Aviso – Contém spoilers:
Mês passado tive a oportunidade de conferir o musical Anastasia, da Broadway. Embora o mesmo seja baseado no longa animado da Fox, de 1997, que é uma obra fictícia, sei que muitos leitores curtem a história, e por isso, achei interessante escrever uma resenha sobre minha experiência.
A peça possui alguns pontos diferentes do longa, isto por sua vez, acaba por ser um aspecto positivo, uma vez que os mesmos, carregam mais referências históricas. As datas e a cronologia citadas, são mais concisas; no filme, Anastasia perde-se em 1913, aos 8 anos de idade, sendo reencontrada aos 18. Na peça, Anastasia – não fica claro como – foge da Revolução Russa em 1917, reaparecendo 10 anos depois, aos 27 anos de idade, dado que aproxima-se mais dos eventos factuais, caso, é claro, ela realmente tivesse sobrevivido. No longa, o antagonista é Rasputin, já nos palcos da Broadway, o mesmo sequer dá as caras. Desta vez, o antagonista é a própria Revolução, personificada em Gleb, o filho de um dos soldados que assassinou a família imperial.
O espetáculo tem início com a despedida de Anastasia e sua avó, Maria Feodorovna. A imperatriz viúva está indo à Paris, e entrega a sua neta predileta, uma caixinha de música e um pingente, prometendo buscá-la um dia. Em seguida, um baile inicia-se no palácio, e toda a família encontra-se reunida. O vestido de Alexandra destaca-se com sua quantidade de brilho, sendo um dos figurinos mais belos da peça. Todos começam a dançar e se divertir, e até fazem uma alusão à hemofilia, doença do jovem Alexei, quando este, de repente, cai enquanto dança, trazendo todos ao seu redor, preocupados com sua saúde.
De repente, estoura a Revolução. O assassinato da família imperial não é mostrado, mas fica subentendido, sendo impossível não sentir a aflição e desespero carregados na cena. Vidros se quebram, a família corre de um lado para o outro, o cenário torna-se vermelho. Maria Feodorovna aparece em Paris, chorando ao receber a notícia. Há uma passagem de tempo, onde é mostrada a sombra de Lenin, ambientando o espectador agora, em um novo período, o Leningrado. A música do filme ”Rumor in St Petersburg” tem início, e podemos ver Anastasia varrendo o chão da rua. O antagonista, Gleb e a jovem, tem seu primeiro contato, quando o mesmo lhe dá uma cantada. Até então, ambos não sabem quem são um e outro.
O rumor de São Petersburgo é sobre a grã-duquesa Anastasia, que teria supostamente sobrevivido ao assassinato. Maria anuncia uma recompensa para quem a encontrasse, e enquanto Vlad e Dimitri tentam achar alguma moça para fingir ser Anastasia e conseguirem a recompensa, Gleb reluta em acreditar que seu pai tenha falhado. Entretanto, ele decide terminar o serviço e matar Anastasia, caso os rumores se mostrem verdadeiros.
Anastasia não lembra de nada do seu passado, mas quer ir à Paris por causa de um pingente que carrega desde criança. Ela então fica sabendo que Vlad e Dimitri tem uma passagem extra. Eles se encontram e a convencem de que ela pode ser a grã-duquesa. Vale ressaltar que, diferente do filme, Dimitri não era um empregado do palácio, embora ele e Anastasia tenham tido um pequeno contanto quando crianças. Vlad, por sua vez, costumava fazer parte da corte. Enquanto os dois tentam relembrar este encontro, a jovem canta ”Once upon a December”. Outro aspecto que diverge entre o longa e a peça, é o relacionamento entre Anastasia e Dimitri. Na peça, a afinidade de ambos é quase imediata.
Antes de ir à Paris, Gleb fica sabendo que Vlad e Dimitri encontraram uma potencial grã-duquesa, e vai atrás dela ameaçá-la. Ele lhe diz para não acreditar em contos de fadas, alertando-a que isto pode-lhe custar a vida. Ela não dá ouvidos, e parte rumo à Paris com seus novos amigos. Gleb tenta boicotar a viagem, enviando soldados para impedi-los de sair da Rússia, mas é em vão. Quando os três chegam em Paris, Anastasia canta “Journey to the Past”. Este é o fim do Primeiro Ato.
O segundo ato do musical é ambientado em Paris e conhecemos Lily, amiga de Maria Feodorovna. No filme, a tal amiga se chama Sofia. Eu particularmente gostei da alteração do nome da personagem, uma vez que Maria realmente possuía uma dama de nome Lily. Além disso, Lily também é o nome de uma outra amiga de Alexandra, que chegou a conhecer Anna Anderson, a polonesa que dizia ser Anastasia.
Lily é uma personagem cômica e arranca boas risadas da plateia. Ela e Vlad tiveram um caso no passado e eles relembram os bons tempos da corte. Ele a faz ser a ponte para o encontro de Anastasia e Maria. Neste ponto, Maria já havia desistido de encontrar sua neta. Lily aparece em seu quarto tentando convencê-la de ir a um recital de ballet, e neste momento, vemos retratos reais da família no cômodo da imperatriz viúva. Há umas 3 fotos, sendo que, uma delas é a do retrato oficial de 1913.
Lily, Maria, Vlad, Dimitri e Anastasia vão ao teatro. Eles não sabem, mas Gleb também está no local, seguindo todos seus passos. Eles cantam “Once upon a December Reprise”, uma música original do musical, e pra mim, uma das melhores. É neste momento também, que Anastasia traja o icônico vestido azul, que na versão Broadway, é muito mais rico em detalhes.
A esta altura, Dimitri já sabe que Anastasia é realmente a grã-duquesa, e faz de tudo para Maria aceitar conversar com ela após o teatro. Esta parte segue como no filme. Elas se encontram, se reconhecem, Anastasia briga com Dimitri quando descobre que tudo ocorreu por uma recompensa, mas volta atrás quando Maria conta que ele negou o dinheiro. A avó diz que Anastasia pode escolher qual caminho tomar, e que sempre estará ali para ela.
Entretanto, antes de ir atrás de Dimitri, Anastasia depara-se com Gleb. Este é um dos momentos mais angustiantes do musical. Gleb aponta a arma para Anastasia, que não se abala e o enfrenta. Enquanto isso, a família imperial aparece ao fundo, com soldados apontando armas para eles, fazendo uma comparação e lembrança da situação passada e do presente. Anastasia diz que Gleb pode atirar, pois assim ela ficaria ao lado daqueles que ama. O vilão por sua vez, abaixa a arma e diz não ter coragem de atirar.
Anastasia se encontra com Dimitri e decide fugir com ele. A peça encerra-se com Maria na França, e Gleb, na Rússia. Ambos estão fazendo pronunciamentos oficiais sobre Anastásia. Eles decidem esconder a história, e mantê-la como um conto de fadas. Maria faz isso para proteger a neta, e Gleb, para manter a honra do pai.
Uma vez que assisti à peça há um mês, pode ser que tenha deixado faltar alguns detalhes. No entanto, de um modo geral, esta foi minha impressão. Citei na resenha, apenas as músicas mais famosas do filme (eles cantam ”Learn to do it” também), mas há muitas outras originais. Deixei o local com lágrimas nos olhos e muito satisfeita. As músicas originais são lindíssimas, e o elenco e produção do musical são incríveis. Por fim consegui um autógrafo deles – bem fan girl mesmo. Eles foram super simpáticos, o que aumentou ainda mais minha admiração pela obra.
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Esta resenha foi escrita pela leitora Camila G. S. de Souza, que gentilmente concordou em cedê-la à página Tudor Brasil.