Como já estão cansados de saber, os elizabetanos sempre tentaram retratar a Inglaterra sob o reinado de Elizabeth I, como a Era de Ouro (propaganda Tudor criada no reinado de Henrique VII e reciclada e utilizada sempre que necessário). Até hoje, séculos depois, alguns historiadores ainda vem tentando retratar a Inglaterra de Elizabeth I, como uma idade de ouro. Deve ser a cor do ouro, que estes acadêmicos enxergam através de suas lentes cor de rosa. A Inglaterra no final do século XVI, era um lugar perigoso, com saneamento precário, banheiros (muito diferente do que conhecemos hoje) mal pensados e comida pouco durável; assim como nos séculos anteriores. Aqui neste artigo, estão reunidas algumas horríveis maneiras que você, se tivesse vivido naquele período, poderia morrer:
1- Fome:
Sem o nosso conceito social moderno de bem-estar, você poderia ser deixado para apodrecer na sarjeta (uma calha que servia como esgoto). E caso tenha lutado contra a Armada, não espere nenhum tipo de tratamento especial ou gratidão.
O Lord Almirante Howard, escreveu à Elizabeth sobre seus marinheiros exonerados: ”Nem todos eles tem o mantimento do dia. Muitos homens doentes vem em terra firme e não há nenhum centavo para aliviá-los. É muito deprimente ver homens morrerem de fome após tal serviço.”
2- Decapitação:
A própria mãe de Elizabeth, Ana Bolena, padeceu deste ato de ”generosidade” de Henrique VIII. A decapitação era destinada apenas à poucas pessoas e quase todas, da nobreza. O monarca chamou um espadachim de Calais, para cortar a cabeça de Ana com um corte rápido e limpo. No entanto, quando a prima de Elizabeth, Maria Rainha da Escócia, foi executada por supostamente tramar contra a Rainha inglesa; seu destino foi menos ”gentil”…
O primeiro golpe fez o machado parar atrás de sua cabeça (pouco acima da nuca). Seus servos, alegaram a terem escutado murmurando ”Sweet Jesus” (doce Jesus – um pedido de misericórdia). O segundo golpe foi um pouco melhor, mas ainda precisava de um pouco mais de força para terminar totalmente o serviço. Robert Wynkfield – uma testemunha – disse: “Ela sofreu dois golpes de machado: E assim o carrasco cortou-lhe a cabeça, poupando um pouco de cartilagem”
Logo depois, ele levantou a cabeça pelos cabelos, sem notar que Maria usava uma peruca. Ela despencou de sua mão, quicando através do patíbulo. Elizabeth havia pago o homem para fazer um trabalho limpo. Bom, ela provavelmente nunca deve ter recuperado seu dinheiro mal investido.
3- Enforcamento:
Se você resolvesse praticar uma caça furtiva à noite, caso fosse pego, seria enforcado. Ao contrário da caça furtiva diurna, a noturna era um problema sério. Por exemplo, roubar ovos de galinha era um crime, em tese, punível com a morte. Não existia o ‘humanitário’ colar de alçapão (colocado em volta do pescoço para quebrá-lo). O condenado subiria uma escada, ou ficaria na parte de trás de uma carroça. A escada era então torcida, até que a expressão do condenado aos poucos, se desligasse.
A morte por estrangulamento poderia durar até 5 minutos, a menos que um bom amigo lhe puxasse as pernas.
4-Queimado:
Caso uma mulher matasse seu marido, ela não cometeria assassinato, e sim, de longe, o pior crime de pequena traição. A punição então, não seria o enforcamento e sim a fogueira.
Um visitante estrangeiro na Inglaterra, citou este sistema de punição, em um livro, em 1578: “Se uma mulher envenenar seu marido, ela será queimada viva por pequena traição, se um servo matar seu mestre, ele também deve ser executado por pequena traição; aquele que envenena um homem, deve ser fervido até a morte na água ou chumbo, mesmo que a vítima não morra.”
5-Tuberculose:
O meio-irmão mais novo de Elizabeth, Eduardo VI, morreu na adolescência. Muitos suspeitaram de envenenamento. No entanto, um médico moderno, diz que seus sintomas pareciam-se mais com os de tuberculose: ”A tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Você geralmente a contraí do espirro ou coriza de alguém já infectado, mas também pode obtê-la a partir de leite infectado. Os principais sintomas são, tosse com sangue, febre, além de suores e dores onde a infecção se espalha. Com o tempo, você perde peso, fica cansado e aos poucos (ao longo de meses, às vezes anos), deteriora-se até morrer.” (Dr. Peter Fox MB, ChB, FRCGP, DRCOG).
6-Enforcado, Arrastado e Esquartejado:
Se as autoridades realmente quisessem fazer de você um exemplo, então você seria pendurado pelo pescoço, até que estivesse meio estrangulado, mas ainda vivo. Você teria seus órgãos genitais cortados e jogados em um braseiro a seu lado; seus intestinos seriam jogados no mesmo fogo e seu coração retirado de seu peito.
A decapitação e esquartejamento do corpo vinha à seguir, para que seus pedaços pudessem ser exibidos em torno das províncias a fim de obrigar os outros a obedecerem.
7- Infecções:
As torturas e execuções eram muito ruins, mas simplesmente ser preso em um lugar como a Torre de Londres, já poderia representar um perigo mortal. As celas frias, escuras e úmidas, unidas à falta de água, podiam ser tão mortais como o ácido cianídrico (mais lentas em ação, mas mesmo assim, um destino fatal).
Caso por exemplo, você obtivesse tifóide, ela começaria com uma semana de febre, tosse e perda de coloração cutânea. Na terceira semana da doença, vem o início da diarréia. Classicamente verde (como uma sopa de ervilha) você evacuaria tantas vezes por dia, que a desidratação logo ocorreria.
Com a perda de fluidos e seu coração enfraquecido pela infecção, você desenvolveria peritonite, seguida de septicemia. Exausto e com os seus órgãos principais entrando em falência, você então morreria.
8- Desnutrição:
A falta de alimentos, era uma das armas mais letais do período.
A Guerra dos Nove Anos na Irlanda, ocorreu de 1594 à 1603. Os ingleses queimaram as colheitas irlandesas e impediram que a dos próximos anos, fosse plantada. Em 1602, haviam corpos irlandeses em valas, e as bocas dos cidadãos eram constantemente manchadas de verde, pela tentativa de ingerir urtigas. O conde de Essex, foi enviado para sufocar a rebelião de uma vez por todas – seu fracasso na Irlanda, colocou-o rumo à sua queda e execução.
Uma vez que sua gordura e músculos são convertidos em energia, sem comida, você definha gradualmente. Seu estômago encolhe e você acaba perdendo a sensação de fome. Tornando-se cada dia mais fraco, até mesmo para beber, você passa a ter desidratação de pele (que começa a rachar e sangrar), fazendo com que todos os segundos, sejam testes de resistência. Você fica sem energia até para mover-se, resumindo-se em um mero saco de pele e ossos e por fim, acaba morrendo.
9- Tiro de Canhão:
A grande maioria das vítimas na derrota da Armada, sofreu com as tempestades que açoitaram os invasores. Como os vencedores da campanha disseram: ‘‘Deus soprou com seus ventos e eles foram dispersos.”
Enquanto alguns morriam afogados ao mar e outros que lutavam na costa oeste da Irlanda, foram massacrados pelos nativos, outros morriam de uma forma um tanto quanto diferente: atingidos por balas de canhões.
Balas de canhão transportam uma grande quantidade de energia, por isto, se atingido por uma delas, a pessoa tende a morrer rapidamente. Você poderia ter a ”sorte”de sobreviver apenas sem um braço ou perna, mas com o impacto, ela soltaria-se de seu corpo como um galho quebrado de uma arvore e a dor seria uma das piores, isso se não morresse de infecção depois.
Bastaria um impacto certeiro, para que seu músculos se rompessem e a bola perfurasse seus órgãos e quebrasse seu ossos. Pelo menos sua morte seria tão instantânea quanto desejaria no momento.
10- Escorbuto:
Os rapazes dourados da Era de Ouro, eram aqueles que navegavam os sete mares e retornavam às suas casas carregados de despojos. Mas muitos nunca retornavam. Em 1593, a tripulação de Richard Hawkins foi acometida com escorbuto – Esta “era a praga do mar e os despojos dos marinheiros”.
O escorbuto é causado pela insuficiência de vitamina C (ácido ascórbico) em sua dieta, portanto, a menos que você comesse frutas e vegetais frescos, você morreria. O sistema nervoso começaria a falhar, as feridas cicatrizariam lentamente, você machucaria-se facilmente e suas gengivas sangrariam, fazendo com que você morresse tempo depois.
“A tripulação perdeu todas as suas forças e não conseguiu parar em pé. Em seguida seus tendões encolheram e suas pernas incharam, ficando tão negras quanto carvão.” (Jacques Cartier – Cirurgião Naval Francês – 1536).
FONTES:
History Extra: AQUI.