Um Campo de Sangue e Glória: A Batalha de Flodden

No dia 9 de setembro de 1513, a batalha no campo de Flodden foi travada e vencida a um terrível custo. Muitos dos dez mil escoceses presentes na batalha, foram mortos em contraste com quase quatro mil ingleses. Entre os muitos nobres escoceses caídos em campo, estava o seu próprio Rei, James IV.

Para entender o conflito, temos de voltar um pouco no tempo. James IV havia acabado de renovar a aliança Franco-Escocesa com Louis XII. Ele havia enviado tropas para as fronteiras do norte da Inglaterra e concordou em encontrar-se com o Conde de Surrey – Thomas Howard, mais tarde Duque de Norfolk – no campo no nono dia de setembro. O conde já conhecia o rei muito bem, por ter assistido a cerimônia de casamento entre o monarca e sua (então) jovem noiva, a princesa Margaret.

battle_of_floddenCatarina, então grávida, foi nomeada regente na ausência de Henrique VIII. Como regente, ela conseguiu reunir tropas, nomear xerifes, emitir mandados e substituir Bispos à vontade, e quando soube do avanço de James IV, ela não perdeu tempo. Baseando-se fortemente nos melhores generais de Henrique, ela os usou no campo para confrontar o rei dos escoceses.

Os Stuart possuíam a má reputação de serem impulsivos e irresponsáveis, porém, eles eram alguns dos melhores generais da época e muito experientes também. James IV tinha muitos navios à sua disposição, alguns dos quais poderiam rivalizar com os de Henrique em tamanho e magnificência. Ele acreditava que, com Henrique fora do país, ele teria uma melhor chance de vencer a Inglaterra, mas Catarina provou que ele estava muito enganado.

Ela não era qualquer consorte real. Ela era a filha dos Reis Católicos e os pais dela a haviam levado para campos de batalha quando era ainda muito jovem e assim, ela havia visto seu pai ir à frente de seus exércitos e viu sua mãe dar comandos, inspecionar suas tropas e reunir-se com os soldados – de alto e baixo escalão – e perguntar sobre seu bem-estar. Este conhecimento, preparou Catarina para os rumos da batalha colocado à sua frente. Então, quando James percebeu que isto não ia ser tão fácil como originalmente havia planejado, ele decidiu se retirar, no entanto, o Conde de Surrey zombou dele, acusando-o de covardia. Assim, James respondeu imediatamente aceitando o desafio, dizendo que iria: “Mostrar ao Conde katherine-of-aragon-red-portraitde Surrey que não convém a ele, sendo um Conde, tentar tão amplamente a um grande Príncipe. Sua Graça irá manter e reivindicar suas terras a seu bel-prazer e não às vontades dele [Conde de Surrey].

Desta forma, James IV montou a frente de seus exércitos, e o mais puro caos foi instalado desde o início.
Embora James IV possuísse com ele uma artilharia pesada, sua posição tornava quase impossível para ele conseguir usá-la. Quando a batalha começou naquela tarde fria, os escoceses encontraram seu inimigo em silêncio, pois haviam sido aconselhados pelos assessores franceses de James, a pegá-los de surpresa. E funcionou, mas assim que a primeira formação dispersou-se e James IV em seguida lançou a segunda formação, os escoceses estavam perdidos. E no meio de todo o caos, os ingleses aproveitaram para desferir um mortal golpe a seus inimigos.
Este foi um enorme ponto de virada e o rei percebeu que eles estavam prestes a perder. Os nobres imploraram-lhe para sair, mas James não iria abandonar seus homens. Ou ele fugiria como um covarde, ou lutaria como rei até o fim. Além disto, ele havia apostado tudo em tal empreitada e abandoná-la agora, seria uma grande mácula em sua honra. Assim, ele continuou lutando.
Após seu porta-estandarte cair, James atacou uma última vez, com a intenção de levar Surrey para baixo com ele, mas foi interrompido por soldados que vieram o atacar.

De acordo com Linda Porter, em seu livro “Tudors vs Stewarts: The Fatal Inheritance of Mary, Queen of Scots”: –

Sua armadura não poderia salvá-lo agora. Tendo sido atravessado, logo abaixo da mandíbula por uma flecha e tendo sua garganta cortada pelos implacáveis ingleses, ele caiu morrendo, engasgando em seu próprio sangue. Ele havia conseguido chegar perto de Surrey, ao espaço de um comprimento de lança.”

James IV
James IV

Com a morte do Rei, o país não só lamentou seu monarca caído, como também, a metade de seus irmãos, pais e filhos que haviam feito parte da batalha. E conforme habitual após a batalha, o corpo de James IV foi despido e a Rainha Regente, Catarinha, tinha a intenção de enviá-lo como um troféu para seu marido, porém, muitos ingleses chocaram-se perante tal ideia, achando algo bastante bruto; assim ela contentou-se em enviar seu casaco manchado com sangue no lugar, com uma carta anexada que atribuiu sua vitória a Henrique, declarando que: –

“Com isto, Sua Graça deve ver que cumpri minha promessa, enviando-lhe através de seus estandartes, o casaco de um Rei. Eu pensei em enviar ele mesmo a vós, mas o coração de nossos ingleses não suportaria. Deve ser melhor para ele estar em paz, do que possuir tal recompensa. Tudo o que Deus envia-nos é o melhor… Em meu pensamento, esta batalha tem sido para Sua Graça e todo o seu reino, a maior honra que poderia ser, e mais que ganhar-vos todas as coroas da França.

A razão pela qual Catarina foi capaz de comandar e impor o respeito durante todo o processo de batalha, foi porque ela trabalhava tanto sobre os temores, quanto sobre as expectativas que sentiam sobre seu gênero na época. A Inglaterra não tinha uma boa opinião sobre as mulheres como governantes – como era no reino de sua mãe -, mas possuía uma longa história de Regentes do sexo feminino e Catarina tirou sua vantagem disto.

Enquanto ela participava de reuniões do conselho para ouvir seus generais falarem sobre táticas de guerra, ela também passava seu tempo livre fazendo bandeiras e emblemas para os soldados usarem no dia da batalha. Quando ela soube que as cidades não estavam enviando os relatórios solicitados por ela, ela os repreendeu e lhes deu uma forte advertência, dizendo que eles teriam que responder nos próximos quinze dias ou sofrer as consequências. Maria I tomou várias destas lições de sua mãe durante seu Reinado.

ofFlodden foi definitivamente um momento brilhante na vida de Catarina. Ela mostrou que era a filha de sua mãe, em mais de um sentido; e sua filha Maria, mais tarde, seguiu seu exemplo em 1553, quando reuniu-se com seus homens de alto e baixo escalão, quando os recrutou para lutar por ela e por sua coroa que havia sido roubada. Um ano depois, ela faria o mesmo, desta vez, inspecionando suas tropas e proferindo um encorajador discurso montada em seu cavalo branco, antes do confronto com Wyatt e os rebeldes.

E enquanto Catarina teve seu momento ao sol, é importante lembrarmos de James além de sua morte trágica. Ele foi um homem que jogou e perdeu. Mas também foi um bom rei e sob seu reinado, uma série de melhorias foram feitas no reino e em castelos; ele também era um ávido leitor, um patrono de artistas e intelectuais, um músico talentoso e acima de tudo, um especialista em tricô.
Durante sua vida, ele gozava de boas relações com seu país vizinho, pelo seu casamento com a filha mais velha de Henrique VII, porém, após seu cunhado ascender ao trono, as tensões voltaram quando James decidiu apoiar a França e Henrique decidiu ficar ao lado do pai de sua esposa, contra o referido país.
Em última instância, isto seria repetido com seus sucessores, tanto seu filho quanto sua neta, ambos os quais sofreriam derrotas terríveis nas mãos de seus primos Tudor.

FONTES:
Tudors and Other Histories: AQUI.

4 comentários Adicione o seu

  1. Gracias por compartir! 🙂

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