Desde os primeiros anos do século XVI, haviam africanos tanto nas Cortes Tudor, quanto Stuarts. A esposa espanhola de Henrique VIII, Catarina de Aragão, havia trazido em sua companhia rumo à Inglaterra, alguns serviçais africanos quando foi casar-se com o príncipe Arthur, em 1501. Um destes serviçais foi o trompetista ironicamente chamado John Blanke (blanco, branco), que foi pago por seus serviços por um dia e retratado duas vezes no Grande Torneio chamado ”Roll of Westminster (1511)”. Em 1523 foi registrado que Fraunces Negro trabalhou em estábulos da Rainha.
Na Corte de James IV da Escócia, os primeiros africanos chegaram como espólio de um navio Português apreendido pelos irmãos Barton, e de 1500 até 1504 Peter the More serviu o Rei escocês. Naquele momento vivendo na Corte haviam os seguintes negros: o tamborista, ou o baterista com sua esposa, filhos e duas empregadas conhecidas como ‘blak Margaret’ e ‘Elene blak. Uma dessas empregadas, foi batizada em 11 de Dezembro 1504.
Em 1508 o Tesouro pagou as despesas de moradia para mais dois frades negros. Em junho 1507 e maio 1508, houve um torneio de justa: “Um cavaleiro selvagem de justa para a senhora negra” imortalizado no poema de William Dunbar ”Ane Blak More”, no qual o rei se disfarça como um cavaleiro negro selvagem, ganha o torneio e recebe um beijo da mulher negra. A descrição de Dunbar sobre a dama, não é altamente complementar:
”Minha senhora de lábios cheios
Cuja mandíbula destaca-se como um macaco
E que é como um sapo ao toque
Cujo nariz pula como um gato pequeno.”
ORIGINAL:
”My ladye with the mekle lippis:
Quhou schou is tute mowitt lyk an aep,
And lyk a gangarall onto graep,
And quhou hir schort catt nois up skippis”
É bastante racista, mas no entanto, ele escreveu outros versos igualmente rude sobre outros cortesãos, que estavam em sintonia com a tradição escocesa de ‘flyting’ – a arte poética do insulto.
Com o passar do tempo, continuou a haver uma presença negra na Escócia. Em 1512, Andrew Forman, o Bispo de Moray, teve uma negra como sua serva . Em janeiro 1513 James IV deu 10 coroas francesas para duas damas negra ”twa blak ledeis” (provavelmente Margaret e Elene).
Em 1549 Marion, Lady Home, escreveu a Marie de Guise solicitando que fosse gentil para uma ”negra sem nome” que é ”als scharp ane man rydis” ”tão forte como um cavaleiro”. Mencionado outro exemplo, quando o Castelo Hume foi ocupado pelos ingleses, houve registros de Sir Pedro Negro, um soldado mercenário espanhol que pode ter sido o primeiro Africano a receber um título de cavaleiro inglês. Em 1546 Pedro Negro viajou para a França com ” diversos outros cavaleiros e lords espanhóis”, sob o comando do coronel espanhol Pedro de Gamba. Eles conquistaram uma vitória em 15 de julho e foram concedidos a todos rendas vitalícias. Negro recebeu £ 75 em agosto e 100 em setembro daquele ano. Em 28 de setembro de 1547 foi condecorado pelo Duque de Somerset em Roxborough, após a tomada de Leith. Em 07 de julho de 1549 ele liderou uma carga através dos escoceses que estavam sitiando o castelo estrategicamente importante de Haddington, para fornecer ao castelo pólvora, o que permitiu que os ingleses se defendessem contra os inimigos mais numerosos. Segundo um cronista espanhol, era necessário matar os 300 cavalos de modo a não deixar o inimigo levá-los, o que ele chama de “façanha de guerra”. Ele morreu em Londres em 15 de julho de 1551 da doença do suor. Seu funeral foi uma cerimônia, com doze tochas queimando, flautas tocando e enfeites preto e branco pendurados no braço das pessoas. O pregador foi o Dr. Bartelet, e contou com a presença de um arauto e pessoas que eram pagas para lamentar sua morte.
Outros africanos na Inglaterra Tudor não atingiram tamanho status, Dyego Negro estava trabalhando como um servo para Thomas Bowyer em 1541. Em Southampton em torno 1546-8 viveu um Africano, originário da Guiné, chamado Jacques Frances, o escravo de um veneziano chamado Pedro Paulo, que foi contratado para emergir navios afundados, incluindo o Mary Rose. Frances foi chamado para depor no Tribunal Superior de Admiralty em defesa de seu mestre, que havia sido acusado de roubar estanho e chumbo. Seu testemunho foi admitido pelo tribunal, apesar dos protestos de outro veneziano, Anthony de Nicholao Rimero.
Este caso coloca em questão o estatuto jurídico dos africanos na Inglaterra. Jacques Frances afirmou ao tribunal que ele era o famulus do italiano, o que significava empregado doméstico, ao contrário de servus, a palavra latina normal para escravo. A escravidão não foi reconhecida pelo direito Inglês, como encontramos na decisão Cartwright 1658, em que ” foi deliberado que a Inglaterra era também um ar puro para os negros respirar.”
Em 1551, os ingleses fizeram a sua primeira viagem ao Barbary, em que “haviam dois negros com títulos nobres, condecorados pelo Mestre Thomas Windam em seu Countrey fora da Inglaterra. Em 1554, o comerciante John Lok trouxe cinco africanos para a Inglaterra, três dos quais foram nomeados ”Anthonie, George e Binnie” dos quais alguns eram altos e fortes. Três voltaram para a casa em 1556, para atuarem como guias e intérpretes. O que aconteceu com os outros dois não é registrado.
Esta evidência pode ser a ponta de um iceberg não contabilizada de africanos que viveram na Inglaterra no período Tudor. Seus status foram variados e eles em sua maioria eram dependentes, mas não escravos.
FONTES:
Miranda Kaufmann.com: AQUI.
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