Poucos conhecem Elizabeth Barton, a freira de Kent, que foi enforcada por traição em Tyburn, mas o que poderia ter levado uma pessoa a um fim tão terrível?
História:
Elizabeth Barton passou de uma serva comum para uma visionária religiosa em 1525, por volta dos 19 anos de idade. Ela trabalhava em uma casa em Aldington, Kent, quando ficou doente e caiu em transe, tendo visões que eram “da maravilhosa santidade na repreensão do pecado e vício”.
Ela conseguiu o apoio de algumas pessoas, como por exemplo Richard Master, padre paroquial, que ao se convencer que suas visões eram genuínas, relatou o assunto a William Warham, o arcebispo de Canterbury, que enviou uma comissão para analisar o caso, composta por seu pároco, uma autoridade diocesana, dois franciscanos e três beneditinos de Canterbury. Como conheciam Barton e sabiam de sua honestidade, a comissão pronunciou-se a seu favor.
Pouco após Barton ser examinada, uma de suas previsões tornaram-se realidade. Barton, na frente de uma grande multidão, foi curada de sua doença pela Virgem Santíssima. Até aquele momento, suas visões e profecias, que apenas incentivavam as pessoas a viverem uma boa vida católica, soavam inofensivas, mas tudo iria mudar….
Ao se curar de sua doença, Elizabeth deixou a vida como servente, para tornar-se uma freira beneditina perto de Canterbury. Suas visões continuaram, trazendo uma certa fama local, sendo conhecida como ” A freira de Kent” ou ”A santa dama de Kent”. Algumas pessoas acreditavam que Barton possuía conexão direta com a virgem Maria, chegando até a fazerem procissões para vê-la.
Até então, Barton possuía uma certa ligação com pessoas influentes como Sir Thomas More e o Bispo John Fisher, chegando até a se encontrar com Cardeal Wolsey. O momento do estopim, foi quando ela começou a se apor aos planos de Henrique VIII de anular seu casamento com sua então esposa Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena. O assunto tornou-se sério, Barton não era mais uma inocente jovem freira, agora ela ameaçava a popularidade de um Rei, sendo isso na época, classificado com traição.
No ano de 1523, Barton disse que havia estado milagrosamente invisível e presente na missa de Calais, local onde Henrique VIII estava fazendo uma visita ao Rei francês. Em seu relato, ela disse que um anjo negou a hóstia consagrada a Henrique, removeu-a das mãos do sacerdote e a entregou para ela, sendo este, um claro sinal de Deus estava descontente com Henrique, ela foi mais adiante, e disse que havia visto o local exato no inferno para onde Henrique iria. Ela seguiu profetizando que se Henrique prosseguisse com seu divórcio e se casasse com Ana Bolena, ele perderia seu reino dentro de um mês e ”sofreria a morte de um vilão” .
Ao entrar em um ninho de cobras, em 1533, Barton foi novamente examida pelo arcebispo de Canterbury, Thomas Cranmer, sob acusações de má conduta sexual com os sacerdotes, provavelmente disseminadas pelos agentes de Henrique. Dizem que Elizabeth confessou inventar suas profecias, embora ela provavelmente tenha sido torturada para chegar a tal confissão. Ela foi presa na Torre de Londres e forçada a fazer penitência e confissão pública na Cruz de São Paulo.
No dia 20 de abril de 1534, Elizabeth e seus defensores foram executados por forca em Tyburn gallows. Ela foi enterrada na igreja de Greyfriars em Newgate Street, embora digam que sua cabeça tenha sido colocada na ponte de Londres, fazendo dela a única mulher na história da ponte a ter essa desonra.
Depois de algum tempo, ao entrar em seus apartamentos reais, Ana Bolena encontrou um livro de profecias, no qual mostravam a figura de Henrique VIII, Catarina de Aragão e Ana Bolena, sendo que a última estava com sua cabeça decepada…
Fontes:
Luminarium: AQUI
Anne Boleyn Files: AQUI