
Durante o ano de 1874, o interesse da Imperatriz da Áustria, Elisabeth, em conhecer a Inglaterra, aumentou consideravelmente. Tudo devia-se ao fato de que o país, era conhecido como o paraíso da equitação, uma de suas grandes paixões.
No final de Julho deste mesmo ano, a Imperatriz parte com sua filha, a pequenina Valéria, em viagem para a ilha de Wight, a fim de realizar um tratamento curativo com os banhos de mar locais. A ilha de Wight, localizada na costa sul da Inglaterra, ao sul de Southampton, foi um recanto especial para a rainha Vitória, que possuía residência no local, onde costumava passar seus verões.

Elisabeth aporta em Wight, no dia 02 de Agosto de 1874. A Imperatriz fica hospedada no castelo de Steephill (o local foi demolido em 1960, para virar um campo de golfe) e encara sua estada na ilha, como um merecido período de descanso, uma vez que a situação no continente, encontrava-se um tanto delicada – especialmente devido as intrigas de um partido boêmio que, insistia em culpar a Imperatriz, caso o Imperador Franz não resolvesse coroar-se em Praga. Sissi sempre nutriu um grande amor à Hungria, terra onde deliciava-se em passar a maior parte do tempo, mas sempre reservou aos boêmios, certo desprezo, sentimento este, que parecia ser recíproco.
Em Wight, a Imperatriz evita recepções formais, mas acaba por receber uma visita da rainha da Inglaterra, que estava veraneando no castelo de Osborne. A rainha Vitória fica deslumbrada pela beleza da Imperatriz. Só a conhecia através de fotografias e retratos, e acha que ninguém pode dar uma pálida ideia de sua beleza, tampouco um equivalente. Já haviam ouvido falar da Imperatriz na corte inglesa, de sua timidez e modos de isolamento, e isto preocupou os cortesãos.

Um fator digno de nota, foi o interesse de Elisabeth na figura de John Brown, outrora criado predileto do príncipe consorte, e por este motivo, elevado pela rainha à posição privilegiada na corte.
A pequena Valeria demonstrou espanto pela repentina visita da monarca inglesa, e comentaria sobre ela: ”Nunca vi uma mulher tão corpulenta!”
Em carta, Elisabeth escreve para Franz:
”A rainha foi muito gentil, não disse nada de desagradável, mas não me é simpática. O príncipe de Gales mostrou-se amável, bonito e surdo como uma porta; a princesa herdeira, que reside a uma hora e meia da mãe, portou-se como sempre. Tem uma casa muito pequena, mas aconchegante, e se demora por aqui. Amanhã ela irá visitar-me. Sempre fui muito cortês, o que parece ter surpreendido a todos. Porém, agora chega. Eles já se dão conta perfeitamente de que quero ficar em paz, e por isto, evitam colocar-me em embaraços…”

Alguns dias após a primeira visita, a rainha Vitória convida Elisabeth para jantar em sua companhia. A Imperatriz, com uma carta muito polida, recusa o convite, julgando que a rainha da Inglaterra, também ficará satisfeita de ver-se poupada de tal incômodo. Mas sua carta é ignorada. No dia 11 de Agosto, Victoria novamente visita Elisabeth, reiterando verbalmente as palavras do convite. A aparência das duas soberanas, é de um contraste notável. Elisabeth, uma figura extremamente magra, alta e graciosa, causa impressão ao lado da baixa e atarracada monarca, considerada então, não muito bela em feições. Por fim, a Imperatriz novamente recusa o convite. Em carta para sua mãe, ela desabafa: ‘‘Assim o fiz, porque me incomoda…”. E sua frieza habitual a estes tipos de protocolos, segue-se normalmente.
Ao deixar a ilha, a Imperatriz parte para a capital inglesa. Em Londres, Elisabeth prefere manter uma rotina como a de qualquer outro plebeu, passeando pelas ruas sem ser notada, apenas apreciando o movimento cotidiano. Nesta época do ano, a alta sociedade inglesa não encontra-se em Londres; todos vão para suas casas de veraneio, ou para viagens no exterior. Isto agrada demais a Imperatriz, que chega a comentar: ”Todos foram embora. As ruas onde se erguem os mais belos palacetes, se parecem com cemitérios”.

Paz e sossego. Era isto que Elisabeth procurava quando resolveu visitar à Inglaterra. No entanto, mesmo diante da aparente calmaria, não lhe escapa alguns compromissos de caráter mais formal, como por exemplo, algumas visitas à não muito bela Duquesa de Edimburgo, filha do czar russo. Depois ela segue, visitando a Condessa de Teck, que segundo ela escreve ao marido: ”É enorme de gorda […] Nunca vi coisa igual. Em sua presença, pensava comigo mesma: como diabos será ela na cama?”
Durante as tardes, Sissi aprecia passear pelo belo Hyde Park, em companhia do embaixador Best. Ela monta seu famoso cavalo usado em sua coroação em Budapeste.
Na Inglaterra, em todos os locais que visitam, inúmeros cavalos são lhe apresentados para comprar, todos muito caros. Segundo uma carta ao Imperador, ela desabafa: ”Aquele que eu mais gostaria de obter, custa 25 mil florins […] Por conseguinte, fora de cogitações!”

Sissi também faz uma visita ao famoso museu de bonecas de cera, o Madame Tussaud. No local ela encontra a estátua em cera de seu marido, e exclama sobre a exposição: ”Divertidíssima, mas em parte, horripilante!”
Ela passa horas no local, observando todos os tipos de estátuas, maravilhada, encantada, mas depois, obriga-se a ir embora.
Ao lado da Condessa Festetics, Elisabeth desbrava a grande cidade de Londres. A cada esquina encontra uma novidade. Ela também resolve visitar o maior manicômio do Reino Unido, o Bedlam. Logo depois, ela visita o castelo de Belvoir em Melton, seguindo rumo à Irlanda, onde conhece o castelo de Belmore. No local ela participa de caçadas. A febre por viajar que tem no sangue, é de herança paterna. O pai de Elisabeth, Max Joseph, amava conhecer o mundo, tendo inclusive visitado as pirâmides egípcias de Gizé. Sissi diria à mãe: ”De minha vontade, iria passar uns tempos na América. O mar tenta-me cada vez que o contemplo.”
Bibliografia:
Kaiservilla: Aqui.
Perris, Alicia – Sissi Emperatriz: Elizabeth de Austria (Mujeres en la historia series) – Espanha – Edimat Libros, 2007.
Stephan, Renato – Austrian Imperial Edition – Elisabeth Imperatriz da Áustria 1837-1898 (O Destino de uma mulher submetida aos rigores da Corte Real) – São Paulo.
Adoro ler sobre Sissi a Imperatriz na TB, e perceber como ela comentava sobre a realeza de maneira tão informal.
Fantastico…fico deslumbrado com a realeza e porte dessa Rainha…
Que mulher estonteante…