Muitas vezes, ao nos depararmos com pinturas de antigas personalidades históricas, costumamos nos sentir transportados pelo tempo, diretamente ao período em que elas viveram. No entanto, por que olhar uma pintura de uma figura histórica, quando podemos nos encontrar cara a cara com uma? A reconstrução facial forense, utilizando scans de restos de esqueletos, permite que pesquisadores criem modelos 3d de rostos, através de uma combinação de ciência, história, e claro, interpretação artística. Os resultados algumas vezes podem ser um pouco subjetivos, mas são em todo modo, fascinantes. É por isso que a página Tudor Brasil resolveu compartilhar com vocês, 10 reconstruções faciais de personalidades históricas famosas. Confiram:

1- Ricardo III:

Os restos mortais do último monarca Yorkista, Ricardo III, foram recentemente encontrados em um estacionamento em Leicester, na Inglaterra. Foi neste local, em 1485, que o soberano foi rapidamente enterrado após morrer em combate. A reconstrução acima, nos mostra um jovem homem, com apenas 32 anos de idade, e um gentil e comum semblante. O vislumbre que tal reconstrução nos permite de sua figura, está deveras distante do vilão e assassino cruel de crianças, descrito por Shakespeare e outros inúmeros escritores em suas obras. No entanto, um detalhe mencionado pelo bardo, não parece tão distante da realidade. Após algumas análises em sua ossada, pode-se notar uma deformidade na coluna vertebral. Isto indica que Ricardo possuiu uma leve escoliose.

2- Nicolau Copérnico:

O astrônomo e matemático, Nicolau Copérnico, nascido em 1473, na Polônia, foi responsável em desenvolver a teoria heliocêntrica, que desafiava a crença comum de que o sol girava em torno da Terra. Seus restos mortais foram encontrados em 2005, na pequena igreja de Frombork, na Polônia. Pesquisadores forenses identificaram o esqueleto, com base na análise de DNA realizada através de uma pequena mecha de cabelo do astrônomo, deixada em um livro. Copérnico faleceu em 1543, aos 70 anos de idade, vítima de um derrame cerebral. Com base na análise forense e scans em 3d, a polícia polonesa utilizou seu laboratório forense, a fim de traçar seu retrato. Com base em um amplo estudo das características físicas de Copérnico, eles certificaram-se de incluir seu nariz quebrado no início de sua vida, e uma cicatriz adquirida acima de seu olho esquerdo.

3- Johann Sebastian Bach:

Johann Sebastian Bach, foi um compositor e instrumentista alemão, nascido em 1685. Ele faleceu em 1750, vítima de um derrame cerebral. Bustos de sua imagem, adornam pianos por séculos, mas eles são apenas baseados em um retrato do compositor pintado em vida. Sua reconstrução facial, por sua vez, foi feita com base na máscara mortuária confeccionada em bronze, de seu resto. Ela oferece um interessante vislumbre de um corpulento homem de peruca, do século XVIII. Nela podemos reparar seu pescoço pequeno e grosso, maxilar proeminente, e a testa franzida da pintura, mas o olhar confuso e amigável da reconstrução, não capta a profundidade de sua alma; para isso, sua música permanece sendo seu maior legado.

4 – William Shakespeare:

Nada pode ser seguramente assumido sobre a aparência de William Shakespeare – nascido na Inglaterra, no ano de 1564 – uma vez que todos os retratos pintados do bardo, foram feitos após sua morte. Sua cor de cabelo, a grafia correta de seu nome, seus sentimentos por sua esposa e etc, ainda hoje são alvos de especulações dentre historiadores. No entanto, utilizando uma suposta máscara mortuária do bardo, encontrada na Alemanha, pesquisadores resolveram realizar uma reconstrução facial do rosto de Shakespeare.
Este assunto é um tanto polêmico, uma vez que, a identidade do rosto por trás da máscara, assim como boa parte da vida do bardo, também é alvo de debates. Se o homem por trás do rosto de gesso é ou não Shakespeare, este é apenas mais um dos intrigantes mistérios em torno de sua figura.
Analisando a reconstrução facial acima, podemos ver um homem com nariz longo, lábios caídos e marcas de idade.

Obs: Não sabemos ao certo a real causa da morte de Shakespeare, porém, um escrito no diário de John Ward, vigário da Holy Trinity Church em Stratford – local onde o bardo está enterrado – nos diz que ”Shakespeare, Drayton e Ben Jonson tiveram um feliz encontro [onde este] parece ter bebido demais, uma vez que [Shakespeare] faleceu de uma febre lá contraída”. Ward era um autoproclamado fã de William Shakespeare, e escreveu seu diário 50 anos após a morte do dramaturgo. A maioria dos historiadores parece concordar que trata-se de uma anedota sem qualquer fundamento. No entanto, deve-se notar que, um grave surto de tifo, conhecido então como ”a nova febre”, ocorreu na cidade onde o dramaturgo morava, no exato ano em que ele faleceu.

5 – Dante Alighieri:

O florentino, Dante Alighieri, foi um escritor, poeta e político, nascido na Itália, no ano de 1265. Ele é considerado um dos maiores poetas da língua italiana, tendo definido e estruturado o idioma italiano moderno. Dante faleceu no ano de 1321, provavelmente vítima de uma doença infecciosa (malária). Dante é geralmente retratado como tendo sido pouco atraente, com um queixo pontudo, olhos salientes e nariz adunco, talvez porque em uma de suas mais proeminentes obras, ”A Divina Comédia”, ele tenha lidado com a feiúra do pecado. No entanto, uma reconstrução feita a partir das medidas retiradas de seu crânio em 1921 – a única vez em que seus restos foram retirados da cripta – nos revela um homem muito mais atraente do que geralmente lhe é creditado. Seu rosto possui um queixo mais redondo, cavidade ocular com olhos em tamanho agradável, e um nariz menor do que acreditava-se anteriormente. 

6 – Henrique IV da França:

O monarca francês, Henrique IV, nasceu no ano de 1553. Ele foi conhecido como o fundador da Dinastia de Bourbon, tendo sido educado no protestantismo calvinista, tornando-se líder dos Huguenotes (protestantes franceses), na luta contra os católicos. Henrique faleceu no ano de 1610, aos 56 anos de idade, vítima de um atentado ocorrido contra ele nas ruas de Paris, por um católico chamado François Ravaillac.
A cabeça mumificada de Henrique IV foi perdida após a Revolução Francesa, aparecendo pouco tempo atrás, no sótão de um cobrador de impostos. Na reconstrução facial, podemos ver as profundas marcas da idade em seu rosto, além de um forte brilho em seus olhos. No entanto, o que a reconstrução não conseguiu captar, foi o forte odor corporal do monarca, que cheirava a chulé, alho e suor de axilas.

7 – Arsínoe IV (meio-irmã de Cleópatra VII):

Arsínoe IV foi irmã de Cleópatra VI, e rainha do Chipre ao lado de Ptolomeu XIV. Ela nasceu no ano de 65 a.c. Ela foi executada por ordens de Marco Antonio, nas escadas do templo de Artemis.
Após escavações recentes realizadas em Éfeso, foi descoberto o esqueleto de uma jovem lá sepultada, que segundo a arqueóloga Dra. Hilke Thur, pertence a irmã de Cleópatra. Tal descoberta foi realizada com base na forma e informações de seu túmulo, datações de carbono e outros fatores. A reconstrução facial com base no crânio achado, nos mostra uma jovem de sangue europeu e africano.

8 – Tutancâmon:

A múmia do jovem faraó Tutancâmon, descoberta pelo arqueólogo inglês, Howard Carter, em 1922, é conhecida por ser a mais famosa de todos os tempos. O jovem Tutancâmon, da 18ª dinastia, reinou de 1336 a 1327 a.c., sendo sucedido pelo faraó Ay.  Ele viveu até aproximadamente os 19 anos de idade, e segundo sua reconstrução facial, realizada com imagens 3d a partir de sua múmia, o jovem possuía um queixo recuado, um nariz aquilino e lábios grossos. O alongado formato de seu crânio, está dentro dos padrões considerados normais, e provavelmente derivam de sua genética, uma vez que seu pai, Akhenaton, também possuía as mesmas características. Durante a exumação de seu corpo, foi detectada uma perna quebrada, indicando que ele pode ter morrido devido a queda de um cavalo ou carruagem.

9 – São Nicolau (Uma das inspirações para o Papai Noel):

Nicolau de Mira, é conhecido por ser o santo padroeiro da Noruega, Grécia e Rússia. Ele nasceu no século III d.c, em Patara, na Ásia Menor, território onde hoje compreende-se como a Turquia. Segundo a tradição cristã, Nicolau ajudou uma jovem a não ser vendida pelo pai, dando ao mesmo, um saco com moedas de ouro, que serviriam para pagar o dote da moça. Os restos de São Nicolau estiveram em uma igreja em Bari, na Itália, desde que foram roubados da Turquia, no ano de 1087. A reprodução vista acima, foi realizada a partir de medidas retiradas de seu esqueleto. O estudo mostra que São Nicolau tinha uma estatura pequena, medindo apenas 1,67, e uma cabeça grande, com uma mandíbula quadrada e fortes músculos no pescoço. Ele também tinha um nariz quebrado, como se alguém o houvesse espancado. Estas informações são consistentes com registros da época em que ele viveu, onde, ao que parece, mostram que o mesmo possuía um temperamento um tanto forte.

10 – Mary Stuart, Rainha dos Escoceses:

Mary Stuart nasceu no ano de 1542, no Palácio de Linlithgow, a pouco mais de 24 km de Edimburgo, Escócia. Seis dias após seu nascimento, seu pai, James V da Escócia, faleceria, fazendo do pequeno bebê, a rainha daquele reino.
Aos cinco anos de idade, Mary foi enviada para viver na França, tornando-se brevemente rainha daquele reino, antes de seu jovem marido, o Dauphin François, falecer.
Ela retornou à Escócia como uma jovem viúva em 1561, mas sua fidelidade à sua fé católica e sua tolerância para com seus súditos protestantes, empurrou-a para águas perigosas. Sob pressão política para produzir um herdeiro e fazer avançar a sua pretensão à coroa Inglesa, ela casou-se com Henrique – Lord Darnley, em 1565. A união foi um desastre, e o comportamento imaturo de Darnley fez com que Mary passasse a excluí-lo dos assuntos de Estado. Pouco tempo depois, Darnley foi assassinado.

O terceiro casamento de Mary com James Hepburn, Conde de Bothwell, chocou a nação escocesa, e o país culminou em uma guerra civil. Mary foi forçada à abdicar em favor de seu filho, o jovem James.
Perseguida, caçada e derrotada, ela buscou refúgio na Inglaterra, com sua prima Elizabeth I. Mary fugiu da Escócia para o reino inglês aos 26 anos, onde iria passar 19 anos em cativeiro.
Ela foi decapitada em 1587, no castelo de Fotheringhay sob às ordens de Elizabeth I da Inglaterra.

A reconstrução facial da rainha escocesa, foi realizada pelo National Museum Scotland, que pediu à professora Caroline Wilkinson, artista forense da Universidade de Dundee e profissional responsável pela reconstrução de Ricardo III, para produzir uma reconstrução facial da rainha dos Escoceses, a fim de saber como esta se parecia até o final de seu reinado.

A representação foi realizada com base em retratos existentes e o que se sabe a respeito de sua vida e seu período. Ela mostra Mary aos 25 anos – a essa altura, tinha ficado viúva duas vezes, sido acusada de assassinato e prestes a ser forçada a partir para um eventual exílio e prisão na Inglaterra.

A reconstrução leva em conta tais provações e atribulações na vida da Rainha e é apresentada em exposição como uma animação pela artista Janice Aitken do Jordanstone College of Art and Design.

Fontes:

Mental Floss [http://mentalfloss.com/article/50567/10-facial-reconstructions-famous-historical-figures]: AQUI.

Tudor Brasil [https://tudorbrasil.com/2013/07/02/reconstrucao-facial-de-maria-rainha-dos-escoceses-ira-para-exposicao/]: AQUI,