Thomas Cromwell nasceu em meados de 1485, em Putney, um distrito a sudoeste de Londres, na Inglaterra. Ele vinha de uma família modesta, sendo filho de um ferreiro e dono de cervejaria. Pouco se sabe sobre seus primeiros anos de vida. Em tenra idade ele deixou a Inglaterra, conseguindo carreira na Europa continental, atuando como um soldado na Itália, e depois, trabalhando para um comerciante local. Em suas viagens ele se familiarizou com vários idiomas, além de ter atuado como um agente para os comerciantes ingleses em Antuérpia – época em que foi notado pelo teólogo e humanista, Erasmo de Rotterdam, na corte papal, em 1510. Foi neste período que ele adquiriu uma edição do Novo Testamento de Erasmo. Cromwell estudou direito no continente, e retornou à Inglaterra em meados de 1515, onde desposou uma mulher de nome, Elizabeth Wyckes.
Em meados de 1520, ele passou a trabalhar para o Cardeal Thomas Wolsey – que era então o ministro-chefe de Henrique VIII – tornando-se depois um de seus protegidos. Foi por causa de Wolsey que Cromwell entrou pela primeira vez no Parlamento. Ele permaneceu fiel ao seu senhor até o momento da queda deste, em 1529/30. Em 1530, Cromwell ingressou ao serviço real formal e ao séquito do conselho privado henricano, logo se tornando especialista em assuntos parlamentares. Foi neste momento que Cromwell conseguiu a atenção do soberano inglês, recebendo o trabalho de obter o aguardado divórcio do monarca.
Sua importância no conselho de Henrique VIII foi de caráter crescente, e em pouco tempo, ele tornou-se seu mais importante ministro, recebendo de 1532 até 1536, inúmeros ofícios, como o de Mestre das Joias do Rei (1532), Secretário de Hanaper (1532), Chanceler do Tesouro (1533), Secretário Principal (1534), Master of the Rolls (1534) e Lord do Selo Privado (1536).
A década de 1530, foi uma época de grandes mudanças na Inglaterra, e Cromwell estava ativamente envolvido nelas. Ele foi o responsável por lidar com todas as grandes questões enfrentadas neste período do reinado de Henrique VIII, como o divórcio de Catarina de Aragão, o casamento com Ana Bolena, assuntos envolvendo o País de Gales e o Ato de União, e até a dissolução dos monastérios.
Uma vez que também estava envolvido com reformas na administração pública, alguns dos feitos realizados por Cromwell, segundo apontam historiadores, eram de caráter ‘revolucionário’. Ele foi um dos responsáveis por modernizar o Conselho do Norte, o Tesouro Inglês e o Conselho Real, além de supervisionar a incorporação de Gales no sistema de governo da Inglaterra (vide Ato de União), participar da criação de cinco tribunas fiscais, e contribuir para a assistência dos pobres, com leis que os beneficiavam.
No final de 1534, Henrique VIII nomeou Thomas Cromwell como seu vice-gerente em assuntos espirituais, onde ele foi responsável por emitir muitas das injunções que mudaram os moldes da igreja inglesa, incluindo os esforços em convencer Henrique VIII à aprovar a distribuição da bíblia em vernáculo no reino, traduzida por Tyndale e Coverdale.
No entanto, de todos estes feitos, talvez o mais notório papel de Thomas Cromwell na política e reforma inglesa e que legou a ele, pelos historiadores, a alcunha de o ‘gênio da reforma’, tenha sido seu papel na dissolução dos monastérios. Ele foi o responsável por convencer Henrique VIII a suprimir os cânticos, e, em seguida a casa dos frades e os monastérios menores. Mais tarde este programa de mudanças expandiu-se, tomando então todos os monastérios, conventos e abadias, que por fim, foram derrubados. Um forte elemento motor para tal mudança, foi a necessidade de receita pública, não apenas para sustentar o estilo de vida do monarca inglês, como também, a fim de construir uma marinha nacional. Até então, os navios ingleses eram fretados quando necessário, juntamente com seus capitães, que eram geralmente inclinados à pirataria e saques.
Aproximadamente 367 estabelecimentos monásticos foram abolidos e, em muitos casos, dilapidados pedra por pedra, por habitantes locais de suas proximidades. Uma interessante questão lateral foi que, as pedras removidas dos monastérios, foram utilizas em parte, para construir escolas.
Em meados de 1538/39, após uma série de encontros entre Carlos V e Francis I, Cromwell, convencido de que planejavam invadir à Inglaterra, alertou Henrique VIII a formar alianças com os príncipes luteranos do norte da Alemanha. Seus esforços nas melhorias das defesas na costa sul inglesa, em Dover, contra invasões estrangeiras, também são dignos de nota neste período.
No entanto, ao perceber que os príncipes alemães tinham como intenção convertê-lo à fé luterana (Henrique VIII, um reformador político e não religioso), o monarca recusou-se a acatar suas vontades. Tal medida também deveu-se ao temor do soberano em fazer alianças com estados que outrora não haviam conseguido resistir aos avanços do Sacro Imperador, querendo, portanto, afastar-se do foco das atenções de Carlos V.
A falha de Cromwell em convencer o monarca em assuntos referentes à política externa, foi um dos primeiros pilares que ocasionariam sua queda, servindo de munição para que seus inimigos pudessem atacá-lo.
A ascensão de Thomas Cromwell na corte Tudor havia sido meteórica. No entanto, durante seus anos na corte henricana, ele havia conquistado inimigos que o consideravam ‘arrogante’ e ‘expansivo em relação ao poder a ele conferido’. Um dos maiores rivais de Cromwell, foi Thomas Howard, 3 Duque de Norfolk, que acusou-o de impôr o protestantismo em solo inglês.
Podemos, no entanto, notar que Cromwell demorou certo tempo para perder o favor real de Henrique VIII, uma vez que, ainda no início de 1540, ele recebeu o antigo título de Conde de Essex e foi feito Lord Great Chamberlain da Household do monarca.
Após o divórcio do monarca de sua quarta esposa, a alemã Ana de Cleves, as facções inimigas de Cromwell na corte, encontraram o momento para jogar com a ira de Henrique VIII. No entanto, a real natureza do que ocorreu entre Henrique VIII, Norfolk e sua facção, permanece obscura.
Em 10 de Junho de 1540, Thomas foi preso pelo capitão da guarda na Casa dos Comuns, em Westminster, e enviado para a Torre de Londres. Ele foi condenado segundo o Ato de Attainder – aprovado pelo parlamento a fim de condenar uma pessoa, geralmente por traição, sem que esta fosse levada a julgamento – e executado no dia 28 de Julho do mesmo ano.
Fontes:
SCHOFIELD, John; The Rise & Fall of Thomas Cromwell: Henry Viii’s Most Faithful Servant. The History Press. Jan 2011.
LOADES, David; Thomas Cromwell: Servant to Henry VIII. Amberley Publishing. Novembro, 2013.
History of parliament online: AQUI.
Boa noite! Queria saber quando vocês iram postar a segunda parte sobre os erros históricos da série ‘the tudors’. Obrigado!❤❤
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O site é incrível, parabéns!!
Vocês irão publicar os erros históricos da segunda temporada de The Tudors?
Vamos sim, Daniela! 🙂
Vocês irão fazer mais postagens sobre o Thomas? Estou lendo o Wolf Hall e gostaria de saber mais sobre ele. Para poder saber no livro, o que foi real e o que não.