Será que Ana Bolena realmente serviu nas cortes de Margarida da Áustria e da Rainha Claude da França?

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Nota da autora:
Eu sei que alguns dos fãs de Ana não vão gostar deste post e é por isto que eu quero salientar: Esta não é a minha opinião pessoal. Eu não estou dizendo que a pessoa que chegou a tal conclusão está correta (e não sou eu esta pessoa), porque eu não sei. Eu apenas queria compartilhar algo que acho interessante, no que diz respeito à infância e o início da adolescência de Ana, especificamente o período que ela teria passado no exterior.

Definitivamente uma das coisas que fazem Ana Bolena destacar-se da multidão de Damas Inglesas da era Tudor, é o fato (ou talvez a suposição) de que ela serviu nas Cortes de Margarida da Áustria e Claude da França durante a primeira parte de sua vida. É dito que Ana passou a infância e início da adolescência no exterior, mas não significa necessariamente que ela teve alguma posição significativa nas cortes de duas das mulheres mais influentes da época. Acredita-se que ela deixou a Inglaterra, a fim de tornar-se uma das “filles d’honeur” de Margarida da Áustria, nos Países-Baixos e mais tarde, que ela serviu Maria Tudor, a rainha da França, que após três meses do casamento com o rei francês, tornou-se uma viúva e deixou a França; embora tenha deixando para trás Ana Bolena, que passou a servir sua sucessora, Claude de Valois.

No entanto, há um outro lado da moeda e da vida de Ana no exterior, que pode ser visto de forma totalmente diferente da que comumente se acredita.

A Corte de Margarida da Áustria:

Acredita-se que, quando Thomas Bolena, pai de Ana, estava visitando os Países-Baixos em uma missão diplomática em 1512, ele conseguiu garantir uma posição de Dama de Honra no séquito de Margarida de Áustria para uma de suas filhas. Normalmente diz-se que esta, era Ana. Existem

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Margarida da Áustria

algumas evidências para apoiar esta noção, no entanto, elas são demasiado instáveis para receberem tanto crédito.

Primeiramente, temos a carta de Margarida da Áustria para Thomas Bolena:

“Recebi sua carta pela Bouton Esquire que apresentou sua filha a mim, ela é muito bem-vinda e estou confiante de ser capaz de lidar com ela de uma forma que lhe dará satisfação, de modo que em seu retorno, não precisaremos de nenhum intermediário para nós dois. A encontrei tão agradável para sua tenra idade, que estou mais em dívida com você por tê-la enviado, que você a mim. ”

No entanto, esta carta não foi datada e não menciona especificamente nenhuma Ana ou seu pai pelo nome. Esta carta foi escrita em francês e até mesmo no original, não existe nenhum traço de Thomas Bolena ou qualquer uma de suas filhas nela. Poderia ter sido basicamente escrita sobre a filha de qualquer outro cortesão.

Em segundo lugar, temos a carta de Ana Bolena para seu pai, supostamente escrita da Corte de Margarida da Áustria. A julgar por esta carta, Ana parecia estar próxima de seu pai e queria que ele se orgulhasse de seu progresso, no que diz respeito à aprendizagem do Francês:

“Sir, acredito que por sua carta, você deseje que eu apareça na corte como uma mulher respeitável e de modo que a Rainha vá rebaixar-se a ponto de conversar comigo. Alegro-me ao pensar em conversar com tão sensível e elegante princesa, e faço-me cada vez mais desejosa de continuar a falar e escrever bem o francês, tanto que não é mais por seu sério conselho que eu estou a familiarizá-lo por esta carta. Eu a escrevo para melhorar minha capacidade. Sir, peço-te que me desculpe se esta carta está mal escrita. Posso assegurar-vos, a escrevo inteiramente à partir de minha própria cabeça, enquanto as outras cartas eram obras apenas de minhas mãos; e Semmonet me diz que ele deixou a carta ser composta por mim mesma, para que ninguém mais possa saber o que estou escrevendo para ti. Eu, portanto, peço-vos para não sofrer com seu conhecimento superior para entender esta iniciante, a quem você diz estar a serviço (…).
Quanto a mim, esteja certo de que eu não serei ingrata e nem olharei para este trabalho de um pai como algo que pode ser dissolvido, pois estou a levar uma vida santa, de modo que possa agradar vossos desejos para mim: em verdade, o meu amor por você é fundado em base tão firme que nunca pode ser enfraquecido.
Eu finalizo a esta minha elucubração depois de ter muito humildemente implorado sua boa vontade e carinho. Escrito em Hever por sua filha muito humilde e obediente, Anna de Boullan. ”

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Carta de Ana a seu pai, Thomas Bolena

Há uma questão em relação à referida carta, que provocou muitas discussões entre os historiadores. De onde ela foi realmente enviada?

A última sentença original: (…) bone grace et scripte a Uevre/Veure de Vre treshumble et tresobiessante fille, Anna de Boullan.” Foi interpretada de maneiras variadas:

  1. escrita à Hever Castle, casa dos Bolenas (“et scripte um Uevre”)
  2. escrita às 5 horas (“écrite um v. Heures”) de Briare, perto de Paris.
  3. escrita de “La Vure”, residência de verão de Margarida da Áustria.

Hugh Paget em “A juventude de Ana Bolena”, alegou que Ana queria dizer exatamente o que escreveu, “written at Veure”, dizendo que “La Vure ou uma variante desta” era “a versão francesa do nome do parque real em Bruxelas, bem conhecido hoje, como Tervuren Flamengo.”

Muitos historiadores modernos proeminentes, utilizam o trabalho de Paget como uma fonte credível de informação. No entanto, Paget pode ter errado em suas suposições em relação à  “La Vure” e sobre o serviço de Ana Bolena na corte de Margarida.

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Maximiliano I

Paget utilizou a correspondência entre Maximiliano I, o imperador romano e sua filha, Margarida da Áustria como uma referência para apoiar a sua suposição. O exame destas correspondências, no entanto, faz-nos descobrir as existências de uma aldeia chamada “la Vure/la Wure” e de um castelo chamado “de la Vueren” mencionado nas referidas cartas. Mas não havia nenhum castelo ou residência de verão, chamado de “La Vure”.
Se assim for, Ana Bolena estaria escrevendo de  ‘Chateau de la Vueren’ mas ela não incluiu esta informação na referida carta ao seu pai.

“Terveuren” é hoje conhecida como Tervuren e é um município da província de Brabante, na região de Flandres. É um dos municípios mais ricos na Bélgica.

Como Tervuren tem seu próprio site, o autor do livro que estou usando como referência para este artigo, não encontrou nenhum problema para entrar em contato com os administradores e fazer algumas perguntas em relação ao contexto histórico deste lugar. E ela foi informada de que “Vure” era o nome original da vila na Idade Média. O nome era derivado de “Fura”, uma aldeia nas margens de um pequeno rio, o Voer. Margarida da Áustria visitou o castelo em Tervuren em algumas ocasiões.

O castelo foi demolido em 1718, sob ordens por Joseph II, Imperador da Áustria, e seus restos estão no parque, nas proximidades da capela de Saint Hubert.

No  “Guia do viajante de Gialignani pela Holanda e Bélgica”, podemos ler sobre este lugar como Terveuren, que foi o palácio de Margaret da Inglaterra (filha de Eduardo I da Inglaterra), que foi casada com João II, o duque de Barbante:

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Antigo Castelo de Tervueren

“A uma curta distância da igreja de Tervueren, há um grande edifício que existia nos tempos dos normandos, em que Margaret, filha do rei Eduardo e esposa de D. João II, fez uso de como seu palácio. Não tem nada notável, exceto uma capela que foi construída lá pelo arquiduque Alberto, no lugar onde Saint Hubert, fundador do Tervueren, expirou em 727. “

Parece que os historiadores confundiram Margarida (Margaret) da Áustria com Margaret da Inglaterra. E esta confusão levou à conclusão de que Ana havia escrito a carta para seu pai de “La Vure.”

O escritor francês Jean Marie Vincent interpretou a frase da carta de Anne como “Uevre”, não “La Vure.” E isto pode servir como mais uma prova de que Ana não estava escrevendo sua carta dos Países-Baixos.

No entanto, em uma lista de Margarida da Áustria, há uma menção de uma menina cujo apelido era “Bullan”. Mas não há nenhum nome incluído, por isto não podemos afirmar com 100 por cento de certeza que era Ana Bolena.

Hugh Paget declarou que Ana apareceu nesta lista, como “Mademoiselle Bullan”, mas esta declaração está incorreta. Existe uma garota conhecida como “Bullan”, no entanto não há nenhuma pessoa chamada de “Mademoiselle Bullan”. Existe, no entanto , alguém intitulado “Mademoiselle de Bulleur” mas não pode ser uma referência à Ana Bolena, uma vez que o sobrenome “Bullan” já está na lista.

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Possível retrato de Thomas Bolena – em disputa

Havia uma família de sobrenome le Febvre de Bulleur na corte de Margarida da Áustria, de forma que o nome “Madamoiselle de Bulleur” era muito provavelmente um membro desta família e não relacionadas com as Bolenas.

Há uma outra referência na carta de Thomas Bolena a Margarida da Áustria, em que pedia a arquiduquesa para liberar “ma fille de petitte Boulain” – “a minha filha – a Pequena Bolena” de sua corte, mas não há nenhuma referência específica a Ana, e esta carta não é datada também. Não podemos nem mesmo ter certeza se a referida carta é autêntica.

O que também é interessante neste caso, é que Carlos V, que havia sido criado por sua tia, Margarida da Áustria, nunca mencionou que Ana Bolena passou algum tempo na corte de sua tia. Nenhum dos contemporâneos de Ana Bolena mencionou tal coisa em qualquer lugar.

Além disto, é questionável que uma filha de um simples embaixador, que veio de uma família de raízes mercantis (o bisavô de Ana Bolena começou sua carreira como um chapeleiro), e assim não uma nobre por nascimento (embora ela estivesse relacionada com os duques de Norfolk e com os Earls de Ormond através de sua mãe) seria escolhida como uma Dama de Honra de uma mulher como Margarida da Áustria. Não existe nos Países-Baixos, nenhum relato de filhas de embaixadores estrangeiros servindo na Corte como Damas de Honra, de modo que se aconteceu, Ana Bolena seria uma exceção.

A estadia de Ana na França:

Como todos sabemos, em 1514 o casamento entre Maria, a irmã de Henrique VIII e Luís XII da França foi arranjado. Havia uma grande diferença de idade entre os futuros cônjuges: Maria era uma bonita jovem de 18 anos e o rei francês era um idoso e adoentado homem de 52 anos de idade.

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Maria Tudor

Maria e suas Damas de Honra foram para a França, e geralmente, é mencionado que uma das irmãs Bolena (ou ambas) era uma parte da comitiva real da futura rainha.

Em 09 de outubro de 1514 Maria “Rose” Tudor e Luís XII se casaram e algum tempo depois, ela foi coroada rainha consorte da França. No entanto, em primeiro de janeiro de 1515 o rei Luís XII faleceu, deixando Maria como uma jovem viúva. As ocorrências que aconteceram depois foram escandalosas e chocantes.

Henrique VIII havia enviado seu administrador e melhor amigo, Charles Brandon, Duque de Suffolk para a França a fim de trazer sua irmã de volta para a Inglaterra, mas os dois – provavelmente apaixonados um pelo outro – se casaram em solo francês, em segredo, sem pedir a permissão de Henrique VIII para o ato. Eles voltaram para a Inglaterra, e eventualmente, foram perdoados pelo irmão de Maria, mas seu comportamento escandaloso e inadequado causou ressentimento na corte francesa. Francisco I de França descreveu Maria Tudor como “mais suja do que majestosa”.

Neste momento, o paradeiro de Ana Bolena é desconhecido. De acordo com a tradição, depois da partida de Maria Tudor para Inglaterra, Ana Bolena ficou para trás e passou a servir sua sucessora, Claude de Valois, esposa de Francisco I e filha do falecido rei Louis XII.
Mas há alguma fonte contemporânea para apoiar esta noção?

Há uma evidência de que Ana Bolena definitivamente viveu na França.

No Calendar of State Papers, Spain: Further Supplement to Volumes 1 and 2: Documents from Archives in Vienna”, podemos encontrar:

“Os embaixadores franceses fizeram várias denúncias sobre atos dos ingleses desconfiados e hostis. Todos os estudantes ingleses recentemente foram retirados de Paris, o que, segundo eles, parecia indicar uma intenção Inglesa de fazer guerra contra à França. Wolsey respondeu que os alunos, vendo a confusão na França, simplesmente zelavam por sua própria segurança e não poderiam ter nenhuma ideia das intenções de Henrique. Os embaixadores reclamaram que a filha de Bolena, que estava a serviço da rainha francesa, havia sido chamada para casa, e declararam que isto não era um sinal de amizade continua. O cardeal disse que ele próprio era responsável pela convocação, pois pretendia, via seu casamento, pacificar certas disputas  e litígios entre os Bolenas e outros nobres ingleses.” (17 de Janeiro 1522)

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Charles Brandon

Em “Letters and Papers, Foreign and Domestic, Henry VIII, Volume 3: 1519-1523″ O Rei Francisco I escreveu:

“Eu acredito que as suspeitas mencionadas em suas instruções, de que eu possa ter algo contra ele, são infundadas; Ainda acho muito estranho que este tratado em Burgos tenha sido escondido de mim, e também a pólvora e as bolas que estão indo para Antuérpia; – Que seus súditos tomem pagamento do Imperador;- Que os estudiosos ingleses em Paris voltaram para casa e também a filha do Sr. Boullan, enquanto os navios estavam sendo feitos em Dover, e Inventários feitos na Inglaterra, dizem que o boato é que eles se preparam para fazer guerra à França”.

É claro estas duas fontes que mencionavam “Boullan” estavam se referindo a Ana, porque sua irmã Maria, estava na Inglaterra na época – Ela se casou com William Carey em 04 de fevereiro de 1520. Mas nenhuma destas fontes contemporâneas esclarece sobre qual Rainha Ana Bolena alegadamente serviu.
Maria Tudor durante sua vida, era conhecida como Rainha da França ao invés de Duquesa de Suffolk e que poderia ter sido justamente em referência a ela, pois Ana Bolena a havia servido – o que faria sentido, pois uma nobre inglesa estaria a serviço de uma Rainha Francesa – mas que era uma princesa inglesa de nascimento – e não necessariamente Claude de Valois.

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Francis I

Há também a outra menção a Ana, na carta do Rei Francisco I, em que ele menciona “a filha do Sr. Boullan” estar voltando para casa, mas em nenhum momento ele indica a dita filha como uma servente de sua esposa. Se Ana estava entre as Damas de Companhia de sua esposa, Francisco I mencionaria esse fato?

Algumas “Maire Boulonne” aparecem na lista de Damas de Companhia a partir de 1514, durante a estadia de Maria Tudor, e por isto é possível que fosse Maria Bolena, a irmã de Ana, que também aparece em cartas e documentos ingleses:

“Boas mulheres que foram nomeadas para seguir para França com a rainha francesa: – Lady Guylford, Dana de Honra, Lady Elizabeth Grey, Eliz. Ferrys. M. Ann Devereux, Grey de Wilton, M. Boleyne, M. Wotton, Alice Denys e Anne Ferningham (Jerningham?) (…)”

 “Madamoiselle Boleyne” ficou na Corte francesa após o rei Louis XII ter demitido algumas Damas da casa de Maria Tudor, mas não há qualquer vestígio de informações sobre Ana Bolena.

É muito razoável supor que a citada “Madamoiselle Boleyne” foi Maria Bolena e não Ana.
Se Maria era a mais velha das duas, como é comumente aceito pela maioria dos historiadores, faz mais sentido ela ser a escolha de sua família para servir como uma das Damas de Maria “Rose” Tudor.
Há, no entanto, uma outra pergunta: Por que Maria Bolena foi enviada à França em tal função, uma vez que ela não era membro da nobreza Inglesa, mas apenas a filha de um embaixador? 
Poderia ter sido graças ao seu tio materno Thomas Howard, o Duque de Nofrolk que foi para a França com a comitiva de Maria Tudor.
Parecia ser o triunfo de Howard porque na lista não aparecem apenas o Duque de Norfolk, mas também sua esposa, seu irmão, o Senhor Edmund Howard e filho do Duque, o Conde de Surrey.

As listas de rainha Claude:

Nas “Etats de maison” de Claude da França, as listas dos oficiais e Damas de Companhia de sua casa, não há qualquer vestígio de informações sobre as

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Claude da França

irmãs Bolena. Um dos especialistas nas Cortes francesas, Caroline zum Kolk, PhD, do Centro de Pesquisa de Versalhes, acredita que as irmãs Bolena foram confundidas com “Anne de Boulogne” e “Magdeleine de Boulogne” que estavam presentes na casa da rainha Claude desde 1509 em diante.

Elas eram nobres francesas que haviam vindo servir na Corte de Claude desde a sua infância. Uma delas, Magdeleine, foi a mãe de Catarina de Médici. Elas foram conhecidas na França, como “de Boulogne” mesmo que seu sobrenome verdadeiro fosse de La Tour d’Auvergne.

O comportamento de Maria Tudor após a morte de Louis XII foi escandaloso. Ela casou-se com Charles Brandon, Duque de Suffolk, apenas dois meses após a morte de seu marido.

Na carta ao Cardeal Wolsey, datada de Março de 1515, o Duque de Suffolk confessou que não só ele havia tomado Maria “Rose” Tudor como sua esposa, mas também que ela já estava esperando um filho dele – apenas dois meses após a morte de seu marido francês. Nós não sabemos o que aconteceu com a referida criança, porque não há registros mencionando todas as crianças do casal até o 1516. Mas poderia ter sido um mero truque diplomático da parte de Maria Tudor e Charles Brandon para suavizar a ira de Henrique VIII.

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Maria Tudor e Charles Brandon

Apesar do fato de Maria e Brandon casarem-se apenas dois meses após a morte de Louis XII, Maria “Rose” tinha ficado com as jóias da coroa francesa, embora ela não tivesse mais o direito de usá-las – e as enviou a seu irmão, Henrique VIII.
Entre elas estava le miroir de Nápoles” – uma peça muito valiosa. Esta ocorrência causou outro escândalo na França.

É realmente possível que, caso uma das irmãs Bolena tenha servido rainha Claude, ela tivesse ficado para trás após a escandalosa partida de sua senhora? Provavelmente não. Desde que Maria Tudor e sua comitiva deixaram a França em atmosfera de tantos escândalos não seria do interesse da rainha Claude, manter nenhuma das Damas de sua antecessora. Teria sido de forma diferente se Maria Tudor tivesse morrido de repente, pois a rainha Claude poderia ter escolhido algumas das suas servas para manter em um ato de misericórdia, mas isto não aconteceu.
Maria não morreu e sim, voltou à Inglaterra com sua comitiva.

De acordo com Eric Ives:  “Ana Bolena ficou com Claude por quase sete anos, um período durante o qual não temos nenhuma evidência direta. ” Na verdade, parece que tal evidência não existe, se perdeu ao longo do tempo ou não foi descoberta ainda.

Mas certamente haviam rumores de que Ana Bolena tinha servido a rainha Claude – estes rumores estavam circulando durante a vida de Ana, mas poderia ser uma suposição de que se Ana tinha vivido na França por tanto tempo, ela deveria ter servido a rainha francesa?

Não sabemos. É tudo incerto de qualquer maneira. É altamente provável que embora Maria Bolena, a irmã de Ana, tenha servido na corte francesa de Maria “Rose” Tudor, ela tenha em seguida, voltado para a Inglaterra.

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Margarida de Angouleme

Mas também há teorias que Ana passou sua juventude na corte da irmã de Francisco I, Margarida de Angoulême, a duquesa de Alençon, mais tarde, a Rainha de Navarra. Margarida era conhecida por suas inclinações em direção aos novos ensinamentos e pressupõe-se que a amizade dela com Ana Bolena nasceu mais tarde, ao longo do tempo. Mas Margarida ficou interessada nos Novos Ensinamentos muito tempo depois e não no tempo de permanência de Ana Bolena na França.

Existem algumas referências aos sentimentos de Ana Bolena em relação Margarida de Valois, a duquesa de Alençon e Rainha de Navarra, e eles poderiam ter levado à conclusão de que as duas se conheciam.

O irmão de Ana, George Bolena, foi enviado à França em uma missão diplomática em 1534 e ele também estava destinado a informar Margarida de Valois que sua irmã não seria capaz de participar de uma cúpula em Calais, pois ela estava esperando um filho:

“Rochford recorreu ao rei francês com toda a velocidade,  e de passagem por Paris para fazer recomendações saudáveis para rei e a rainha de Navarra, se ela estiver lá, e dizer que a rainha muito se regozija com amizade profundamente enraizada dos dois reis, mas que ela deseja que o encontro seja adiado, já que o tempo seria muito inconveniente para ela, e o Rei está tão ansioso para ver seu bom irmão que ele não vai colocá-lo fora em sua conta. Suas razões são, que estando tão longe com a criança, ela não pode atravessar o mar com o Rei, e ela ficaria privada da presença de Sua Alteza quando era mais necessário, a menos que o encontro pudesse ser adiado até o próximo Abril. ”

Em 1533, o tio de Ana, o Duque de Norfolk teve uma audiência com Margarida de Valois e depois ele relatou:

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Thomas Howard, 3 Duque de Norfolk

“Desde que cheguei aqui (Paris) estive duas vezes com a rainha de Navarra, e ambas as vezes por, pelo menos, cinco horas. Ela é uma das mais sábias e francas mulheres, e melhor compositora de sua finalidade com quem tenho falado, e é afetuosa com sua Alteza como se fosse sua própria irmã e também com a rainha. ”

De acordo com o Duque de Norfolk, a Rainha de Navarra era afetuosa com Henrique VIII e sua nova esposa e provavelmente estava disposta a reconhecer Ana Bolena como a rainha da Inglaterra. Ele concluiu a carta a Henrique dizendo: Minha opinião é que ela (a rainha de Navarra) é sua boa amiga, tenho certeza. ”

Não há nenhuma indicação de que Ana Bolena e Margarida de Valois se tornaram boas amigas durante a estadia de Ana na França. É interessante notar que Margarida de Valois não mencionou Ana Bolena ao duque de Norfolk ou para George Bolena em nenhum momento.

Briis-sous-Forges:

Uma vez que não possuímos nenhuma evidência direta para o serviço de Ana Bolena na corte da rainha Claude e sabemos que ela passou alguns anos na França, onde ela estaria então?

tour-danne-boleyn-briis-sous-forgesA Tradição francesa liga Ana Bolena a uma cidade localizada nas proximidades de Paris, chamada Briis-sous-Forges. Há algo como Tour d’Anne Boleyn (Torre de Ana Bolena) onde supõe-se que seja uma parte das ruínas do castelo onde Ana Bolena passou sua juventude. A famosa história de que Ana foi enviada à França em sua juventude, vem de Nicolas Sander:

“Aos quinze anos ela pecou pela primeira vez com o mordomo de seu pai, e depois com seu capelão, e imediatamente foi enviada à França e colocado, à custa do rei, sob os cuidados de certo nobre não muito longe de Brie. ”

Sander não foi o único a declarar que Ana Bolena passou sua juventude nas proximidades Paris. Julien Brodeau escreveu que Ana Bolena havia sido criada em Briis-sous-Forges por parentes de seu pai. William Rastall e Adam Blackwood também apoiaram esta noção.

É possível que Thomas Bolena tenha mandado a filha para a França para que ela pudesse ser educada na casa de seus parentes, embora seja desconhecida a razão pela qual ele fez isto, considerando que as pessoas tendiam a enviar seus filhos para serem educados por seus parentes, mas dentro de seu próprio país.

Também é possível que Ana Bolena durante sua estada na França, estivesse na Corte de Claude, mas não necessariamente como uma Dama de Companhia.

Conforme dito antes, isto não é uma opinião. Trata-se apenas de uma abertura à todas as possibilidades. Ana Bolena pode ter servido nestas Cortes ou não. Tudo é possível.

FONTES:
Artigo traduzido do original, escrito pela página de Madeleine92posts: AQUI.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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