Em 09 de agosto de 1588, a Rainha Elizabeth I fez o discurso que alavancou sua fama. Ele foi recriado muitas vezes na cultura popular: filmes, televisão e inúmeros gêneros literários. Porém, quando paramos para ler o documento inteiro, percebemos o pleno impacto de suas palavras e como Elizabeth foi inteligente em apresentar-se como legítima monarca inglesa.
Discurso proferido por Elizabeth:
”Meus queridos súditos, fui compelida por aqueles que zelam por minha segurança pessoal, que devo tomar cuidado ao expor-me à multidões armadas, por temor à traições; mas asseguro-lhes que não desejaria viver para desconfiar de meu leal e afetuoso povo. Deixem que os tiranos temam, eu conduzi-me de tal modo que, diante de Deus, minha principal fortaleza e minha segurança, descansam nos corações leais e boa vontade de meus súditos. E portanto, eu venho até vocês, como vêem, neste momento, não para entreter-me ou divertir-me, mas estando decidida a viver ou morrer entre vocês, no calor da batalha, disposta à entregar minha honra e meu sangue por amor a Deus e pela salvação de meu reino e de meu povo. Sei que tenho o frágil e fraco corpo de uma mulher, mas eu tenho o coração e estômago de um Rei, e de um Rei da Inglaterra também. E menosprezo Parma, Espanha ou qualquer Príncipe da Europa, que ouse invadir as fronteiras de meu reino; no qual, se isto ocorrer, antes que qualquer desonra recaia sobre mim por minha culpa, eu mesma empunharei as armas, eu mesma serei seu general e seu juíz e saberei recompensar cada uma de suas virtudes no campo de batalha”.

Tais empreitadas de Maria I durante seu reinado, de maneira alguma minimizam o sucesso de Elizabeth; assim como sua irmã, Elizabeth sabia da importância do imaginário popular e neste dia, ela foi descrita como “Pallas armada” e comparada com a deusa da guerra, Atenas. Isto não quer dizer que ela trajou uma armadura completa, conforme fora ilustrado no filme “Elizabeth: A Era de Ouro”. Isto foi simplesmente uma alusão à sua forma de expressão e comportamento durante este período. Elizabeth usava roupas tradicionais – embora com um corset de ferro – com suas damas também vestidas tradicionalmente “em diamantes e tecido de ouro”. Além de Maria, há também outra figura que temos de agradecer para o sucesso de Elizabeth; sua última madrasta, Catarina Parr, que nas palavras de Porter: ”Fez com que Bess aprendesse muito sobre como as mulheres podem pensar por si e governar”. Com estas mulheres como seus exemplos, Elizabeth rumou sem medo para inspecionar suas tropas e proferiu um dos melhores discursos de seu reinado. Embora fosse mulher – como disse – em um período extremamente misógino, ela tinha o coração de um rei e dizendo tais palavras, ela manteve a sabedoria convencional de que o lugar da mulher era em casa, ou ao lado de seu marido. Ela ao mesmo tempo também, manteve o mantra Anglicano, de que como monarca, ela era a cabeça da igreja e portanto, Deus a havia chamado para realizar um trabalho especial, que não poderia ignorar. Como em sua coroação, quando ela apresentou-se como Deborah, a guerreira da bíblia, Elizabeth estava apresentando-se tanto como uma mulher – consciente de seu lugar -, como também um monarca e chefe da igreja que iria colocar Deus e seu reino, em primeiro lugar.
Nota: No novo calendário, o discurso é no dia 19. Os ingleses não começaram a usar o novo calendário até muito mais tarde.
FONTES:
Artigo escrito por nossa página parceira (conheçam!): Tudors and other histories: AQUI.