A Origem do Dia da Mentira – 1º de Abril

01 de abril, o famoso “Dia da Mentira” ou “April Fool’s Day” é uma tradição bastante popular no ocidente como sendo um dia tradicional para pregar peças em amigos e familiares.
Mas de onde será que surgiu esta tradição? Bem, isto é exatamente o que veremos a seguir.

Em 1708 um correspondente escreveu para a revista britânica, Apollo, fazendo a seguinte pergunta: “De onde procede o costume do dia da mentira? ”
A pergunta é uma que muitas pessoas ainda estão fazendo hoje em dia. De acordo com os historiadores culturais, o quebra-cabeça sobre a tradição do Dia da Mentira teve início durante o século XVIII, ou pelo menos foi durante ele que detalhadas referências ao dia (e curiosidades sobre a tradição) começaram a aparecer. No entanto, naquela época o costume já estava bem estabelecido em todo o norte da Europa e foi considerado como sendo muito antigo.
Como esta tradição foi adotada por tantas culturas européias diferentes, sem provocar mais comentários no registro escrito? As referências ao Dia da Mentira podem ser encontradas já por volta do ano de 1500. No entanto, estas referências iniciais foram pouco frequentes e tendiam a ser vagas e ambíguas. As escritas de Shakespeare, por exemplo, não fazem qualquer menção ao Dia da Mentira, apesar dele ter sido, como Charles Dickens Jr. apontou, um escritor que “deleitava-se com os tolos em geral.” Muitas teorias foram apresentadas sobre como a tradição começou. Infelizmente, nenhuma delas é muito atraente. Assim, a origem do “costume do Dia da Mentira” permanece sendo um mistério para nós tanto quanto era por volta de 1708.

A teoria da mudança do Calendário:

A teoria mais popular sobre a origem do Dia da Mentira envolve a reforma do calendário francês do século XVI. Ela é a seguinte: Em 1564 a França reformou o seu calendário, mudando o início do ano do final de março, para o dia 1 de janeiro. Aqueles que não conseguiam aceitar e se acostumar com a mudança, permanecendo teimosamente agarrados ao antigo sistema de calendário e continuando a celebrar o Ano Novo durante a última semana do terceiro mês (25 de Março até 1 de Abril) seriam alvos piadas e peças. Outras pessoas poderiam jocosamente colar desenhos de peixes de papel em suas costas. As vítimas desta brincadeira, eram assim chamadas de “os peixes de abril” – que, até hoje, continua a ser o termo francês para o Dia da Mentira – e assim a tradição nasceu.

A hipótese da mudança de calendário parece, na superfície, uma explicação lógica para a origem do Dia da Mentira. No entanto, a hipótese torna-se menos plausível se examinarmos a história da reforma do calendário em mais detalhes.

O Calendário Juliano:

O calendário Juliano, criado por Júlio César em 46 a.c., fazia do dia 1 de janeiro o primeiro dia do ano. Porém, conforme o Cristianismo espalhava-se pela Europa, foram feitos esforços para cristianizar o calendário, movendo o Dia de Ano Novo para datas de maior significado teológico, como Natal ou Páscoa. Alguns países continuaram a usar 01 de janeiro, justificando esta, como a data da circuncisão de Cristo. Como consequência, no ano de 1500, o sistema de calendário europeu era uma bagunça. Eles não apenas possuíam erros conforme o calendário Juliano, mas também faziam com que o ano solar divergisse do ano civil, e deste modo, diversos países estavam começando o ano em datas diferentes. A maioria das regiões da França vinha usando a Páscoa como o início do ano pelo menos desde o século XIV. Isto causou uma confusão especial, uma vez que a data da Páscoa era ligada ao ciclo lunar e mudava de um ano para o outro. Às vezes, a mesma data ocorreria duas vezes em um ano. No entanto, os franceses utilizaram a Páscoa como o início do ano principalmente para fins legais e administrativos. 01 de janeiro, seguindo o costume romano, foi amplamente considerado como o começo tradicional do ano, e era o dia em que as pessoas trocavam presentes.

A Reforma do século XVI:

A prática de começar o ano no dia de Páscoa causou enorme inconveniente prático, por isto, em torno de 1500, muitas pessoas na França começaram a usar 01 de janeiro como o início do ano civil. Por exemplo, em livros franceses do início do século XVI, é comum ver ambas as formas de datação listadas lado-a-lado (para os títulos publicados em janeiro, fevereiro ou março).
Em meados do século XVI, um sistema de calendário começando em 1 de Janeiro estava em amplo uso na França. Em 1563 o rei Charles IX decretou que 1 de Janeiro seria o primeiro dia do ano, alinhando assim uma convenção legal com o que havia se tornado a prática popular. Seu decreto foi aprovado em lei pelo Parlamento francês em 22 de dezembro de 1564. Dezoito anos mais tarde, em 1582, o Papa Gregório emitiu uma bula papal decretando a reforma do calendário. A reforma gregoriana incluía mover o início do ano para 1 de janeiro, bem como a criação de um sistema de anos bissextos e eliminando dez dias do mês de outubro daquele ano, a fim de corrigir o desvio do calendário. O Papa não tinha poder formal para obrigar os governos a aceitarem esta reforma, mas ele pediu as nações cristãs que o fizessem. A França aceitou imediatamente a reforma, embora eles já tivessem mudado o início do ano em 1564. (Muitas histórias sobre o Dia da Mentira erroneamente sugerem que a França só mudou o início do ano em 1582, quando aceitou a reforma do calendário gregoriano na sua totalidade. )

Com esta história em mente, torna-se claro o porquê da hipótese “Mudança de Calendário” ser uma explicação problemática para a origem do Dia da Mentira. A mudança para 1 de Janeiro não ocorreu de repente na França. Foi um processo gradual, abrangendo todo um século. E mesmo antes da troca, o Ano Novo francês não tinha qualquer ligação óbvia com o 1 de Abril.

A alteração Britânica do Calendário:

A hipótese da mudança de calendário é mais plausível se aplicada à Grã-Bretanha, pois eram os britânicos, e não os franceses, que mais comumente comemoravam o Dia de Ano Novo em 25 de março (a data da festa cristã da Anunciação), seguido por uma semana de festividades que culminavam no abril 1.
Em realidade, a versão mais antiga da hipótese da mudança de calendário a ser encontrada impressa, datada de 1766, coloca o argumento em um contexto britânico. Um correspondente da Revista dos Cavalheiros em Abril 1766, escreveu:

“O costume estranho que prevalece em todo este reino, de pessoas fazendo de tolos uns aos outros no primeiro de abril, surgiu a partir de antes do ano começar, a algum propósito, e em alguns aspectos, em vinte e cinco de março, que deveria ser a encarnação de nosso Senhor. Sendo habitual para os romanos, bem como como para nós, a realização de um festival, com a presença de um oitavo dia – no início do novo ano – sendo uma festa que dura oito dias, dos quais o primeiro e o último foram os principais. Por conseguinte, o primeiro de Abril é o oitavo dia após o vinte e cinco de março, e, consequentemente, o encerramento ou o fim da festa, que era ao mesmo tempo a festa da Anunciação e o Início do novo ano. ”

A Grã-Bretanha apenas mudou o início do seu ano civil para 1 de Janeiro em 1752. A esta altura, o Dia da Mentira já era uma tradição bem estabelecida. Então, a confusão sobre a mudança de calendário não poderia ter sido responsável pela origem do costume na Grã-Bretanha. No entanto é possível, como o correspondente da revista especulou, que o festival realizado em 1 de Abril (o “oitavo” dia após o final do ano civil, 25 de março) tenha evoluído para tornar-se o Dia da Mentira. Porém, isto é pura especulação, e é prejudicado pela falta de qualquer outra prova convincente de que o costume se originou na Grã-Bretanha. As primeiras referências inequívocas ao Dia da Mentira, na verdade, vêm da Europa continental, o que sugere que foi lá que o Dia da Mentira começou.

As primeiras referências:

Referências anteriores ao século XVIII sobre o Dia da Mentira, fornecem pistas sobre onde o costume pode ter originado-se. Infelizmente, muitas destas referências são ambíguas, e o seu significado é difícil de determinar.

1392: Chaucer:

Possivelmente, a primeira referência ao Dia da Mentira pode ser encontrada na obra de Chaucer. Infelizmente, a referência é tão ambígua quanto inútil como evidência histórica. No conto Nun’s Priest’s Tale (escrito por volta de 1392), Chaucer conta a história de um galo que apaixona-se pelos os truques de uma raposa, e como consequência é quase devorado. O narrador descreve o conto como ocorrendo:

When that the monthe in which the world bigan                
That highte March, whan God first maked man,                  

Was complet, and passed were also
March bigan thritty dayes and two

No mês em que o mundo começou
Isto em Março, quando Deus criou o primeiro homem,
Completou-se e também ocorreu,
Em Março que começou com trinta e dois dias

Esta passagem tem causado uma enorme confusão entre os estudiosos de Chaucer, uma vez que parece ser auto-contraditória. Será que isto significa que os eventos ocorriam durante trinta e dois dias (“dayes thritty and two”) depois que Março “se completou”, (ou seja, 03 de maio), ou trinta e dois dias “Bigan Syn March” (desde que março começou), ou seja, 1 de Abril?
Se a segunda interpretação estiver correta, o conto acontece no Dia da Mentira, o que parece apropriado para uma história de um galo tolo e raposa esperta. Poderia Chaucer ter escolhido esta data propositadamente, definindo o conto em 1 de abril por causa da tradição de pregar peças associadas com o dia? A maioria dos estudiosos de Chaucer não pensam assim. A interpretação mais popular desta passagem é que Chaucer queria dizer 03 de maio, assim, os estudiosos muitas vezes mudam o texto para “Quando março [se completou]”.
No entanto, o historiador Peter Travis argumentou que Chaucer não tinha a intenção de fornecer uma data precisa, mas em vez disto, estava propositadamente usando uma linguagem confusa, a fim de parodiar a linguagem da filosofia medieval. O que quer que Chaucer queria ter dito não temos como saber, e assim, também não podemos concluir com base nestas poucas linhas que ele estava ciente de um costume de pregar peças em 01 de Abril.

1508: Eloy d’Amerval:

A próxima possível referência ao Dia da Mentira que encontramos é em 1508, em um poema escrito por Eloy d’Amerval, um maestro e compositor francês. O poema é intitulado “Le livre de la deablerie”, em tradução literal “O livro das diabruras”.
Segundo informações, o livro consiste em “um diálogo entre Satanás e Lúcifer, em que a sua trama nefasta de futuras más ações é interrompida periodicamente pelo autor, que entre outros aspectos, conta com terreno e a virtude divina, e registra informações úteis sobre a prática musical contemporânea.” O poema só seria de interesse para os historiadores da música, exceto que pelo fato de que ele inclui a linha “maquereau infâme de maint homme et de manuten femme, poisson d’avril”.
A frase “poisson d’avril” (Peixe de Abril) é o termo francês para uma pegadinha, mas não está claro se o uso do termo por d’Amerval era referido a 1 de Abril, especificamente. Ele pode ter tido a intenção de usar a frase simplesmente para assinalar uma pessoa tola.

1561: Eduard de Dene:

O escritor Flamengo Eduard De Dene publicou um poema cômico em 1561 sobre um nobre que inventa um plano para enviar repetidamente ao seu servo, recados absurdos no dia 1 de abril, supostamente para ajudar a preparar uma festa de casamento. O servo percebe o que está sendo feito, e acredita tratar-se de uma piada de primeiro de abril. O poema é intitulado “Refereyn vp verzendekens dach/Twelck den eersten abril te Zyne Plach.”
Isto significa (aproximadamente) de forma traduzida: “Abstenha-se dos serviço do dia/pois é o primeiro de abril.”
No final, o servo diz: “Eu temo que você esteja tentando me fazer executar uma missão de tolos. ”

Enfim, o que temos aqui é uma referência bastante clara a um costume de pregar peças em 1 de abril. Assim, podemos dizer que o Dia da Mentira remonta pelo menos ao século XVI. Devido a esta referência (e a vaga referência francesa), os historiadores acreditam que o Dia da Mentira deve ter originado-se no norte da Europa continental, depois espalhou-se para a Inglaterra.

1632: A Fuga do Duque de Lorraine:

Segundo a lenda, o Duque de Lorraine e sua esposa foram presos em Nantes. Eles escaparam em 01 de abril de 1632, disfarçando-se como camponeses e caminharam através da porta da frente. Alguém notou e disse aos guardas. No entanto, os guardas acreditavam que o aviso era uma “poisson d’avril” (ou pegadinha do Dia da Mentira) e apenas riram para eles, permitindo assim que o Duque e sua esposa escapassem. Não se sabe se qualquer parte desta lenda é verdadeira.

1686: John Aubrey:

O antiquário Inglês John Aubrey recolheu muitas anotações sobre costumes e superstições populares como parte de pesquisa para um trabalho que foi intitulado “Restos do gentilismo e o judaísmo”.
Em 1686, ele escreveu, “O santo dia dos tolos. Observamos que em vós primeiro de abril. E assim ele é mantido na Alemanha em todos os lugares. ” As notas recolhidas foram publicadas postumamente. Então, no final do século XVII, o Dia da Mentira tinha definitivamente chegado até a Grã-Bretanha.

1698: Lavar os Leões:

Em 02 de abril de 1698, uma edição do Dawks’s News-Letter (um jornal britânico) informou que “Ontem, sendo o primeiro de abril, várias pessoas foram enviadas para a Torre para ver os leões serem lavados.”
O Envio de vítimas ingênuas para a Torre de Londres para ver a “lavagem dos leões” (uma cerimônia não-existente) era uma brincadeira popular. Tornou-se tradicional que esta brincadeira fosse feita no Dia da Mentira. Exemplos dela ocorreram até meados do século XIX. No século XVIII, as referências escritas sobre o Dia da Mentira tornaram-se numerosas e apareceram em toda a Europa.

Festivais de renovação:

Quase todas as culturas do mundo têm algum tipo de festival nos primeiros meses do ano para comemorar o fim do inverno e o retorno da primavera. Antropólogos chamam de “festas de renovação.” Muitas vezes eles envolvem formas ritualizadas de caos e desgoverno. O uso de disfarces é comum. Pessoas pregam peças em amigos e estranhos. A ordem social é temporariamente invertida. Servos podem começar a dar ordens nos mestres, ou crianças desafiar a autoridade dos pais e professores. No entanto, tudo é sempre delimitado dentro de um prazo estrito, e as tensões são resolvidas por meio de risos e comédia. A ordem social é simbolicamente desafiada, mas depois restaurada, reafirmando a estabilidade da sociedade, assim como os meses frios do inverno desafiam temporariamente a vida biológica, e ainda assim o ciclo da vida continua voltando com a primavera.
O Dia da Mentira tem todas as características de um festival de renovação. Um dia em que comportamento que normalmente não é permitido (mentir, decepcionar, fazer pegadinhas) torna-se aceitável, e ainda assim o transtorno é delimitado dentro de um prazo estrito. Tradicionalmente, as brincadeiras supostamente deveriam ser iniciadas após o meio-dia do dia primeiro. As hierarquias sociais e as tensões ficavam expostas, mas a hostilidade era neutralizada com o riso.
Conforme as pessoas foram especulando sobre o Dia da Mentira, elas notaram as semelhanças entre ele e outros festivais “de renovação” da primavera. Muitos historiadores têm teorizado que o Dia da Mentira evoluiu diretamente de algum festival praticado nos tempos antigos. Uma conexão direta entre o Dia da Mentira e qualquer um dos festivais da era romana parece improvável, embora seja bastante possível que a tradição tenha evoluído a partir de um festival medieval realizado por volta da época do equinócio Vernal (tais como festivais de Ano Novo no final de Março, como mencionado acima). No entanto, não há consenso sobre qual festival ou tradição foi o percursor do Dia da Mentira. Abaixo está uma lista de alguns dos festivais que foram mais frequentemente sugeridos como seus antecessores.

A Saturnalia:

A Saturnália era um festival de inverno romano que ocorria no final de dezembro. Tratava-se de dançar, beber e festejar. As pessoas trocavam presentes, os escravos eram autorizados a fingir que governavam seus mestres, e havia um rei de mentira e o famoso Senhor da Desordem, que reinava durante o dia. Até o século IV d.c. a Saturnália tinha transformado-se em uma celebração do Dia de Ano Novo em 01 de janeiro, e muitas de suas tradições foram incorporadas às festas de Natal.

Hilaria:
No final de março, os romanos honravam a ressurreição de Átis, filho da Grande Mãe Cybele, com a celebração Hilaria. Esta festa envolvia alegria e o uso de disfarces.

Holi:
Mais longe, na Índia, acontecia o Holi. Conhecido como o festival de cores, durante o qual os celebrantes iam às ruas e jogavam pó colorido e água uns nos outros. Este feriado acontecia no dia de lua cheia do mês hindu de Phalguna (geralmente no final de fevereiro ou início de março).

Festival de Lud:
Os europeus do norte comemoravam este antigo festival para homenagear Lud, um deus celta do humor. Havia também os costumes populares da Europa do Norte, que brincavam com a hierarquia dos druidas.

Festa dos Loucos:
A Festus Fatuorum medieval (Festa dos Loucos/Tolos) evoluiu da Saturnalia. Neste dia os celebrantes elegiam um senhor da desordem e parodiavam rituais da igreja, muitas vezes de formas extremamente blasfemas. A Igreja condenou o costume, mas teve pouca sorte em conseguir erradicá-lo, apesar dos frequentes decretos que proibiam a festa. Ela continuou acontecendo desde do século V até o século XVI.

Festivais britânicos regionais:

Alguns festivais praticados nas regiões da Grã-Bretanha durante a Idade Média têm semelhanças com o Dia da Mentira.
Hoke-Tide (ou Hock-Tide) era celebrado por volta da Páscoa. Homens e mulheres iriam parar estranhos do sexo oposto nas estradas e amarrá-los, e apenas os soltariam em troca de dinheiro, que era deveria ser usado para um propósito piedoso. Vários jogos agitados também aconteciam.
Shig-Shag (ou Shick-Shack) Acontecia em 20 de maio. Os celebrantes colocariam ramos de carvalho em seus chapéus ou lapelas. Isto era supostamente feito para demonstrar lealdade para com a monarquia, uma vez que dizia-se que Charles II havia escondido-se em uma árvore de carvalho para escapar das forças de Cromwell. No entanto, a tradição, provavelmente, tinha raízes nos costumes pagãos de adoração da árvore. Qualquer pessoa que não usasse o carvalho poderia ser abordada e escarnecida, mas só até o meio-dia. Após o meio-dia a obrigação acabava.

Origens mitológicas:

Os estudiosos nos séculos XVIII e XIX, suspeitavam que o Dia da Mentira era de grande antiguidade e ocasionalmente tentaram localizar suas origens na mitologia antiga. Tais teorias nunca encontraram uma ampla aceitação, mas elas estão incluídas aqui, pois foram frequentemente levantadas em discussões sobre o Dia da Mentira.

Mitologia romana:
Na mitologia romana, Plutão, o deus dos mortos, raptava Proserpina e a levava para viver com ele no submundo. Proserpina chamou sua mãe, Ceres, (deusa dos grãos e da colheita) em busca de ajuda, mas Ceres só podia ouvir o eco da voz de sua filha, procurando em vão por ela. Alguns estudiosos teorizaram que a busca infrutífera de Ceres por sua filha (comemorada durante o festival romano de Cereália) foi o antecedente mitológico para a tradição de enviar recados enganosos, que eram populares no 1 de abril.

Mitologia Cristã:
Uma vez tentaram cristianizar a tradição popular do Dia da Mentira buscando localizar a sua origem nas tradições bíblicas. Por exemplo, a tradição foi atribuída ao erro de Noé em enviar uma pomba para fora da arca antes das águas da inundação abaixarem (enviando assim a pomba em uma missão de tolos). A segunda história sugere que o dia comemora o momento em que Jesus foi enviado por Pilatos a Herodes e de volta. A frase “Enviando um homem de Pilatos para Herodes” (um termo antigo para enviar alguém em uma missão de tolos) foi muitas vezes apontada como prova desta teoria de origem.

Outras Teorias:

Há teorias sobre a origem da específica do Dia da Mentira na Grã-Bretanha, na Alemanha, na Holanda e na França. Nenhuma destas teorias oferece uma explicação convincente da origem do dia. No entanto, é um sinal da natureza multicultural da tradição, considerando que quatro países diferentes tentam levar o crédito por ela.

França:

A teoria da origem francesa (a hipótese da mudança de calendário) foi discutida acima. Alega que o costume originou-se quando o Rei Charles IX reformou o calendário, movendo o início do ano de 1 de abril para 1 de janeiro. As pessoas que continuaram a celebrar o Ano Novo em 1 de Abril foram ridicularizadas e eram alvos brincadeiras, iniciando assim o costume do Dia da Mentira. Isto tornou-se, em todo o mundo, a teoria mais popular da origem do Dia da Mentira, apesar de suas falhas.
Os franceses também têm uma teoria que liga a origem do costume até o fato de uma abundância de peixe ser encontrada em riachos e rios franceses durante início de abril, quando os peixes jovens haviam acabado de nascer. Estes peixes jovens eram fáceis de enganar com um gancho e com isca. Portanto, os franceses chamavam de “Poisson d’Avril” (Peixes de abril) e logo tornou-se habitual (de acordo com esta teoria) para enganar as pessoas no 1 de Abril, como uma forma de celebrar a abundância de peixes tolos. Os franceses ainda usam o termo “Poisson d’Avril” para descrever as brincadeiras Dia da Mentira. Eles também têm o costume de dar uns aos outros peixes de chocolate neste dia.

Grã Bretanha:

O folclore britânico liga o Dia da Mentira a cidade de Gotham, uma cidade lendária de tolos, que ficava localizada em Nottinghamshire. Segundo a lenda, era tradicional no século 13 que qualquer caminho em que o Rei colocasse o pé tornar-se-ia propriedade pública. Então, quando os cidadãos de Gotham ouviram que o rei João estava planejado viajar através de sua cidade, eles recusaram-lhe a entrada, não querendo perder a sua estrada principal. Quando o rei ouviu isto, enviou soldados para a cidade. Mas quando os soldados chegaram em Gotham, eles encontraram a cidade cheia de loucos envolvidos em atividades tolas como afogamento peixes ou a tentativa de colocar aves em gaiolas sem teto. Sua tolice era tudo um fingimento, mas o rei caiu na armadilha e declarou a cidade muito tola para justificar a punição. Desde então, segundo a lenda, Dia da Mentira tem sido comemorado como prova de sua malandragem.

Alemanha:

Em 01 de abril de 1530, uma reunião de legisladores deveria ocorrer em Augsburg, a fim de considerar várias questões financeiras. Devido a considerações de tempo, a reunião não aconteceu e os numerosos especuladores que tinham apostado que a reunião ocorreria, perderam o seu dinheiro e foram ridicularizados; e esta é a origem da tradição de pregar peças em 1 de Abril na Alemanha.

Holanda:

Em 1 de abril de 1572 rebeldes holandeses capturaram a cidade de Den Briel das tropas espanholas comandadas por Lord Alva. Este sucesso militar levou à independência dos Países Baixos do domínio Espanhol. A rima holandesa: “Op 01 of april/Verloor Alva zijn Bril.”, se traduz em: “No dia 1º de abril/Alva perdeu Bril”.
“Bril” significa óculos em holandês, mas também é um trocadilho com o nome da cidade, Den Briel. Alega-se que a tradição de brincadeiras em 1º de abril ocorreu para comemorar a vitória em Den Briel e humilhação do comandante espanhol.

Bem, considerando tudo isto, fica claro que não podemos dizer exatamente de onde se originaram as tradições, mas o que podemos ter certeza, é que o dia 1º de Abril é um dia de divertimento e brincadeiras em praticamente todo o mundo ocidental.

FONTES:
Hoaxes.org: AQUI.

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