“Maria fora a sanguinária, tirana, que executou cerca de 300 protestantes na fogueira, além de sua própria prima ( lembram de mais alguém??)”… Foi assim que Maria entrou para a História, escrita por seus inimigos, é claro.
Um dos criadores do mito de Maria como uma rainha cruel, John Knox, a condena, basicamente, por ser uma rainha reinante e católica. Graças a escritores tendenciosos como John Knox e John Foxe, os cinco anos de reinando de Maria são erroneamente, vistos como não frutíferos e sem conquistas, reforçado pelo processo de criação da identidade inglesa, que transforma Maria na noite e Elizabeth no dia.
Ainda assim, Maria foi a primeira rainha reinante, reconhecida como tal e coroada, da Inglaterra, todos os esforços de seu pai para impedir que isso acontecesse, foram duplamente, em vão.
Maria foi uma pioneira política, que estabeleceu normas de governo criando uma monarquia de gênero, dando o primeiro – e difícil – passo, facilitando o caminho de suas sucessoras, incluindo o de sua famosa irmã.
Após ser criada em uma educação impecável, de administrar Ludlow como princesa de Gales (ou seja, herdeira do trono inglês), Maria foi feita bastarda, servente de sua irmã, sofrendo abusos emocionais de sua madrasta e de seu próprio pai, proibida de ver a mãe e os amigos, Maria continuou resistindo. Para ela e grande parte da Europa, ainda era a legítima herdeira da Inglaterra.
Quando seu irmão protestante, Eduardo VI tornou-se rei, Maria voltou a ser ameaçada e continuou resistindo. Com a morte do rei, Dudley assegurou a artilharia da Torre de Londres e em seguida, proclamou Jane Grey rainha da Inglaterra. Enquanto isso, Maria foge para East Anglia, escapando de Nothumberland. Quando sente-se segura em Framlingham castle, Maria ergue seus estandartes e com a notória adesão de nobres à sua causa, é proclamada rainha da Inglaterra em 19 de julho de 1553.
Muitos não dão bola para este acontecimento, não tem a real noção do que isso significou, mas Maria liderou a única revolta contra o governo central inglês, com sucesso durante o século XVI.
De forma muito astuta e inteligente, Maria “ocultou” seu catolicismo, assegurando-se como herdeira de Henrique VIII por ser sua filha, desta maneira, assegurou também a lealdade de católicos e protestantes, leais à dinastia Tudor.
Reinado, conquistas e derrotas:
Como primeira rainha reinante, Maria redefiniu os rituais e a lei, estabelecendo a monarquia de gênero. Casada ou não, uma herdeira do trono inglês, teria os mesmo direitos, poder e autoridade de um herdeiro. Maria foi uma pioneira da monarquia inglesa ao pavimentar este caminho a outras mulheres.
Apesar de inicialmente proclamar-se “casada com a Inglaterra” ( lembram de mais alguém que disse isso?) Maria decidiu seguir seu dever e produzir um herdeiro, católico, para o trono. Tradicionalmente é dito que o seu casamento com o príncipe espanhol, foi impopular, mas o acordo de casamento era muito favorável à Inglaterra e pouco à Espanha. A autoridade da rainha era intocável.
Maria enfrentou uma revolta de nobres protestantes contra seu casamento. Enquanto que seu conselho a implorava para fugir de Londres, Maria se recusou e corajosamente resistiu, conclamando a população a ficar a seu lado contra os rebeldes, o ponto alto foi seu forte discurso em Guildhall. A revolta de Wyatt foi suprimida, com o apoio dos londrinos à rainha.
Muito é lembrado da perda de Calais sob Maria I, eclipsando suas vitórias militares. Em agosto de 1557 a captura da cidade de St. Quentin, foi muito celebrada na Inglaterra e aumentou a popularidade de Filipe.
Apesar de breve e contendo uma visão altamente negativa e tendenciosa, o reinado de Maria foi importante para o reinado de sua sucessora e adorada, Elizabeth I. Entretanto, muitos se esquecem que os 5 anos de reinado de Maria, tiveram:
*Extensão da autoridade real a outras localidades;
*Boa direção do parlamento;
*Reorganização da marinha e do exercito;
*Fundação de reformas monetárias, reestruturando a economia inglesa;
*Abertura de comercio com os mercados da Guinea, Báltico e Russia, formando a Muscovy Company em 1558;
*Melhora na produção de manufaturas;
*Investimento em 5 novos hospitais;
*Doações para salvar as universidades de Oxford;
*Investimento nas artes e cultura;
*Reorganização do clero inglês.
Maria preparou o caminho para cinco mulheres que viriam a sucedê-la. Apesar de não reconhecer, Elizabeth governou a Inglaterra com as bases do reinado de seus irmãos, que não recebem o devido crédito que merecem.
FONTES:
Artigo escrito por Jéssica Rose, Tudor Brasil.
BBC UK – Mary I.
Entendi que esse post incrível foi escrito pela Jéssica Rose, mas não daria para colocar as fontes de onde ela tirou essas informações? Seria legal colocar o link para a página da BBC também.
O artigo foi escrito com base em uma revista especial da BBC inglesa em homenagem ao reinado de Maria I. Não temos como disponibilizar a página, simplesmente porque é um conteúdo físico e não virtual. 😉