Relíquia Encontrada: Pano de altar em igreja rural, pode ter pertencido à Elizabeth I

Por séculos a proveniência de uma rica toalha de altar na igreja rural de St. Faith na aldeia de Bacton em Herefordshire, alimenta um enigma e desperta a curiosidade de locais. Segundo conjecturavam, este tratava-se de um tecido doado pela própria Elizabeth I, última monarca da dinastia Tudor, à sua servente e confidente, Blanche Parry, uma nobre local.

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A Toalha em exposição nas paredes de St. Faith.

A toalha, que era o tesouro mais precioso da Igreja de St.Faith, e que até recentemente esteve pendurada em uma caixa de madeira e vidro em uma das paredes do local (após ter sido aposentado como um pano de altar há mais de cem anos atrás) tornou-se famosa em toda a Inglaterra ao ser identificada por especialistas como tendo feito parte de um traje que remonta às últimas décadas do século XVI. Um recente exame detalhado da toalha realizado pelos curadores do HRP (Historic Royal Palaces), reforçou a teoria de que o tecido uma vez fez parte de um vestido usado na Corte Real.

A toalha, que mede mais de 2 metros por 1 metro, foi confeccionada em tecido de prata; este tecido de elevado estatuto compreende-se por finos fios de prata, torcidos juntamente com fios de seda, a fim de fornecer uma brilhante trama para vestes. Segundo a Lei Suntuária¹  Tudor, este pano poderia ser destinado apenas aos mais altos escalões da aristocracia.

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Igreja de St. Faith, em Bracton.

Uma vez que o tecido conta com elementos habilmente bordados para embelezá-lo – como flores, plantas, diversos animais, e até mesmo um pequeno barco a remo – a mão de uma bordadeira doméstica foi detectada, mostrando ser este, um típico trabalho de bordado realizado por Damas da aristocracia Tudor. Os elementos nele apresentados, o fizeram ser relacionado à uma das mais famosas pinturas onde Elizabeth I aparece representada: o Rainbow Portrait (Retrato do Arco-íris). No retrato em questão, o vestido usado por ela, contém um tecido semelhante ao analisado, embora não tenha sido encontrada nenhuma prova documental para assegurar tal afirmação.

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Blanche Parry ao lado de Elizabeth I.

Blanche Parry (1507/8–1590), nascida em Bracton, foi conhecida por ter sido a dama-chefe da Câmara Privada da rainha e mantenedora das joias de sua majestade, cargo este, que assumiu aos 57 anos de idade. Cabia a ela supervisionar o guarda-roupa e as joias reais, ajudar a elaborar os trajes da rainha e a vesti-la para suas ocasiões. Tal serviço fez com que ela desenvolvesse fortes vínculos com a monarca, tornando-se uma de suas companheiras mais intimas. Registros mostram que a rainha regularmente presenteava Parry com muitas peças de seu guarda-roupa. Deste modo, o pano tem sido associado a uma doação realizada por Parry à igreja, uma vez que a mesma ergueu em St. Faith, um monumento marcando seus leais serviços prestados à rainha.

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Detalhe do tecido.

Embora famosa por seu luxuoso guarda-roupa que ocupava várias salas, todas repletas de peças ricamente adornadas, não era incomum que a rainha Elizabeth I passasse adiante suas roupas descartadas para seus servos ou confidentes. No entanto, uma vez que usar os trajes de uma rainha (mesmo os menos elegantes) era visto como um tabu devido as leis suntuárias, muitas vezes essas roupas eram cortadas e seus valiosos tecidos doados ou vendidos como peças separadas. De todas as roupas usadas por Elizabeth, até hoje nenhum único pedaço delas foi encontrado.

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Rainbow Portrait.

O caso ganhou notoriedade fora do local, quando a historiadora especializada no período Tudor e curadora conjunta do HRP, Tracy Borman, visitou a igreja. Borman estava em Bacton procurando informações sobre Blanche Parry. Como resultado de suas pesquisas, ela aborda a história por detrás do objeto, em  seu novo livro chamado ”The Private Lives Of The Tudors’’ (A Vida Privada dos Tudors).

Segundo a historiadora: ”Este é um achado incrível. Itens de vestuário Tudor são excepcionalmente raros em todos caso, porém, descobrir um com uma ligação pessoal à rainha Elizabeth I, é algo quase inédito! Estamos entusiasmados por trabalhar com a Igreja de St Faith para conservar este notável objeto, que será agora examinado por nossos especialistas em conservação no Palácio de Hampton Court, onde esperamos ser capazes de exibi-lo no futuro.”

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Detalhe bordado no tecido.

Esta é uma descoberta fascinante, uma vez que o tecido não foi encontrado no porão de um museu, nem a casa de um colecionador particular, mas sim pendurado na parede de uma igreja local inglesa – o que sugere novos pontos de partida para a busca de artefatos históricos perdidos. Outro aspecto animador, é que além de acessórios como luvas, joias e outros pertences pessoais, nenhum dos famosos e magníficos vestidos da rainha parecem ter sobrevivido ao tempo.

Embora a condição do pano seja notavelmente boa, ele precisa de maiores cuidados para manter-se preservado. A pesquisa sobre o tecido ainda não foi concluída, mas em todo modo, a evidência de sua proveniência real é forte.

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Detalhe do tecido usado por Elizabeth I no Rainbow Portrait.

Lei Suntuária¹: Lei que restringe o luxo e a extravagância, especialmente das vestes, para certas camadas sociais. 

Fontes:
BBC.UK: AQUI.
PREMIER.ORG: AQUI.
MENTAL FLOSS: AQUI.
DAILY MAIL: AQUI.
HRP.ORG: AQUI.

 

 

 

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