Elisabeth da Áustria, conhecida como Sissi por sua família e inúmeros admiradores através do tempo, foi uma mulher que conheceu extremos. Seus rompantes depressivos¹, amor à poesia, moda e beleza, além de seu trágico fim, a transformaram em um mito em vida e perfeito

ícone do drama de uma mulher que tinha tudo e ao mesmo tempo, nada possuía.
Presa em sua gaiola dourada, Sissi cativou-nos descendo do mágico pedestal da vida perfeita das consortes reais, que até então nos era retratada. Ela mostrou-nos o lado ais humano e frágil de viver sob tamanho estatuto. Nascida para ser livre, ela não conseguia suportar ou compreender as limitações que a vida de uma Imperatriz lhe impunha.
”…Caminho solitária pela Terra há tempos, alienada da vida e do prazer. Não possuo e nunca possuí, uma alma que me compreendesse…”– Diria ela em seu diário.
Conhecida por muitos, ao ser vivida nas telas pela incrível atriz austríaca Romy Schneider, muitas pessoas questionam-se o que levou esta bela mulher, com um devoto marido e o mundo a seus pés, a viver tão solitariamente em seu próprio mundo de cristal.
Nesta série de artigos, abordaremos a vida de Elisabeth, desde seus anos dourados nos verdes campos da Bavária, até seus últimos dias em Genebra. Convidamos o leitor, a adentrar um pouco mais em sua incrível história.
Início da Vida:
Elisabeth Amalie Eugenie von Wittelsbach nasceu em 24 de dezembro de 1837, em

Munique, Alemanha. Ela chegou ao mundo, às 22 horas e 43 minutos. Imediatamente após seu nascimento, os ministros presentes no local como testemunhas, foram apresentados a pequenina e saudável recém-nascida.
Após o parto, os aposentos de sua mãe, encheram-se de damas e cavalheiros, para receberem a mais nova criança da família. Curiosamente, ressaltou-se principalmente um aspecto; tal como Napoleão – segundo acreditavam na época -, ela já havia nascido com um pequeno dente à mostra. Tal característica, fora exaltada como um bom presságio, assim como o fato da jovem ter nascido em um domingo, véspera de natal, chegando com um feliz presente para o casal ducal.
Os pais de Elisabeth foram o Duque Maximilian da Baviera e sua esposa Ludovika (cujos irmãos incluíram o rei Ludwig I da Baviera, Rainha Maria da Saxônia, Rainha Amalie da Saxônia, Rainha Elisabeth da Prussia e Sophie, mãe do imperador Franz Joseph da Áustria). A mulher escolhida como sua madrinha, foi sua tia, a Rainha Elisabeth da Prússia, nome pelo qual a pequenina seria agraciada.
A mãe de Elisabeth, Ludovika, foi filha do Rei Maximiliano I da Baviera e sua segunda esposa, Catarina de Baden. Como filha de um monarca reinante, Ludovika era uma princesa e ao casar-se com seu primo Maximilian Joseph (Maximiliano José), em 1828, a união fora considerada abaixo de seu status, uma vez que este, era apenas um Duque. Da união nasceram os seguintes filhos:
–Ludwig em 1831
–Helene em 1834
-Elisabeth (Sissi) em 1837
–Karl Theodor em 1839
–Maria Sophie em 1841
–Mathilde em 1843
–Sophie em 1847
–Max Emmanuel em 1849
Um mês após seu nascimento, seu pai viaja ao Mediterrâneo e Oriente. Um helenófilo entusiasta – característica que legaria à sua filha -, ele desejava conhecer a Grécia. Max

acabaria estendendo a viagem ao Egito, onde em Cairo, conheceria as pirâmides. Após retornar para casa, ele passa a dedicar-se especificamente ao seu amor pela escrita e literatura. Quando jovem, Max escrevia obras dramáticas e poesias, sempre assinadas por seu pseudônimo ”Phantasus”.
Elisabeth junto de sua família, viveu na mansão de Maximilian em Munique, passando seus verões em um retiro no Castelo de Possenhofen na costa oeste do Lago Starnberger, adquirido em 1834 por seu pai. Ela amava este local, que viria a ser seu refúgio anos depois, quando casada.
Segundo a Condessa Maria Theresa Festetics (Dama de Companhia da Rainha Elisabeth da Prússia), o local : – ”É uma residência simples, mas bem conservada, limpa e bonita; a cozinha é boa, embora não tenha pompa. Tudo é agradavelmente ultrapassado, mas de bom gosto”.
Quando criança, Sissi – que recebera tal apelido de sua família, sem um motivo em particular – nunca foi considerada ”especial”, particularmente brilhante ou mais bela que suas outras irmãs – ela era assim como o resto da prole ducal, igualmente amada por seus pais e muito tímida com estranhos. Enquanto sua irmã mais velha, Helene, era uma admirável jovem, com boas maneiras, porte e graça, Sissi foi o oposto. Ela adorava a natureza, pescar, brincar na grama, sujar-se, andar pelas florestas e colinas ao redor de Possenhofen, e admirar os animais. Sua grande paixão desde cedo foram os cavalos e equitação, amor este, que compartilhara com seu pai. Em realidade, ela amava todos os animais. Ela chegou a possuir coelhos, canários, porquinhos-da-índia, cães, hamsters, um veado, galinhas da Angola, cordeiros e muitos outros, que viajavam frequentemente com sua família durante os retiros.

Uma vez que não possuíam obrigações oficiais na Corte Real, o casal deixou seus filhos viverem e crescerem tão despreocupadamente quanto fosse possível. A educação que receberam estava longe de ser rígida, embora fosse da vontade de Ludovika que eles fizessem bons casamentos e assim que possível, fossem apresentados à vida aristocrática. Na infância, estas crianças puderam viver como gente comum. Enquanto o adúltero e mulherengo Max tentou tanto quanto pode, viajar e escapar de funções oficiais, era confiada à Ludovika, a tarefa de disciplinar seus filhos. Aos 9 anos de idade, Sissi mais parecia-se com uma criança do campo, bronzeada e ativa, que com um membro da aristocracia.
Pontualmente às oito da manhã, Sissi e seus irmãos tomavam o dejejum ao lado de Ludovika. Após a refeição, eles faziam seus deveres até 14 horas. No entanto, o clima entre todos era de completa inquietação e falta de protocolo. Eles não aplicavam-se em suas lições, com exceção de Helene, que era sempre muito comportada. Ao lado dos outros irmãos, no inverno, Sissi vivia correndo pela mansão em Munique e no verão, pelos jardins verdejantes de Possenhofen, deixando seus professores angustiados com tamanha liberdade.

A relação de Sissi com sua mãe fora mais distante, uma vez que esta, sempre estava preocupada com sua primogênita Helene. Foi com seu pai que a jovem dividiria suas confissões, opiniões e gostos. Eles passavam muito tempo juntos (quando este não estava viajando), conversando sobre arte, caça e o amor por equitação e poesia. Quando jovem, Elisabeth não manteve um diário, ao invés disto, ela escrevia poemas como modo de expressar-se. Foi por seu pai, que Sissi tornou-se fascinada pelo poeta romântico alemão, Heinrich Heine (1798-1856), que serviria-lhe de inspiração em suas obras futuras.
Como crescera relativamente isolada de outros jovens – com exceção de alguns poucos amigos -, o laço que manteve com seus irmãos fora fortalecendo-se com o decorrer dos anos. Eles cresceram em grande harmonia, sem grandes queixas um contra o outro.
Aos nove anos, sua ama é substituída pela baronesa Luisa Wulffen (mais tarde, Condessa Hundt). Luisa era uma mulher melancólica e sensível, que passaria para Sissi, muitas de suas inquietações. Ela também foi responsável pelo crescente afastamento desta, com sua irmã Helene, a quem considerava uma má influência para a jovem: –
”O caráter de Helene – escreve a baronesa em 1846 – faz com que eu julgue aconselhável separá-la da irmã Elisabeth. Sem ser má, esta exerce todavia, uma desfavorável influência sobre ela…”
O primeiro amor de Elisabeth, foi quando ainda muito jovem. Ela apaixonou-se por um Conde que frequentemente visitava o Castelo de sua família, em Munique. Era uma paixão platônica e infantil; no entanto, quando sua mãe encontrou os poemas que a jovem tecera sobre o rapaz, ela a castigou e baniu o Conde do Castelo, fazendo com que Sissi nunca mais o visse novamente.

A outra breve paixão de Sissi fora seu primo Karl Ludwig. Ele gostava muito de Elisabeth e admirava seus desenhos e canários de estimação. Ele era cinco anos mais velho que ela e a presenteava com doces e rosas. É possível que a sagaz mãe de Sissi, tenha acreditado que eles fizessem um bom casal no futuro. No entanto, foi no ano de 1853, que sua vida mudaria para sempre.
Em Julho de 1853, Ludovika recebeu uma carta muito lisonjeira de sua irmã, a arquiduquesa da Áustria, Sophie. Ela estava à procura de uma boa esposa para seu filho de 22 anos, o Imperador da Áustria, Franz Joseph (Francisco José). Ao lembrar-se da boa impressão que a refinada Helene deixou-lhe, Sophie acreditou que ela seria a candidata ideal para seu tão importante filho. Foi então solicitado que Ludovika e Helene, comparecessem ao Palácio da família real em Bad Ischl, Áustria, para que os dois primos pudessem se familiarizar.

Lembrando do inocente amor de Elisabeth e seu outro primo, Karl Ludwig, Ludovika resolveu levá-la também à Corte austríaca, com a intenção de que ela também pudesse contrair matrimônio. Deste modo, caso seu plano desse certo, ela casaria duas de suas filhas no seio da mais prestigiada família real austríaca.
Mãe e filhas partiram para Bad Ischl, em agosto de 1853, mas o ambiente não era o esperado. A corte estava em luto pela morte de sua tia Sophie – não a arquiduquesa austríaca citada acima, mas uma outra mulher de mesmo nome. Diante de uma Corte que trajava negro da cabeça aos pés, elas então, foram ao encontro de Sophie.
Helene foi apresentada ao Imperador Franz Josef, que a principio, gostou muito do que vira. No entanto, no jantar à noite, o inesperado ocorreu. Ao tirar os olhos de Helene, que sentara-se a seu lado, ele notou a jovem e esbelta Elisabeth, que estava sentada bem mais longe de sua presença, uma vez que os assentos eram destinado de acordo com títulos, interesses e posições. Embora tenha passado um bom tempo cortejando Helene, ele logo começou a interessar-se por Elisabeth, cada vez mais, até que finalmente em uma noite, a convidou para dançar. Era tarde demais, o Imperador havia apaixonado-se pela irmã de sua pretendente.

Dentro de poucos dias a notícia correu como um furacão pela Corte. Franz Josef então, comunicou sua mãe Sophie, que estava apaixonado por sua prima de quinze anos de idade, Elisabeth e que planejava casar-se com ela ao invés de Helene.
Para conquistar a jovem Elisabeth, Franz passou a cortejá-la do mesmo modo que antes fizera com sua irmã Helene, mostrando-lhe os muitos esplendores de sua pomposa vida como Imperador. Sophie desde o início não aprovou Elisabeth e Ludovika demonstrou um claro embaraço com a situação, uma vez que sabia o quanto a jovem era imatura e despreparada para o importante papel de Imperatriz da Áustria.
Quais teriam sido os sentimentos da jovem? Como Sissi adaptaria-se a esta nova vida, tão diferente da que havia levado por toda a sua existência?
Continua…
– Artigo dedicado à Tante e seu interesse pela vida de Elisabeth da Áustria –
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Bibliografia:
Seus rompantes depressivos¹: Trecho extraído dos registros imperais da áustria, através do Austrian Imperial Edition citado abaixo.
Prólogo de Rodolfo Arquiduque da Áustria em: Sissi – A Atormentada Vida da Imperatriz Isabel –de Habsburgo, Catarina. Portugal: Esfera dos Livros, 2010.
Perris, Alicia – Sissi Emperatriz: Elizabeth de Austria (Mujeres en la historia series) – Espanha – Edimat Libros, 2007.
Egon, Corti – A Imperatriz Elisabete: Sissi – Rio de Janeiro, 1958.
Stephan, Renato – Austrian Imperial Edition – Elisabeth Imperatriz da Áustria 1837-1898 (O Destino de uma mulher submetida aos rigores da Corte Real) – São Paulo.
GOSTARIA MUITO DE ACOMPANHAR ESTA HISTÓRIA. SOU APAIXONADA PELA VIDA DELA. TENHO OS 3 FILMES E GUARDO COMO UMA JOIA RARA.
Foi lindo o amor de Sissi e Franz Joseph , apesar dos contratempos q houve !!! Eles se amaram muito , pena q tenha terminado assim !!!!
História linda da Imperatriz Sissi, quando eu era criança amava os desenhos que passavam na TV e só depois de adulta que fui entender a verdadeira história e me sinto melancólica quando leio algo sobre ela.