É muito comum ao interessar-se pelo período Tudor, deixar-se levar por senso comuns amplamente difundidos, especialmente no que diz respeito ao cisma com Roma, Ana Bolena, Elizabeth I e Maria I. Foi pensando nisso que resolvemos elaborar uma lista com algumas informações importantes sobre o tema. Acompanhem:
1- A Inglaterra no reinado de Elizabeth I, estava longe de ser uma potência européia. Ela só virou potência após o final do século XVII.
2- Maria I em sua juventude, fora considerada muito bela. Após os anos e com vários males de saúde, naturalmente fora ficando menos bonita, assim como Elizabeth I, que no fim de sua vida, contava com descrições suas nada elogiosas, feitas por embaixadores estrangeiros e cortesãos.
3- O período Tudor não é só sobre Ana Bolena e Elizabeth I. Ele foi um período intrinsecamente conturbado, com inúmeros acontecimentos notórios, como o Cisma com Roma, o final da Guerra das Rosas, excursões à América, e inúmeros tratados e conflitos notórios.
4- Ana Bolena não foi a única esposa de Henrique VIII, tampouco a mais importante – uma vez que tal tipo de classificação sequer deveria ser realizada.
5- A Armada Espanhola não foi derrotada graças aos ingleses e sim, graças a uma infinidade de fatalidades, entre elas, o clima.
Uma medalha inglesa cunhada na época para homenagear à vitória, dizia: ”Deus soprou e eles foram dispersos”. Filipe II não culpou os espanhóis pela derrota, ele mesmo disse: ”Eu te mandei para a guerra contra homens e não contra ventos e ondas”.
6- Maria I era tão sanguinária quanto Elizabeth I ou qualquer monarca de seu período. Em seu reinado, Henrique VIII executou cerca de 70 mil pessoas, e Maria, cerca de 200 pessoas.
7- Henrique VIII só foi considerado obeso e pouco atraente, no final de sua vida. Antes disso, ele tinha a fama de ser um dos mais belos príncipes da Europa. Com quase 1.90 de altura, bela voz, porte atlético, cabelos ruivos, pele clara e olhos azuis, ele destacava-se por onde passava.
8 – Henrique VII não era um monarca avarento. Ele era um monarca do pós-guerra, portanto, enfrentando contenção de gastos e choque nos cofres reais. Registros das contas reais de seu reinado, mostram que ele era um monarca que preocupava-se com seus súditos e família. Sua esposa inclusive, fazia altas doações em dinheiro, para vários conventos e plebeus.
9- Henrique VIII não rompeu com Roma apenas para desposar Ana Bolena; existiam inúmeros conflitos entre a Inglaterra e a igreja, desde meados do século XIV.
10- Henrique VIII nunca falou que Ana de Cleves não era parecida com seu retrato, ou que ela era feia. Escritores e pesquisadores posteriores sugeriram isso. Ela foi considerada uma mulher bonita, que faria sucesso na indústria do casamento. Henrique VIII nunca criticou Holbein quanto a veracidade de seu retrato e sim, seus embaixadores, por realizarem um casamento que ele não desejava.
11- Eduardo VI e Maria I, não foram adoentados. Em um modo geral, foram muito saudáveis, até serem acometidos por males no fim de suas vidas; todos estavam sujeitos a isso.
12 – Elizabeth I tinha registros médicos muito mais extensos que os de seus irmãos, sofrendo frequentemente de gastrites, inchaços corporais, falta de fome e sono, crises de ansiedade, alterações de humor e etc.
13- Antes de ficar conhecido por ser um católico fervoroso (boato espalhado especialmente por protestantes), Thomas More foi um dos maiores pensadores humanistas de seu período e grande amigo de Erasmo de Rotterdam.
14- A propaganda da Era de Ouro Tudor, não surgiu no reinado de Elizabeth I. Tal alegoria foi usada a fim de promover diversos reinados na Europa, como por exemplo, o de Henrique VII, para comemorar o fim da guerra dos primos, também conhecida como Guerra das Rosas. Elizabeth apenas apropriou-se de tal propaganda, como sempre fazia.
15 – O casamento de Henrique com Jane Seymour, foi um sintoma e produto da queda de Ana, e não sua causa.
16 – Henrique VIII era reformador político e não ideológico. O problema da Inglaterra com Roma durante o reinado de Henrique VIII, nunca foi com a religião e sim, com o Papa. A questão era institucional é não com a fé, e isso pode ser visto através do ”Act of Six Articles”, emitido por Henrique VIII. Ou seja, Henrique morreu do mesmo modo que viveu: sendo um católico.
17 – Eduardo VI era considerado muito inteligente e um político nato, muito diferente do garoto doente e incapaz de reinar, que pintam por aí.
18 – Ricardo III não fora um monarca tirano e cruel como muitos amam falar. Contas do período mostram que ele preocupava-se com sua esposa e família. Não há provas concretas de que ele tenha se envolvido com sua sobrinha, Elizabeth de York (ele inclusive planejava seu casamento com um nobre português), ou provas concretas de que ele tenha matado seus sobrinhos. Existem apenas conjecturas, uma vez que não sabe-se quem foi/foram o(s) verdadeiro(s) assassino(s).
19 – A ÚNICA esposa de Henrique VIII com comprovados ideais protestantes, foi Catarina Parr. Ao morrer, segundo sua vontade, seu funeral foi realizado de acordo com os ritos protestantes. Este seria o primeiro funeral protestante realizado em solo Inglês.
20 – Ana de Cleves não era ”Égua de Flanders”, apelido popularizado no Brasil como ”cara de cavalo”. Tal apelido é apócrifo. O termo “Flanders Mare”, ou égua de Flanders, foi um apelido criado por um cronista em meados do século XVII; o próprio Henrique VIII, nunca referiu-se à Ana de tal modo. O responsável por tal infame apelido, o Bispo Gilbert Burnet, (nascido em 1643) nunca conheceu Ana em vida, tampouco Henrique VIII.
Artigo desenvolvido pela equipe Tudor Brasil.
Adorei.
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