipe V de Espanha
I
Carlos III de Espanha
I
Carlos IV de Espanha
I
Carlota Joaquina
Conclusão:
E é deste modo que encerramos este artigo, mostrando três mulheres tão diferentes, porém, tão profundamente ligadas.
Inês, Catarina e Carlota, foram mulheres que viveram suas vidas ao máximo, em períodos extremamente conflituosos, e que foram para a história por suas vidas extremamente turbulentas.
É interessante, que estas mulheres tão conhecidas, estejam ligadas por muito mais que apenas o mesmo dia de falecimento. Ligação esta, que seria mais forte que o tempo: O Sangue.
É importante ressaltar, que o mesmo fim no qual citamos em título, deve-se ao fato da data em que faleceram; todas, dia 07 de Janeiro.
FONTES:
Tudor Brasil: AQUI.
Tudor Brasil: AQUI.
InfoEscola: AQUI.
Fundação Inês de Castro: AQUI.
Dicas de Artigos Sobre o Tema:
A Ancestralidade Espanhola Tudor
A Família Imperial Brasileira e sua Ascendência Tudor
O Parentesco entre Mary Stuart, Maria Antonieta e Dona Leopoldina
A Reivindicação de Catarina de Aragão ao Trono da Inglaterra
No fim, o sangue de Inês reinou em dois tronos.